Vigorexia
Também conhecida como Dismorfia Muscular e Anorexia Nervosa Reversa, a Vigorexia foi recentemente descrita como uma variação da desordem dismórfica corporal e enquadra-se entre os transtornos dismórficos corporais.
A Dismorfia Muscular envolve uma preocupação de não ser suficientemente forte e musculoso em todas as partes do corpo, ao contrário dos TDC's típicos, que a principal preocupação é com áreas específicas.
Assim como a Ortorexia, quadro no qual o indivíduo se preocupa excessivamente com a pureza dos alimentos consumidos, a Vigorexia ainda não foi reconhecida como doença.
Os indivíduos acometidos pela Vigorexia frequentemente se descrevem como "fracos e pequenos", quando na verdade apresentam musculatura desenvolvida em níveis acima da média da população masculina, caracterizando uma distorção da imagem corporal. Estes se preocupam de maneira anormal com sua massa muscular, o que pode levar ao excesso de levantamento de peso, prática de dietas hiperprotéicas, hiperglicídicas e hipolipídicas, e uso indiscriminado de suplementos proteicos, além do consumo de esteroides anabolizantes.
Além disto, em relação aos exercícios físicos, observa-se que indivíduos com Vigorexia não praticam atividades aeróbicas, pois temem perder massa muscular. Estas pessoas evitam exposição de seus corpos em público, pois sentem vergonha, e utilizam diversas camadas de roupa, mesmo no calor, com intuito de evitar esta exposição.
Influência
A sociedade atual vem produzindo a manifestação do que é estético e, principalmente, do que deve ser almejado, exibindo um padrão extremamente rígido quanto ao corpo ideal e não se dá conta da produção de um sintoma coletivo que circula por todos os ambientes. Assuntos relacionados à dietas, aparência física, cirurgias plásticas e a prática de exercícios físicos estão em toda parte: no trabalho, na escola e em festas.
Na atualidade, observa-se que o indivíduo só é aceito em sociedade ao estar de acordo com os padrões do grupo. Logo, pessoas não atraentes são discriminadas e não recebem tanto suporte em seu desenvolvimento quanto os sujeitos reconhecidos como atraentes, chegando mesmo a ser rejeitada. Isto pode dificultar o desenvolvimento de habilidades sociais e da auto estima.
Grupos de Risco
A prevalência da Vigorexia afeta com maior frequência homens entre 18 e 35 anos, mas pode também ser observada em mulheres, sendo expressa por fatores socioeconômicos, emocionais, fisiológicos, cognitivos e comportamentais. O nível sócio econômico destes pacientes é variado, mas geralmente é mais frequente na classe média baixa.
A prática de atividade física contínua característica desta desordem pode ser comparada a um fanatismo religioso, colocando à prova constantemente a forma física do indivíduo, que não se importa com as consequências que podem ocorrer em seu organismo.
Falhas nos corpos destes indivíduos que, normalmente, passariam despercebidas para outros, são reais para estes pacientes, conduzindo os mesmos à depressão ou ansiedade, problemas no trabalho e relações sociais. Como resultado, correm o risco de perder o emprego e apresentar problemas de relacionamento.
Fatores cognitivos, comportamentais, o ambiente que o indivíduo se encontra, o estado emocional e psicológico, podem determinar o surgimento do quadro de Vigorexia, frequentadores assíduos de academia que realizam exercício físico em excesso na busca de um corpo perfeito, fazem parte do grupo de pessoas que sofrem de Vigorexia. Essas pessoas se tornam perfeccionistas consigo mesmas e obsessivas pelo exercício, passando horas dentro das academias. Estes complexos podem ser agravados pela busca inconstante da beleza física, acompanhadas de ansiedade, depressão, fobias, atitudes compulsivas e repetitivas - como olhadas seguidas no espelho.
Alguns estudos mostrou que indivíduos que utilizam esteroides anabolizantes diferem pouco dos que não utilizam em relação à auto estima, imagem corporal e comportamentos alimentares, porém apresentam mais sintomas relacionados à Dismorfia Muscular, também constataram que os que usam anabolizantes há um longo período apresentam significativas diferenças em relação aos não usuários em se tratando de sintomas da Vigorexia.
Os treinadores normalmente expressam preocupações sobre alguns de seus atletas, principalmente em relação àqueles que necessitam de baixo peso corporal como corredoras, ginastas, lutadores e atletas do peso leve.
No fisiculturismo as categorias são divididas por peso corporal, levando estes atletas a utilizar diversos recursos para a manutenção ou redução de seu peso. Além disto, participantes desta modalidade esportiva são julgados por sua aparência e não por sua performance.
Com o objetivo de atingir a forma física adequada ao esporte, fisiculturistas manipulam a ingestão calórica, a quantidade de sal da dieta e em alguns casos, utilizam medicamentos diuréticos ou até mesmo suspendem a ingestão hídrica pré-competição. O uso de suplementos alimentares e agentes ergogênicos, incluindo esteroides anabolizantes, é comum no treinamento tanto de fisiculturistas quanto de levantadores de peso. Porém, é importante salientar que tais recursos devem ser utilizados com cautela e recomendados por um profissional especializado, já que podem acarretar diversos danos à saúde do atleta.
Vigorexia e uso de esteroides anabolizantes
O primeiro registro do uso de esteroides anabolizantes foi durante a Segunda Guerra Mundial, por tropas alemãs, para aumentar sua agressividade e força. Em 1954, iniciou-se a utilização destas substâncias em atletas russos de ambos os sexos. O risco de abuso de esteroides anabolizantes, utilizados na tentativa de melhorar o rendimento físico e incrementar o volume dos músculos, por indivíduos portadores de Vigorexia é alto.
Esteroides anabolizantes são derivados sintéticos do hormônio masculino testosterona que podem exercer forte influência sobre o corpo humano e melhorar a performance de atletas. Seu uso está associado a uma série de problemas tanto físicos quanto psiquiátricos.
A ingestão abusiva de anabolizantes pode trazer prejuízos à massa muscular em longo prazo e os estimulantes utilizados incluem vários tipos de drogas que aumentam a atividade orgânica principalmente por seus efeitos no sistema nervoso central, músculo liso e esquelético. A liberação do hormônio endorfina pode inibir a sensação de dor, cansaço extremo causado pelo exercício intenso e prolongado, podendo levar a uma dependência, pois quanto mais exercícios esses indivíduos realizam, maior a quantidade de endorfina liberada na corrente sanguínea aumentando a sensação de prazer. A consequência é que cada vez realizam mais exercício para busca do bem estar.
Além do uso de esteroides, outras consequências podem ser vistas neste transtorno. A utilização excessiva de pesos durante os exercícios sobrecarrega os ossos, tendões, músculos e articulações, principalmente dos membros inferiores.
Alterações no consumo alimentar
Desde os primeiros Jogos Olímpicos na Grécia Antiga, os quais representaram o berço da busca de relações entre nutrição e desempenho físico, os treinadores e atletas buscam estratégias alimentares capazes de melhorar o desempenho e aumentar o rendimento físico.
Apesar do crescente interesse na área nutrição esportiva, ainda existe um extremo grau de desinformação, tanto dos desportistas e atletas quanto de seus treinadores, que normalmente prescrevem e assumem responsabilidades dietéticas.
Devido ao desconhecimento em relação à dieta e às especificidades que a prática esportiva impõe, alguns atletas comprometem a própria saúde e esforçam-se para alcançar ou manter uma meta inadequada de peso corpóreo, com o mínimo de percentual de gordura corporal.
A dieta inadequada (rica em carboidratos e proteínas) e o consumo exacerbado de suplementos proteicos podem ocasionar muitos transtornos metabólicos aos indivíduos com Vigorexia, afetando especialmente os rins, a taxa de glicemia e o colesterol do indivíduo.
Tratamento
Não há descrição do tratamento para a Vigorexia, em sua maior parte, práticas são "emprestadas" do tratamento de quadro correlatos e não devem ser entendidas como definitivas. Os indivíduos com Vigorexia dificilmente procuram tratamento, pois através dos métodos propostos geralmente acarretarão perda da massa muscular. Caso o indivíduo faça uso de esteroides anabolizantes, sua interrupção deve ser sugerida imediatamente.
No tratamento psicológico incluem a identificação de padrões distorcidos de percepção da imagem corporal, identificação de aspectos positivos da aparência física, deve-se abordar e encorajar atitudes mais sadias, e enfrentar a aversão de expor o corpo.
Postado por: Carolina Barsotti
Referencias Bibliográficas: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1981-91452008000100003&script=sci_arttext
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