O hábito de tomar chás, muitas vezes enraizado como uma tradição familiar, é frequentemente associado a momentos de relaxamento e até mesmo a soluções para sintomas específicos, como gripes dores ou mesmo para realizar um "detox" no organismo após os exageros no final de semana. No entanto, apesar de parecer uma prática inofensiva, o consumo excessivo de chás à base de ervas e plantas pode resultar em toxicidade, representando sérios riscos à saúde.
Durante períodos de férias e após feriados, é comum a busca por receitas de chás que prometem solucionar diversos problemas, desde ressacas até desintoxicação de órgãos vitais como rins e fígado. No entanto, médicos hepatologistas alertam contra a adoção indiscriminada dessas práticas, ressaltando que não há um limite seguro para o consumo desses chás. A Dra. Carolina Pimentel, especialista em Gastroenterologia e Hepatologia, destaca que alguns tipos de chá podem causar graves intoxicações hepáticas, independentemente da quantidade ingerida, tornando crucial a atenção às limitações individuais e à seleção das ervas.
Desta forma, se faz necessário sempre averiguar a procedência das ervas, são processos desde a seleção, desidratação, embalagem que irão trazer ainda mais segurança de que de fato é o que está sendo ofertado, pois a mistura de componentes ou mesmo processos realizados de forma errada também podem ser prejudiciais à saúde.
A crescente popularidade dos chás medicinais está relacionada à crença de que produtos naturais são isentos de toxicidade e eficazes no tratamento de diversas doenças. No entanto, a hepatotoxicidade desses produtos é difícil de ser comprovada, pois a automedicação é comum, e os pacientes muitas vezes omitem o uso dessas substâncias aos médicos. O risco aumenta quando compostos combinam várias plantas, há seleção inadequada da porção atóxica ou ocorre contaminação química ou biológica.
O Chá Verde (Camellia sinensis), consumido globalmente como planta medicinal, ilustra os perigos associados ao consumo excessivo. Casos de hepatite hepatocelular foram registrados, destacando a importância da forma de extração e preparação, com a hepatotoxicidade praticamente inexistente quando o chá é preparado tradicionalmente, ao contrário de produtos industrializados.
Em geral, várias ervas de uso rotineiro podem causar lesões hepáticas devido ao fígado ser responsável pelo metabolismo e excreção dessas substâncias. As hepatites medicamentosas, muitas vezes assintomáticas, ressaltam a importância do diagnóstico clínico, sendo a suspensão imediata do agente responsável a melhor opção terapêutica.
Portanto, é crucial conscientizar a população sobre os riscos associados ao consumo indiscriminado de chás medicinais, respeitando limites individuais e consultando profissionais de saúde para evitar sérios prejuízos à saúde hepática.
Escrito por: Manoel Queiroz
Saiba mais:
http://saude.piracicaba.sp.gov.br/especialistas-alertam-sobre-consumo-de-chas-e-hidratacao-inadequada-no-inverno/
Bjornsson E, Olsson R. Serious adverse liver reactions associated with herbal weight--loss supplements. J Hepatol. 2007;47:295-7.
Mazzanti G, Menniti-Ippolito F, Moro PA, et al. Hepatotoxicity from green tea: a review of the literature and two unpublished cases. Eur J Clin Pharmacol. 2009;65:331-41
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