quarta-feira, 6 de junho de 2012

Os enigmas do café


           

          O café é a bebida mais consumida no Brasil e no mundo ocidental. O fato de ser uma bebida tão popular, explica o interesse por estudos sobre as substâncias presentes e a relação de muitas delas com a saúde.

         Existem diferentes maneiras de se preparar a bebida café, que variam conforme a tradição de cada país. No Brasil, as formas de preparo mais comuns são: café fervido ou estilo escandinavo (sem filtração do pó), filtrado (filtro de papel), café à brasileira (filtro de pano) e café expresso, além do uso do café instantâneo ou solúvel.

         Estudos investigam que os compostos encontrados no café, como a cafeína e os diterpenos cafestol e kahweol estão relacionados com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), inflamação endotelial, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Doença Arterial Coronariana (DAC), arritmias cardíacas, acidente vascular cerebral e dislipidemias. Algumas dessas relações estão listadas abaixo:


Café e hipertensão arterial
         A cafeína é a substância do café mais estreitamente relacionada com a Pressão Arterial (PA). No sistema cardiovascular, ela produz aumento agudo do débito cardíaco, vasoconstrição e aumento da resistência vascular periférica. Contrariamente a estes efeitos indesejáveis, alguns estudos têm demonstrado atividade antioxidante da cafeína o que a tornaria um protetor em potencial contra os efeitos citados no sistema cardiovascular.

Café e dislipidemias
         Os diterpenos cafestol e kahweol, por sua vez, apresentam potenciais efeitos no aumento dos lipídeos, especialmente sobre a elevação do colesterol no sangue. O teor de cafestol e kahweol na bebida varia em função do modo de preparo, ou seja, da técnica culinária de preparação da bebida. O café turco e o fervido, por exemplo, contêm níveis relativamente altos, enquanto o filtrado e o instantâneo contêm níveis baixos.

Efeito protetor dos antioxidantes do café
         O café ainda é uma importante fonte de ácidos fenólicos e outros compostos responsáveis pelo aroma, que tornam a bebida uma das maiores fontes de antioxidantes da dieta. E, além disso, a cafeína e os diterpenos também possuem reconhecida atividade antioxidante, que fazem com que os resultados dos estudos com a bebida sejam conflitantes devido à presença dessas substâncias com efeitos contrários, ou seja, ao mesmo tempo que antioxidantes, também tem potencial para a elevação do colesterol e para o aumento agudo da pressão arterial sistêmica.

         Portanto, apesar da dificuldade em se estabelecer uma associação mais conclusiva entre consumo de café e doenças cardiovasculares, provavelmente em função desses efeitos contraditórios, das diferentes formas de preparo da bebida e da quantidade consumida diariamente, o consumo moderado pode até mesmo ser recomendável, em virtude de um efeito inócuo ou modesto sobre o risco cardiovascular, senão protetor, traduzindo-se em uma prática benéfica para a saúde humana.

Postado por Letícia Andrade e Vivian Giubine

Referências

LIMA, F. A et al. Café e saúde humana: um enfoque nas substâncias presentes na bebida relacionadas às doenças cardiovasculares. Rev. Nutr., Campinas, v. 23,n. 6, p.1063-1073, nov/dez, 2010



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