sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ácido Fólico


O ácido fólico vem sendo estudado na prevenção de doenças, fortificação de alimentos e suplementação medicamentosa.
 Foram selecionados estudos realizados com seres humanos publicados entre 2004 e 2010, estes mostram que o Ácido Fólico presente nos alimentos está sob a forma de poliglutamato, que deve ser convertido em monoglutamato antes de ser absorvido. Por sua vez, ele na forma de suplemento medicamentoso, mais estável,  se encontra na forma de monoglutamato, rapidamente absorvida. Assim, a biodisponibilidade do AF dietético para a absorção intestinal é de 60%, enquanto para o AF dos suplementos ou alimentos enriquecidos é de 98%.Os alimentos ricos em ácido fólico são verduras de folha verde escura, vísceras de animais ,legumes,grãos integrais ,frutos secos e levedura de cerveja.
Estudos revelam que no fígado e não no intestino delgado que se encontra os primeiros sítios de absorção do AF , considerando-se que o fígado teria uma fraca capacidade de promover a redução do AF, como consequência teríamos importantes implicações quanto ao uso de suplementos e alimentos fortificados com essa vitamina, resultando em um aumento do AF não metabolizado na circulação sistêmica, o que pode acelerar o declínio cognitivo em idosos, maior probabilidade de complicações gestacionais, diferentes casos de cânceres e doenças cardiovasculares. Assim sendo, tanto a fortificação de alimentos quanto o uso de suplementos com AF seriam benéficos para alguns grupos populacionais e deletérios para outros, como, por exemplo, os idosos, que por apresentarem deficiência de cobala-mina( vitamina B12), poderiam ter um maior comprometimento da função cognitiva .
 O AF e a vitamina B12 desempenham importante papel na manutenção e reparação do tecido ósseo, uma vez que estão envolvidos na síntese de DNA. Ele também parece estimular a atividade dos osteoblastos : células que sintetizam e secretam a matriz orgânica do osso. As baixas concentrações de AF em eritrócitos (hemácias) estão associadas a uma menor densidade mineral óssea .
A deficiência de AF tem sido apontada como fator de risco para o câncer,em especial o colorretal. A essencialidade dessa vitamina na transferência de. A hipometilação do DNA, danos na estrutura do DNA e do processo de reparação do DNA podem ter papel fundamental na carcinogênese.
As alterações no sistema imunológico têm sido associadas com o desenvolvimento, progressão e reincidência de cânceres. As células natural killer são capazes de destruir células infectadas por patogenos como vírus e tumor. A carência grave do AF está associada com o declínio da atividade  desses natural killers e sua carência predispõe os tecidos normais à transformação neoplásica. 
Estudos apontam também para uma possível  influência do AF na redução do peso . Foram acompanhados, durante um ano, 182 pacientes com obesidade grau 3 submetidos a um programa para redução do peso baseado nas mudanças do estilo de vida (dieta baseada no consumo de frutas, hortaliças e grãos integrais e atividade física) e no tratamento farmacológico. Ao final do estudo, 21 pacientes (11,5%) apresentaram uma redução de 10% do peso inicial, atingindo o objetivo do programa. Entre participantes desse estudo, observou-se a associação entre as concentrações  de AF e ferritina ( importante proteína responsável pela reserva de ferro, encontrada em todas as células) com a perda de peso. Além disso, os pacientes que iniciaram o estudo com altas concentrações séricas de AF apresentaram 8,5 vezes mais chances de redução de peso do que aqueles com baixas concentrações. Assim, o AF plasmático pode influenciar  na perda de peso.
Outro estudo  investigaram 67 mulheres com sobrepeso e em idade reprodutiva que foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos. Os grupos foram submetidos à dieta energética; um grupo foi orientado a aumentar a ingestão de frutas e hortaliças e o outro, o consumo de alimentos enriquecidos com AF (cereais matinais). Os dois grupos apresentaram redução de peso, aumento na ingestão de AF dietético, aumento nas concentrações séricas de AF . Contudo, os melhores resultados foram observados no grupo que consumiu cereais matinais.
Pesquisas científicas sugerem que o AF possua importante papel no processo reprodutivo, sendo sua deficiência associada à infertilidade masculina e à feminina,essa relação pode ser explicada por meio do importante papel do AF na síntese e metilação de DNA
A suplementação com AF parece aumentar a contagem de espermatozóides em homens com problemas de fertilidade. Contudo, a suplementação conjunta com zinco parece potencializar o efeito do AF. A participação do zinco no metabolismo do AF explicaria esse resultado. 
Nas mulheres a reservas corporais adequadas do AF no período periconcepcional e nas quarta e oitava semanas gestacionais, período crítico do desenvolvimento embrionário, estão relacionadas com me-nor risco de má formação do sistema nervoso central. A deficiência do AF prejudica a divisão celular e a síntese de DNA, isso resulta em má formação do SNC .
O alcance dos requerimentos do AF por meio da dieta balanceada, sem a inclusão de alimentos fortificados e suplementos, é  dificil, uma vez que ela fornece aproximadamente 0,25mg/dia dessa vitamina, considerando o valor energético total de cerca de 2.200kcal/dia. A dificuldade cresce devido à menor bio-disponibilidade do AF natural dos alimentos e à baixa ingestão dietética de alimentos-fonte dessa vitamina. No Brasil, dados  obtidos da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2002 - 2003) revelaram que a dieta dos brasileiros era rica em açúcares (refrigerantes) e pobre em frutas e hortaliças .
O governo brasileiro até o momento não realizou a avaliação da fortificação das farinhas de trigo e de milho com AF junto às indústrias alimentícias. Deve-se investigar, levando em consideração os hábitos alimentares regionais, o baixo consumo de alimentos fortificados pela população e comparar o consumo do AF antes e após a fortificação obrigatória no Brasil a fim de avaliar sua eficácia na prevenção de má-formação  na gestação e outras doenças.

Postado por Clara Igel
 Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732010000500018&lang=pt

Nenhum comentário:

Postar um comentário