terça-feira, 2 de abril de 2024

A influência das dietas vegetarianas sobre o desempenho esportivo

                                    

Uma dieta vegetariana equilibrada, além de proporcionar uma oferta nutricional adequada, também promove saúde e previne inúmeras doenças crônicas responsáveis por perda de qualidade de vida e por diminuição da expectativa de vida. Há diferentes definições de dietas vegetarianas, como, por exemplo: a dieta vegana, que não contém nenhum produto de origem animal; a lactoovovegetariana, que inclui produtos lácteos e ovos; e a semivegetariana, que ainda inclui pequenas quantidades ou consumo esporádico de determinados tipos de carne, como peixes e aves. As dietas não vegetarianas, nas quais o consumo de carne é freqüente, são denominadas dietas onívoras.

Necessidades nutricionais:

Vegetarianos ingerem frequentemente grandes quantidades de carboidratos, fibras dietéticas, magnésio, potássio, folato, antioxidantes e fitoquímicos. É necessária maior atenção na dieta desses indivíduos, no que diz respeito à ingestão de cálcio, zinco, ferro e vitamina B12.

De acordo com o posicionamento do American College of Sports Medicine (ACSM), a baixa ingestão energética pode resultar em perda de massa muscular, distúrbios no ciclo menstrual das atletas, perda de massa óssea e aumento do risco de desenvolverem fadiga e lesões. Ainda segundo o ACSM, a ingestão energética de atletas de endurance deve ser de 3 000 a 5 000kcal/dia. Atletas de força usualmente necessitam, minimamente, de 50kcal/kg/dia, que representa 3 500kcal/dia para um indivíduo de 70kg.

Segundo Williams, a deficiência energética não representa grande preocupação para os vegetarianos, mas é necessária atenção especial para que se alcance uma ingestão adequada de energia, caso contrário o desempenho pode ser prejudicado.

Atletas de endurance necessitam de dieta rica em carboidratos para otimizar os estoques de glicogênio muscular e hepático. Para esses indivíduos, a ingestão diária de carboidratos deve ficar na faixa de 500g a 800g (8 a 10g/kg/dia), e representar 60% a 70% da ingestão energética diária total.

Segundo Fogelholm, a exclusão de carne da dieta não prejudica o desempenho em exercícios repetidos de curta duração. Já a redução da ingestão de proteínas e o aumento de carboidratos durante 3 a 5 dias podem resultar em uma melhoria de desempenho em exercício anaeróbico com duração de 2 a 7 minutos.

Quanto à ingestão proteica, vegetarianos normalmente apresentam valores mais baixos, quando comparados a indivíduos não vegetarianos. Além disso, a qualidade das proteínas de origem vegetal é considerada de baixo valor biológico, visto que são incompletas quanto à composição de aminoácidos.

A quota dietética recomendada (RDA) de proteínas é de 0,8g/kg de peso por dia. Sabe-se, porém, que atletas de força e endurance necessitam de uma maior ingestão proteica, quando comparados à população saudável sedentária. É indicado que atletas de força, potência ou velocidade aumentem a ingestão para 1,7 a 1,8g/kg/dia, e atletas de endurance para 1,2 a 1,4g/kg/dia.

Os níveis de creatina intramusculares dos vegetarianos são mais baixos, o que pode afetar o rendimento em exercícios supramáximos. Em contrapartida, a suplementação de creatina monohidratada pode proporcionar maior efeito ergogênico nesses indivíduos.

É de suma importância que uma dieta vegetariana seja bem planejada e acompanhada por um nutricionista, para manter o equilibrio em termos nutricionais.  


https://www.scielo.br/j/rn/a/KS3Vtdkt9bF7kYgfLCWHddC/

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