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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

TREINAMENTO MUSCULAR EXCÊNTRICO NA FISIOTERAPIA ESPORTIVA



Nos últimos anos nenhum outro aspecto de carga muscular (tensão específica aplicada à unidade músculo-tendínea) tem sido mais descrito, discutido ou investigado na literatura científica e prática clínica do que o movimento excêntrico.

O termo excêntrico  é definido como sendo “uma carga muscular que envolve a aplicação de uma força externa com aumento de tensão durante o alongamento físico da unidade músculo-tendínea” ou seja (Fortalecer quando o musculo se alonga ou Fortalecer afastando origem da inserção).

A força gerada pelo músculo em contração e a alteração resultante de seu comprimento são dependentes de três fatores: do comprimento inicial; da velocidade com que ocorre a alteração do comprimento; e das cargas externas atuando em oposição ao movimento.

Evidentemente, com o crescente número de pesquisas e trabalhos científicos envolvendo o trabalho muscular excêntrico, alterou-se definitivamente a concepção equivocada e simplista de que a contração muscular excêntrica seria única e meramente o retorno, ou a segunda fase dos movimentos isotônicos.

Quando se leva em consideração a fase excêntrica do movimento, sobretudo aplicada aos programas de treinamento humano (na reabilitação ou não), devem-se avaliar os benefícios, vantagens e principalmente as precauções que são excepcionalmente distintas quando relacionadas à fase concêntrica dos exercícios isotônicos.

O treinamento excêntrico certamente aplica-se de forma bastante eficiente a várias populações, podendo ser útil desde disfunções geriátricas articulares até programas de treinamento atlético de elite.

Os Benefícios do treinamento muscular nos programas de fisioterapia desportiva e do treinamento muscular multimodal durante a reabilitação tem sido amplamente aceito, e a carga excêntrica fornece um elemento especializado durante a reabilitação do atleta lesionado, haja vista que o uso do treinamento excêntrico irá preparar o atleta de forma mais eficiente durante momentos em que uma ação excêntrica for requerida para a prática esportiva eficiente e segura ou mesmo para as demandas funcionais impostas pelo cotidiano.

Portanto, torna-se notório que o condicionamento muscular excêntrico reproduz as exigências biodinâmicas que serão impostas aos atletas ao retornarem à prática desportiva.

Muitas atividades esportivas requerem ação muscular excêntrica de alto nível (em termos de velocidade, repetição e intensidade) tanto para desempenho máximo quanto para proteção das articulações sinoviais e tecidos moles adjacentes.

Outra função extremamente relevante para a Fisioterapia acerca do condicionamento muscular excêntrico reside no fato deste poder atuar de forma preventiva em relação às lesões musculares induzidas pelo  over-training,  ou síndrome do super treinamento em atletas de alto nível. Embora uma simples sessão de exercício excêntrico possa induzir a uma lesão muscular significativa, ela também confere ao músculo uma proteção considerável contra lesões similares resultantes de sessões subsequentes de exercícios de alta intensidade que constituem prática corrente nos programas de treinamento desportivo de alto nível.

As contrações musculares excêntricas, particularmente empregadas na reabilitação de várias lesões relacionadas ao desporto, são fundamentais para desacelerar o movimento de um membro, sobretudo durante as atividades dinâmicas de alta velocidade inevitavelmente requeridas durante a prática esportiva.

Os déficits de força ou a incapacidade dos músculos em tolerar as cargas excêntricas a eles impostas (ressaltando que determinados gestos desportivos podem atingir uma velocidade angular de até 8000º/s – graus por segundo) podem predispor o atleta descondicionado excentricamente a inúmeras lesões. Alguns estudos sugerem que lesões na musculatura dos isquiotibiais, em atletas de corridas de curta distância, estão, dentro de outros fatores, relacionados a pouca força excêntrica dessa musculatura.

Tendo em vista essa problemática, torna-se imperativo que mais pesquisas acerca do Treinamento Excêntrico sejam produzidas e divulgadas nacionalmente tanto pelos fisioterapeutas quanto pelos educadores físicos para que cada vez mais pessoas (atletas profissionais ou não) possam se beneficiar amplamente do treinamento muscular multimodal, criativo e eficiente e que fundamentalmente não negligencie a devida importância que deve ser atribuída à fase excêntrica dos movimentos isodinâmicos durante o processo de reabilitacão e de preparação física funcional do atleta, levando a um retorno mais seguro e precoce à sua prática desportiva.



Hino, AAF; Reis, RS; Rodriguez-Añez, CR; Fermino, RC. Rev. bras. med. esporte;15(1):36-39, jan.-fev. 2009. tab.


Postado por: Dr. Rogerio Nascimento.

sábado, 14 de julho de 2012

REABILITAÇÃO: MECANOTERAPIA E FORTALECIMENTO MUSCULAR





O exercício resistido, exercício ativo no qual uma contração muscular dinâmica ou estática é resistida por força externa, aplicada mecânica ou manualmente, é um quesito imprescindível num programa de reabilitação, para se promover a saúde e o bem-estar físico e prevenir o risco de lesões. Ele restaura, melhora ou mantém a força, a potência e a resistência muscular a fadiga entre outros efeitos. As contra-indicações a este tipo de exercício são: doença cardiopulmonar grave, inflamação e dor; e as precauções são com cardiopatias (evitar manobra de Valsalva), fadiga (principalmente em portadores de câncer), treinamento excessivo, dor muscular induzida por exercício e fratura patológica.

Os exercícios resistidos mecanicamente constituem um estímulo à recuperação do indivíduo, pois permitem o estabelecimento de um valor inicial a partir da capacidade funcional do indivíduo, a quantidade de resistência pode ser mensurada quantitativamente, progredindo os protocolos de tratamento para as fases intermediária e avançada da reabilitação. Dessa forma, é possível fazer a documentação dos avanços e usá-la como instrumento de motivação quantitativa. Além disso, muitas variáveis como intensidade, carga, tempo e frequência podem ser acrescentadas ao programa.

Em contrapartida, esses exercícios são impróprios para membros muito fracos e sobrecarregam o músculo em apenas um ponto da amplitude do movimento, quando executado em uma única posição. Portanto, devem ser realizados isometricamente em vários ângulos ou isotonicamente.

·      Treino de flexibilidade

A flexibilidade refere-se à amplitude de movimento (ADM) disponível para uma ou mais articulações. Sua importância no embasamento da criação de um plano de fortalecimento muscular é devido ao papel que desempenha na prevenção de lesões. A ADM ao redor de uma articulação é específica, portanto a flexibilidade varia de acordo com a necessidade de cada indivíduo (atividades de vida diária AVDs e esportes praticados), idade e sexo (sendo as mulheres mais flexíveis do que os homens). Antes realizar exercícios resistidos deve-se realizar exercícios de aquecimento e após deve-se realizar o alongamento muscular com o intuito de diminuir a dor muscular tardia, evitar lesões, funcionar como relaxante e, principalmente, produzir uma maior tensão no momento da contração (relação entre comprimento e tensão).

·      Treino de força

Dispositivos mecânicos representam um relevante papel no ganho de força muscular. Como consequência a este tipo de treinamento, alterações fisiológicas irão ocorrer; as primeiras são alterações agudas (aprendizado psicomotor) e, posteriormente, alterações crônicas (hipertrofia muscular), que variam de acordo com a predisponibilidade genética (tipo de fibra predominante) e com o sexo, que está relacionada ao fato de os homens possuírem níveis séricos de testosterona maiores que as mulheres.

O treino de força induz alterações no sistema nervo central, o qual pode aumentar o número de unidades motoras recrutadas, alterar a frequência de disparo dos motoneurônios, melhorar a sincronia da unidade motora durante determinado padrão de movimento e reduzir ou cancelar gradativamente os impulsos inibitórios permitindo que o músculo atinja níveis mais elevados de força, que geralmente acontecem na segunda ou terceira semana, para a partir da sexta semana acontecer hipertrofia muscular.

Comparando-se a mecanoterapia com a eletroestimulação, verifica-se que a primeira oferece uma maior vantagem no plano de treinamento de força, já que proporciona ao paciente um aprendizado psicomotor, recrutamento assincrônico das unidades motoras, estimula os órgãos tendinosos de Golgi para proteger o músculo e diminui o risco de lesão, enquanto que na última isso não acontece.

·      Variáveis de um programa de exercício

A unidade de mensuração para o número de repetições é o RM (repetição máxima). O American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda que o treino contra resistência tenha pelo menos uma série de oito a dez exercícios para os principais grupamentos musculares, e cada exercício deve ser feito com 8 a 12 repetições. Intimamente ligado ao número de repetições está a carga; DeLorm usava 10RM, que é a maior quantidade de peso que uma pessoa pode levantar dez vezes. São também utilizadas fórmula do máximo previsto e a porcentagem de 1RM, porém esta última expõe o paciente a uma descarga máxima de sua energia para a realização de uma repetição o que pode levar a possíveis lesões, enquanto a 10RM subdivide a carga a ser levantada em dez repetições. Todavia a medida mais precisa está no uso de dinamômetros isocinéticos.

Há dois fatores relacionados à velocidade. O primeiro refere-se ao princípio da especificidade do treinamento, na qual a velocidade do exercício deve imitar ao da função desejada. O segundo fator é a transferência de treinamento, já que o treino de força em uma determinada velocidade pode proporcionar ganho de força em velocidades de exercícios mais altos e/ou mais baixos. Vale ressaltar a relação entre repetições e velocidade de execução do exercício, ou seja, quando realizado de forma lenta e com menor número de repetições haverá um maior  desenvolvimento de força muscular.

Há uma relação inversa entre a carga/repetição do treinamento e o número de séries. Assim conforme o treino aumenta, o número de séries deve diminuir. Para o ganho de força e resistência as séries múltiplas são mais eficientes que as séries únicas para iniciantes. Para força deve ser feito um menor número de séries, já para resistência muscular à fadiga o número de séries é maior.

Os intervalos podem ser curtos (menor que 1 minuto), indicados para o treinamento de resistência muscular, todavia, resultam em altas concentrações de lactato sanguíneo; médios (são de 1 a 3 minutos), direcionados para o ganho de massa muscular e longos (maiores que 3 minutos), indicados para desenvolver força e potência máxima. Quanto a frequências, para os iniciantes, são indicadas duas ou três sessões semanais no intervalo de 24 horas.

·      Formas de treinamento

Para promover ganho de força muscular podem ser usadas as contrações isométrica e isotônica. A contração isométrica é utilizada nos estágios iniciais da reabilitação, usando uma carga de exercícios de 60% a 80% da capacidade de desenvolvimento de força do músculo. O maior empecilho ao treinamento isométrico é a sua fraca transferência para o cotidiano, visto que a maioria das AVDs envolvem contrações excêntricas e concêntricas.

A contração isotônica pode ser dividida em concêntrica e excêntrica. Há evidências de que os ganhos de força adaptativos, após um programa de exercícios, pareçam similares, embora uma contração concêntrica máxima produza menos força que uma contração excêntrica. Foi observando ainda que um número maior de unidades motoras precisa ser recrutado para controlar a mesma carga concêntrica do que excentricamente.

Vale destacar também, que os exercícios dinâmicos podem ser realizados contra uma resistência constante ou variável, dependendo das necessidades do paciente. Os procedimentos de treinamento isométricos e isotônicos produzem melhorias substanciais na força, porém os métodos isotônicos oferecem resultados discretamente superiores em termos de força muscular, endurance local e hipertrofia muscular.

·      Considerações

Os estudos sobre o tratamento e a reabilitação da força muscular por meio de recursos mecânicos são fragmentados e escassos, com poucas associações entre os aparelhos e os seus respectivos aspectos fisiológicos e biomecânicos, o que dificulta o planejamento e periodização dos exercícios terapêuticos. Entretanto, ao consultar as referências existentes, observa-se que a periodização dos exercícios em quaisquer recursos mecânicos são parecidos, diferenciando apenas pelo objetivo terapêutico almejado.

A realização de estudos clínicos de mecanoterapia aliados ao conhecimento da fisiologia e biomecânica poderia transportar a fisioterapia do plano empírico para um de maior reconhecimento científico, principalmente por fornecer medidas quantificáveis de seus parâmetros e, consequentemente, facilitando a escolha dos recursos mais versáteis ao treino muscular.



Lima PT; Ribeiro IA; Coimbra LCM; Santos MR; Andrade EN. PHYSIOTERAPEUTIC MECHANICAL DEVICES AND ENRACEMENT OF MUSCULAR FORCES: A SAFE BASEMENT FOR AN EFFICIENT TREATMENT. Rev. Saúde C. om 2006; 2(2): 143-152.


Postado por: Dr. Rogerio Nascimento

terça-feira, 22 de março de 2011

TENDINITE, TENDINOPATIA E TENDINOSE

Tendinopatia (doença do tendão), e este é o conceito mais atual: as inflamações nos tendões (tendinites) são somente uma das causas de dor nesta estrutura, e muitos outros diagnósticos podem afetar os tendões, causando não somente inflamação, mas também degeneração (tendinose).


Tendões são estruturas que unem os músculos aos ossos, e nos esportes são frequentemente sobrecarregados devido à repetição de movimentos.

A tendinite é uma inflamação no tendão, geralmente manifestada somente pela presença de líquido no peritendão, que é uma membrana que reveste os tendões. A tendinose, termo mais correto para falar da lesão crônica, é um processo degenerativo, onde geralmente o tendão já mudou a sua estrutura molecular e pode até mesmo estar com micro-rupturas no seu interior. É por isso que muitas tendinopatias não melhoram com uso de anti-inflamatórios e técnicas de fisioterapia para combater a inflamação.

O tratamento da tendinite visa sarar a lesão do tendão lesionado. O primeiro passo do tratamento, é reduzir a dor e inflamação com descanso, compressão, elevação e antiinflamatórios. A Crioterapia (tratamento com gelo) também pode ser usada em lesões agudas. Quando a Crioterapia é necessária, uma bolsa de gelo pode ser aplicada na área afetada por 20 minutos a cada 3 horas por 3-5 dias. Atividade envolvendo a articulação afetada também deve ser restringida para encorajar a recuperação e prevenir mais lesões.

O fisioterapeuta pode usar a laserterapia, ultra-som, TENS dentre outros, buscando efeitos Analgésicos, antiinflamatórios e cicatrização. Alongamentos suaves e exercícios de fortalecimento são adicionados gradualmente. Massagem do tecido mole também pode ajudar.

Se não houver melhora, o médico pode injetar medicamento corticóide na área ao redor do tendão inflamado. Embora essas injeções sejam comuns no tratamento, elas devem ser usadas com cautela.

Se o tendão for rompido completamente, cirurgia pode ser necessária para reparar o dano.

As tendinopatias são lesões muito frequentes e na maior parte dos casos muito mal tratadas.

Dr. Rogério Nascimento