segunda-feira, 13 de maio de 2013

Esteatose Hepática Não-Alcoólica x Alimentação


     Até a década de 1980, acreditava-se que todo fígado com acúmulo de gordura e sinais de inflamação (hepatite) era causado pelo consumo de álcool. Hoje pode parecer surpreendente, mas esse tipo de alteração é tão comum em usuários de álcool que mesmo que o paciente negasse o consumo de bebidas alcoólicas ainda era considerado como se estivesse mentindo. Em 1980, Ludwig e colaboradores descreveram com o nome esteato-hepatite não-alcoólica (nonalcoholoic steatohepatitis, NASH) uma síndrome caracterizada por mulheres obesas e diabéticas que negavam o uso de álcool, mas apresentavam alterações no fígado muito semelhantes a da hepatite alcoólica, com aumento do volume do fígado, alterações em exames laboratoriais e biópsias com macrovesículas de gordura (daí o nome esteatose, que vem de gordura) nos hepatócitos , necrose (morte celular) focal, inflamação e lesões chamadas de corpúsculos de Mallory (achados até então considerados característicos da hepatite alcoólica).

 Chamamos de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA, ou NAFLD, do inglês "nonalcoholic fatty liver disease") o acúmulo de gordura no fígado (esteatose) não relacionada ao uso de álcool. A esteato-hepatite não-alcoólica (EHNA, ou NASH, do inglês "nonalcoholic steatohepatitis") é uma DHGNA onde a presença da esteatose está relacionada a uma inflamação no fígado (hepatite). Assim, a esteatose hepática ("fígado gorduroso") e a EHNA são apresentações diferentes da DHGNA, sendo que a primeira pode evoluir para a segunda. A cirrose de causa indefinida (criptogênica) onde observa-se esteatose, mas não há sinais de EHNA ativa, também está classificada como DHGNA.

O acúmulo de gordura no interior dos hepatócitos é um mecanismo natural, utilizado para estocar energia. A quantidade de energia acumulada na gordura é muito maior que no açúcar ou na proteína, podendo fornecer ao organismo grande quantidade de energia nos momentos de necessidade. O fígado mantém dois grandes estoques de energia: a gordura (especialmente na forma de triglicérides, também chamados de triacilgliceróis) e o glicogênio, que é uma glicose alterada para ser estocada. Quando permanecemos em jejum e o nível de açúcar no sangue diminui, hormônios enviam sinal ao fígado para transformar o glicogênio em glicose e manter o organismo funcionando. Se a falta de comida persistir, a gordura começa a ser utilizada, mas este processo é mais demorado. Além disso, estudos sugerem que as células esteladas do fígado tentam controlar os níveis de colesterol no sangue transportando o excesso de gorduras para dentro do fígado. Os coelhos, por exemplo, que não tem células esteladas, sofrem muito mais com o excesso de colesterol.

Devido à forte associação da doença hepática gordurosa não alcoólica com as comorbidades da síndrome metabólica, os indivíduos afetados têm alto risco de doença cardíaca isquêmica, além de doenças malignas.

O tratamento nutricional consiste no controle de problemas associados como: obesidade, diabetes e hiperlipidemia.

Veja algumas dicas nutricionais:

  •  O carboidrato é o grande vilão da história. dieta rica em carboidratos, por oferecer grande quantidade de energia, permite ao organismo estocar a energia excedente, principalmente na forma de triglicérides (a presença de triglicérides em grande quantidade no organismo não significa necessariamente a ingestão de grande quantidade de gordura, pois mesmo dietas com pouca gordura, em pessoas com distúrbios metabólicos que estimulam a produção de gorduras no organismo, poderão apresentar níveis assustadoramente altos de lipídeos), que são produzidos e acumulados no fígado. Deve-se consumir os alimentos ricos em carboidrato simples (como pães e massas) com moderação.
  • As carnes vermelhas, manteiga, frituras e biscoitos industrializados leva para dentro do organismo um batalhão de gorduras saturada e trans, prejudiciais ao fígado.
  • A aveia, o farelo de trigo, as massas integrais, as frutas e as verduras são exemplos de fontes de antioxidantes, que são substâncias que se revelam grandes aliadas de um fígado em forma.
  • Os ácidos graxos monoinsaturados e polinsaturados devem ser incluídos na dieta, pois melhoram o perfil lipídico.
  • Os vegetais são os principais reservatórios das substâncias que enfrentam os radicais livres, moléculas que podem prejudicar o fígado.


Postado por: Dayane Oliveira Fiuza

Referências:

www.hepcentro.com.br

Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica e Obesidade. Revista da ABESO. Edição nº 43 - Ano X - Nº 43 - Fev/2010

www.rgnutri.com.br

www.saude.abril.com.br

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