terça-feira, 1 de outubro de 2024

Disbiose intestinal e suas correlações com candidíase de repetição

 


           
O que é disbiose intestinal ? 

           A disbiose intestinal é uma desarmonia da microbiota que pode afetar o estado de saúde geral do ser humano, incluindo o sistema imunológico e também o urogenital das mulheres. As disbioses podem ocorrer em diversas doenças, dentre as quais podemos destacar as desordens vaginais, como a candidíase vaginal. 

       O intestino humano quando sadio é habitado por milhares de seres microscópicos de seres microscópicos. Ao nascer, o sistema digestivo humano é improdutivo, sendo ocupado aos poucos por determinantes pré-natais, como o modo de parto (especialmente o normal, pelo contato direto com a microbiota fecal da mãe), a dieta, o uso de antibióticos e os microorganismos do sistema digestivo da mãe. Dessa forma, a microbiota humana atinge a sua estrutura adulta ainda na pequena infância, permanecendo imutável por anos, até que alterações no sistema imunológico, como aspectos genéticos, condições ambientais, alimentares, insalubridade e uso de medicações consigam, em alguma etapa da vida, desequilibrá-los. 

Candidíase vulvovaginal e sua relação com a disbiose intestinal. 

             A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção que acomete vulva e vagina, quando o ocorre o crescimento excessivo de Candida, seres microscópicos que coabitam a mucosa vaginal, e transformam-se em patogênicos, quando algumas circunstâncias deixam o ambiente vaginal favorável. 

             A Candidíase Vulvo Vaginal de Repetição (CVVR) é um problema que afeta tanto física quanto psicologicamente milhões de mulheres anualmente, interferindo em suas relações sexuais, afetivas, sociais e também no desempenho do trabalho de grande parte dessa população. Por ser um tema pouco abordado muitas mulheres não conseguem fazer distinção, de que não se trata de uma DST (doença sexualmente transmissível) e sim CV, isso dificulta a busca por tratamento e corrobora com a automedicação.  


Desenvolvimento e contágio da candidíase 

             A candidíase vulvovaginal (CV) é uma infecção fúngica causada por leveduras do fungo de espécie cândida. O gênero de maior evidência dessa espécie é a cândida albicans, um fungo comensal dimórfico com capacidade de se multiplicar dependendo da temperatura e de fatores nutricionais. Representando o agente o mais comum encontrado em grande parte das infecções causadas em indivíduos saudáveis. O fungo cândida albicans faz parte da microbiota e mucosas do trato gastrointestinal, respiratório e genital. 

         Existem diversos fatores de riscos potenciais para o desenvolvimento da (CV) como: fatores comportamentais, hábitos de higiene e vestuário, uso de roupas justas, contraceptivos orais, hiperglicemia, gravidez, diabetes mellitus e algumas deficiências imunológicas. Percebe-se que mulheres portadoras de diabetes mellitus são mais propensas ao surgimento da CV, pois o ambiente em elevados níveis de glicose especialmente a hiperglicemia levam a um ambiente mais propício a desencadear a CV. 

       Uma alimentação desequilibrada , rica em carboidratos refinados, além de causar alterações na microbiota intestinal e impactar negativamente o sistema imunológico, também são utilizados como substrato energético para as leveduras do gênero Candida. 

          Por conta da sua colonização, o tecido epidérmico perianal e o reto apresentam a cândida como primordial fonte de infecção. O contágio a partir do trato digestivo ocorre particularmente pela proximidade entre o ânus e a vagina, sendo capaz de fomentar com aptidão episódios de candidíase vaginal, sendo capaz de torná-las recorrentes. 

Por isso é interessante modular as respostas da microbiota intestinal, afim de preservar a flora bacteriana do local , reduzindo desconfortos e os sintomas da doença, através da alimentação. 

A alimentação na disbiose intestinal 

     Os prebióticos são componentes alimentares não-digeríveis e, portanto, são um exemplo de estimuladores de cultivo benéfico de microorganismos no intestino que fortalecem a barreira epitelial protegendo contra a permeabilidade. A administração experimental de inulina – uma fibra solúvel encontrada em muitas plantas, que nossas bactérias intestinais convertem em ácido graxo de cadeia curta, o qual promove vários benefícios para a saúde. 

       Os probióticos são constituídos de produtos lácteos, fermentados ou não, apresentando em sua composição microrganismos vivos que proporcionam a restauração da harmonia da microbiota intestinal de pessoas que os consomem. Esses microrganismos são geralmente provenientes de uma ou diversas culturas, que são caracterizadas em especial por Lactobacillus, Bifidobacterium, Enterococcus e Streptococcus. 

         A função principal dos probióticos é atuar, no organismo, inibindo principalmente que bactérias patogênicas habitem o intestino, podendo acabar com elas por produção de substâncias bactericidas, disputa por nutrientes ou por aglutinação à mucosa intestinal (Borges, 2001). Os Lactobacillus, agem especificamente por meio da competição com locais de ligação e nutrientes, inibem a proliferação de microrganismos patogênicos e produzem ácidos orgânicos que reduzem o pH intestinal, reduzindo o desenvolvimento de bactérias capazes de causar doenças. 

         Segundo Liang et al. (2018), é possível afirmar que a dieta é um coeficiente muito atuante na microbiota intestinal, e é por isso que uma alimentação pobre em nutrientes traz consideráveis perturbações à microbiota. Visto que dietas pouco saudáveis como a ocidental, rica em alimentos refinados, processados, fabricados pela indústria, ricos em açúcares, aditivos químicos e gorduras em excesso são capazes de devastar a população de bactérias “boas” do intestino. 

        De maneira oposta às dietas pobres em nutrientes, observaram que as dietas saudáveis, como às similares a do Mediterrâneo, que incluem vinagre balsâmico, vinho tinto, legumes, frutas frescas, gorduras saudáveis, especialmente azeite de oliva extravirgem, nozes, sementes, ervas e especiarias, ou seja, composta de alimentos antioxidantes propiciam maior estabilidade e heterogeneidade da flora intestinal, gerando saúde e bem-estar do hospedeiro.

Acompanhamento principal no tratamento da disbiose e candidíase de repetição 

            Devido a estreita relação existente entre a microbiota vaginal e a microbiota intestinal, há que se destacar a possibilidade da associação entre dieta e o risco para desenvolver CV posto que a disbiose intestinal está imensamente associada ao tipo de dieta. 

              A candidíase vulvovaginal pode ter sua origem em outros órgãos e sistemas do corpo. Portanto, realizar avaliação do paciente como um todo, principalmente após várias recidivas, pode ser vital para resolver o problema devido a importante associação do binômio hóspede-hospedeiro para o tratamento da infecção, pois o quadro repetitivo da candidíase se dá pelo desequilíbrio da microbiota do paciente. Sendo assim, a atuação do profissional Nutricionista é de total relevância em conjunto com outros profissionais, visto que adotar uma dieta com boa qualidade nutricional e uma rotina de vida saudável pode auxiliar o corpo a prevenir a CV.

                Cabe aqui salientar que realizar vários tratamentos podem não ser a solução para o problema, visto que podem existir várias outras causas para essa doença, como e Foi possível observar nesta revisão de literatura que é possível reduzir os sintomas das disbioses intestinais e candidíase vulvaginal por meio da adoção de uma dieta equilibrada, com restrição de carboidratos refinados, ultraprocessados e suplementação de probióticos como os Lactobacillus e Bifidobactérias. 

         Conclui-se, portanto, que os probióticos quando administrados em quantidades adequadas, e aliados a um estilo de vida saudável oferecem benefícios à saúde, pois têm a função de melhorar a barreira imunológica do intestino e são coadjuvantes no tratamento da candidíase vaginal e de repetição. 

Por: estagiária Gabriele Ferrari

Referências Bibliográficas: Disbiose intestinal e suas correlações com candidíase de repetição. 

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