A primeira evidencia do importante papel dos ácidos graxos poliinsaturados Omega-3 (ω3) na inflamação foi derivada de observações epidemiológicas da baixa incidência de doenças auto-imunes e inflamatórias como asma, psoríase e diabetes tipo 1, bem como a completa ausência de esclerose múltipla em uma população de esquimós na Groenlândia. Descobriu-se, que o fator de proteção era promovido pelos ω3 que estão presentes em grande quantidade em alguns peixes de regiões frias, principalmente salmão, atum e truta, muito consumidos pelos esquimós.
Existem três famílias importantes de ácidos graxos comumente consumidos na dieta: ômega 9 (ω9), ômega 6 (ω6) e ômega 3 (ω3) sendo que apenas as duas últimas representam os ácidos graxos essenciais para o organismo. Porém, o corpo humano não os produz, sendo necessário consumi-los através dos alimentos fontes ou através de suplementos. Os lipídeos que pertencem a essas famílias: ácido alfa-linolênico (18:3 ω3), ácido linoléico (18:2 ω6) e ácido oléico (18:1 ω9) usam as dessaturases e uma elongase para sintetizar seus derivados: ácido eicosapentaenóico (EPA) (20:5 ω3), docosahexaenóico (DHA) (C22:6 ω3) ácido araquidônico (AA) (20:4 ω6) e ácido eicosatrienóico (ETA) (20:3 ω9).
Por meio da alimentação, pode-se obter diretamente os ácidos graxos produtores de eicosanóides. O AA pode ser obtido a partir de carnes e gorduras animais em geral, enquanto EPA e DHA são encontrados predominantemente em gordura de peixes (óleo de peixe). Entre os peixes, os de origem marinha, como sardinha, salmão, arenque, truta e bacalhau, geralmente apresentam quantidades maiores de EPA/DHA do que os peixes oriundos de águas continentais.
O ω6, está presente de forma abundante nas sementes de vegetais e nos óleos que elas produzem como o óleo de milho, açafrão, algodão, soja e girassol. O ω3, que também está presente em alguns óleos vegetais, ainda que em menor proporção que o ácido linoléico é encontrado em castanhas, sementes de linhaça, sementes de chia e, como citado, em óleos de peixe. A alimentação da população do ocidente, conhecida como dieta ocidental, é rica em ácido linoléico (ω6). O alto consumo deste ácido graxo implica no aumento da relação ω6:ω3, principalmente quando a ingestão de peixe ou de óleo de peixe é baixa. Segundo Fürst, entre as civilizações modernas do Ocidente, essas dietas apresentam uma relação ω6:ω3 de 16,7:1. Esse perfil é desfavorável, especialmente nas situações em que existe uma resposta inflamatória exacerbada.
Postado por: Graziela Cervilla Toce
Fonte: CECCONELO, K.B., Efeitos do Ômega-3 nas doenças inflamatórios intestinais: uma revisão da literatura., Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 7, n. 2, p. 98-108, 2014.
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