quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Hábitos Alimentares, Atividade Física e Estado Nutricional em Doentes com Depressão

Depressão e hábitos alimentares
A depressão é uma doença que afeta cerca de 5 a 10% da população mundial e que acarreta um alto preço social. Esta doença encaixa-se na categoria dos distúrbios do humor e é influenciada tanto por fatores biológicos como ambientais.
A depressão encontra-se ainda fortemente associada com a ansiedade e o stress. Por sua vez, vários estudos evidenciaram que a depressão, o stress e ansiedade estão diretamente relacionados com modificações do apetite e que estes condicionam as preferências alimentares, o que futuramente pode vir a refletir no estado nutricional dos indivíduos.
As modificações do apetite associadas à depressão podem manifestar-se tanto como aumento, como com diminuição do apetite. A modificação do humor e o stress nos indivíduos deprimidos podem influenciar não só a quantidade de alimentos, mas também o tipo de alimentos que eles preferem.
Vários estudos relataram que a obesidade e a depressão são duas patologias que têm uma grande probabilidade de estarem relacionadas e de ocorrerem em simultânea. A gravidade da depressão e fatores mediadores, como a alimentação, o stress, doenças do comportamento alimentar podem explicar a relação destas duas patologias.
A depressão parece, no entanto, ser mais freqüentemente o fato causal da obesidade e não o inverso, pois estudos prospectivos demonstraram que a presença de depressão clínica predispõe ao desenvolvimento de obesidade. Logo, indivíduos que apresentam as duas patologias deverão muito provavelmente ter desenvolvido a depressão em primeiro lugar. Estudos comprovam que indivíduos que na sua infância e adolescência sofriam de depressão apresentaram maior IMC na idade adulta do que outros que não tinham desenvolvido depressão.
Um estudo, que procurou descobrir se os sintomas depressivos em indivíduos com excesso de peso ou obesidade estavam relacionados com o desenvolvimento de certas patologias alimentares, notou que os participantes com depressão tinham mais preocupações com a alimentação e restringiam mais a alimentação, mas no entanto tinham maior IMC que os participantes não deprimidos. Além disso, no grupo dos deprimidos foram mais os participantes que relataram binge eating do que no grupo dos não deprimidos. O binge eating e uma doença do comportamento alimentar definida por “episódios recorrentes de sobre alimentação associados com indicadores subjetivos e comportamentais de dificuldades de autocontrole, e uma grande angústia, sem presença de comportamentos compensatórios”.
Nos estudos sobre o stress e a sua relação com as alterações na dieta descobriu-se que os períodos de maior stress estão associados com maior ingestão de gorduras e calorias, ou com maior ingestão de gorduras, açúcares e conseqüentemente maior ingestão total de calorias, em indivíduos que normalmente restringiam a sua alimentação.
As alterações na ingestão de diversas categorias de alimentos durante o stress, mau humor, ansiedade e depressão revelaram um padrão, independentemente da quantidade que os indivíduos comiam quando estressados ou deprimidos. Isto é, os doces e chocolates foram referidos como alimentos mais consumidos por todos os grupos quando estes estavam sob stress, até pelos que tinham uma menor ingestão total; de modo
inverso, a ingestão de frutas, legumes, carne e peixe, foram referidos como alimentos ingeridos em menor ou igual quantidade por todos os grupos.

Depressão e atividade física  
O conceito de saúde hoje aceite fala-nos de um completo bem-estar físico, mental e social, afastando a velha teoria: Saúde é a ausência de doença.
Considera-se exercício físico como qualquer atividade que envolve esforço físico, que seja planeada, estruturada e repetitiva, cuja finalidade se centre na manutenção da saúde e na melhora da aptidão física.
A prática de exercício físico tem vindo a ser incluída em programas de Promoção da Saúde, porém vários estudos têm vindo a realçar a importância da mesma também na reabilitação de patologias que atualmente contribuem para o aumento da mobilidade e mortalidade da população mundial.
No âmbito psicológico, a prática regular de exercício físico é benéfica para a
preservação da função cognitiva, na melhoria de sintomas depressivos e
comportamento, bem como no controlo pessoal e auto-eficácia. Estas melhorias a nível psicológico devem-se à libertação de b-endorfina e dopamina durante a prática de exercício físico, cuja libertação regular se traduz num efeito tranqüilizante e analgésico.
Para além, de ter um efeito benéfico a nível biológico e psicológico, a prática de
exercício físico resulta na melhoria de relacionamentos interpessoais e na estimulação da superação de desafios, isto é, atual a nível social.

Bruna Sousa Albino

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