quarta-feira, 11 de maio de 2011

A "nova" dieta do paleolítico.


    As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), atualmente, incluindo as doenças cardiovasculares, diabetes melito tipo 2, obesidade, síndrome metabólica e câncer, são causas de morte e morbidade em todo o mundo. Evidências mostram que o estilo de vida e os hábitos alimentares são os principais fatores causais desta epidemia.

    Padrões alimentares têm sido estudados e discutidos com o intuito de promoção da saúde e prevenção de doenças, surgindo então, discussões em torno da dieta do período paleolítico.

    O homem do período paleolítico, denominados homens Cro-Magnon, eram altos e magros e a realizavam atividade física intensa, pois exercitavam-se diariamente para assegurar seus alimentos, água e proteção, sendo pouco provável a presença de obesidade androide e a existências de DCNT. Quanto ao tipo de alimentação eram onívoros (consomem alimentos de origem animal e de origem vegetal). As fontes de proteína da dieta eram carne de herbívoros, mamíferos marítimos, aves e peixes. Estima-se que o consumo diário de carne era em torno de 745g.

    Embora o consumo aumentado de carne em dietas ocidentais tenha sido associado com o aumento do risco cardiovascular, a sociedade dos caçadores era relativamente livre dos sinais e sintomas de doença cardiovascular. Isso provavelmente deve-se ao fato de a carne de animais selvagens possuírem aproximadamente 2 a 4% de gordura por peso e contêm relativamente altos níveis de gordura monoinsaturada e ácidos graxos ômega-3, enquanto as carnes domésticas podem conter de 20-25% de gordura por peso, muito sob a forma de gordura saturada

    As estimativas sugerem que os nossos ancestrais ingeriam entre 21 e 35% das calorias totais da dieta como gordura, entre 35 e 45% como carboidrato e cerca de 30 a 34% como proteína. Os carboidratos de frutas e hortaliças contribuíam com aproximadamente 50% da energia total enquanto hoje essa contribuição é em torno de 16%. Sendo assim o consumo de fibras era alto, chegando a 100g/dia.

    Além das carnes, o homem paleolítico utilizava as nozes como uma fonte de alimento de alta densidade calórica e nutritivo. Esse comportamento alimentar é favorável à saúde, pois o consumo de 5 ou mais porções de nozes por semana está associado com a redução de 50% do risco de infarto do miocárdio.

    Nossos antepassados paleolíticos bebiam quase exclusivamente água, onde a ingestão de 5 ou mais copos de água por dia está associada com um risco mais baixo de doença arterial coronariana. O consumo de açúcares era muito baixo, sendo que o mel contribuía com 2-3% da ingestão energética.

    As mudanças nesse padrão alimentar tiveram inicio a parir do período Neolítico e com a evolução dos períodos as modificações foram constantes. Devido a diminuição de animais pelo aumento da caça, mudanças no clima, crescimento das populações, inicio da criação de animais, agricultura doméstica e mais a frente ainda a industrialização, onde houve aumento a quantidade de gorduras saturadas, de carboidratos complexos e, sobretudo, de açúcares simples, reduzindo o consumo de fibras.

    Estas modificações nutricionais, em conjunto com o sedentarismo e o consumo de álcool, deram origem à obesidade andróide, com todas as suas consequências metabólicas e patológicas, as DCNT.

    O maior desafio da dieta do paleolítico é sua colocação na prática. Na perspectiva da prevenção das doenças crônicas são aspectos positivos dessa dieta: a composição de gordura, a baixa carga glicêmica, o alto conteúdo de fibras, a presença equilibrada da maioria dos micronutrientes. Isto tudo ajustado à atividade física mais vigorosa poderia promover no homem moderno um equilíbrio conducente à saúde.
 
Postado por: Barbara Bernardes e Débora Soares

Referência Bibliográfica:

SABRY, M. O. D. et al. Paleolithic diet in the prevention of chronic diseases. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 1, p. 111-127, abr. 2010.




Um comentário:

  1. Interessante a ideia da dieta Primitiva !

    Apesar da modernidade de hoje e das facilidades que temos , podemos comer facilmente alimentos primitivos , cozendo pouco estes, apenas o suficiente para ficar aceitável ao paladar.
    evitar ao máximo os alimentos processados e industrializados.
    A dieta primitiva , baseada em alimentos organicos naturais nao processados , ricos em minerais e antioxidantes e proteínas animais de alto valor biológico proveniente de carnes selvagens de caças , como no caso os peixes de rios e mares , seria a melhor forma de nos alimentarmos saudavelmente.
    é claro que sem abrir mão dos suplementos nutritivos que a ciencia nutricional nos colocou ao dispor para nosso benefício.

    abs
    LM

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