O envelhecimento é um processo fisiológico natural que pode ser desenrolado de diversas formas em função da genética do indivíduo e do estilo de vida ao qual a pessoa se expôs durante a vida. Nas três últimas décadas observou-se um aumento de 85,5% de pessoas com a idade de 65 anos ou mais e de 225% na população de 85 anos ou mais isso devido, principalmente, aos avanços da medicina e às alterações no estilo de vida dos indivíduos.
A nutrição e a saúde bucal são dois fatores que se complementam. Um afeta diretamente o outro. Da mesma forma que a falta de dentes irá levar a uma mastigação comprometida e muitas vezes com declínio da qualidade nutricional, esse declínio nutricional irá levar a problemas bucais e à perda de mais dentes, formando assim um círculo vicioso e altamente prejudicial à saúde geral do idoso. Dessa forma, é importante observar e identificar possíveis carências alimentares que possam trazer problemas bucais, evitando-se a perda de dentes; assim como orientar os pacientes sobre a importância de se adaptarem a uma dieta adequada, que seja possível de acordo com sua condição bucal e capacidade mastigatória. A função mastigatória pode ser restaurada por terapia protética adequada, que resulta em aumento na atividade dos músculos mastigatórios durante a mastigação, reduzindo-se o tempo e o número de movimentos até a deglutição. Dentre os problemas bucais mais comuns que podem ser agravados pela má alimentação, estão as cáries, a doença periodontal, a perda de dentes e a perda da integridade da mucosa. As cáries são agravadas, sobretudo devido à dieta cariogênica (rica em açúcar) e à xerostomia, ocasionada em grande parte pelas avitaminoses.
Necessidades nutricionais do idoso
A avaliação do estado nutricional do idoso é considerada complexa em razão da influência de uma série de fatores que necessitam ser investigados detalhadamente, visando diagnóstico nutricional acurado, que possibilite intervenção nutricional adequada. Alterações fisiológicas, processos patológicos crônicos e situações individuais que ocorrem com o envelhecimento, geralmente interferem no estado nutricional do indivíduo. Dessa forma as necessidades nutricionais do idoso devem ser particularizadas para cada caso, de acordo com as experiências de cada um. Dependem de diversos fatores como o estado geral de saúde, os níveis de atividade física, as alterações na capacidade de mastigação, a capacidade digestiva e absorção de nutrientes, a eficiência metabólica, as alterações no sistema endócrino, o estado emocional e a biodisponibilidade dos nutrientes.
A má nutrição que ocorre no idoso pode ser devida às alterações fisiológicas do envelhecimento, às condições sócio-econômicas, às doenças e à interação entre nutrientes e medicamento
De uma forma geral, as necessidades energéticas do indivíduo idoso são menores que as dos indivíduos jovens. Isso é devido à diminuição da taxa metabólica basal, que em parte pode ser explicada pela alteração da composição corporal do idoso, com redução da massa muscular e aumento da massa gordurosa. Acredita-se que 30 kcal/kg/dia sejam suficientes para a manutenção dos gastos calóricos da pessoa idosa em atividade regular. Porém, em situações em que ocorre trauma orgânico (cirurgias, infecções, politraumatismos, etc.) podem aumentar as necessidades de um nutriente específico na razão de 1,5 a 3 vezes o basal.
Recomendações Nutricionais
Carboidratos
Com relação ao consumo de carboidratos, a indicação para pacientes idosos, de uma forma geral, é que estes componham 60% das necessidades diárias de energia. Porém a qualidade desses carboidratos deve ser acompanhada de perto: deve-se priorizar o consumo de carboidratos complexos e fibras para a prevenção e controle de doenças cardiovasculares, constipação intestinal, câncer do cólon e diabete mellitus e diminuir o uso de açúcar (sacarose), evitando problemas decorrentes da redução da tolerância à glicose.
Lipídeos
A recomendação diária para os lipídeos é de 25% das necessidades energéticas. Deve-se controlar o consumo exagerado dessas substâncias devido a sua alta correlação com desordens cardiovasculares e câncer. A ingestão de gordura torna a dieta mais palatável, o que serve para diminuir a anorexia.
Proteína
A ingestão recomendada de proteína deve ser 15% das necessidades calóricas e é semelhante à recomendada ao jovem adulto: 0.8 g/kg/d. De maneira análoga à energia, situações clínicas como o trauma e doenças, em geral, podem estar associadas a uma maior necessidade protéica. Já que não há evidências de que o envelhecimento altera as necessidades protéicas.
Ingestão hídrica
A mínima ingestão diária de água para indivíduos idosos deve ser de 30 ml por kg de peso corporal. Essa dose diária é importante para evitar a desidratação, situação muito comum entre os idosos. A desidratação leva à desarmonia do funcionamento do organismo, além de intensificar a hipertensão, elevar a temperatura corporal, aumentar a susceptibilidade a constipações, provocar náuseas, secura das mucosas, diminuição na excreção da urina e ainda levar à confusão mental.
Recomendações de Micronutrientes
Fonte: Dietary Allowances Commission and Food and Nutrition Board:Recommenced dietary allowances, 9 th ed. National Academy of Sciences, National Research Council. National Academy Press, Washington, D.C., 1980
Sabemos que boa parte da qualidade da saúde que teremos na velhice é conseqüência da opção de alimentação que ingerimos por toda vida. Uma alimentação saudável pode levar a uma velhice confortável, com maior capacidade funcional e menor incidência de doenças.
Entende- se que o acompanhamento nutricional, através da identificação de possíveis riscos ou de erros alimentares já instalados e a conseqüente orientação para uma nutrição adequada, adaptada às condições de cada indivíduo idoso, devem ser constantes. Para que a vida longa, desejada por todos, seja prazerosa.
Postado por: Bruno Garbini e Danielle Loverri
Fontes consultadas:
TRAMONTINO V.S., et al. Nutrição para idosos. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. São Paulo. 2009.
MARCHIN .J.S.; et al. Suporte nutricional no paciente idoso:definição, diagnóstico, avaliação e intervenção. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: nutrição clínica 31: 54-61, jan./mar. Ribeirão Preto. 1998.
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