O café
é a bebida mais consumida no Brasil e no mundo ocidental. O fato de ser uma
bebida tão popular, explica o interesse por estudos sobre as substâncias presentes
e a relação de muitas delas com a saúde.
Existem diferentes maneiras de se
preparar a bebida café, que variam conforme a tradição de cada país. No Brasil,
as formas de preparo mais comuns são: café fervido ou estilo escandinavo (sem
filtração do pó), filtrado (filtro de papel), café à brasileira (filtro de pano)
e café expresso, além do uso do café instantâneo ou solúvel.
Estudos investigam que os compostos
encontrados no café, como a cafeína e os diterpenos cafestol e
kahweol estão relacionados com Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS), inflamação endotelial, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM),
Doença Arterial Coronariana (DAC), arritmias cardíacas, acidente vascular
cerebral e dislipidemias. Algumas dessas relações estão listadas abaixo:
Café
e hipertensão arterial
A cafeína é a substância do café mais
estreitamente relacionada com a Pressão Arterial (PA). No sistema
cardiovascular, ela produz aumento agudo do débito cardíaco, vasoconstrição e
aumento da resistência vascular periférica. Contrariamente a estes efeitos
indesejáveis, alguns estudos têm demonstrado atividade antioxidante da cafeína
o que a tornaria um protetor em potencial contra os efeitos citados no sistema
cardiovascular.
Café
e dislipidemias
Os diterpenos cafestol e kahweol,
por sua vez, apresentam potenciais efeitos no aumento dos lipídeos,
especialmente sobre a elevação do colesterol no sangue. O teor de cafestol e kahweol
na bebida varia em função do modo de preparo,
ou seja, da técnica culinária de preparação da bebida. O café turco e o
fervido, por exemplo, contêm níveis relativamente altos, enquanto o filtrado e
o instantâneo contêm níveis baixos.
Efeito
protetor dos antioxidantes do café
O café ainda é uma importante fonte de ácidos
fenólicos e outros compostos responsáveis pelo aroma, que tornam a bebida uma
das maiores fontes de antioxidantes da dieta. E, além disso, a cafeína e os diterpenos
também possuem reconhecida atividade antioxidante, que fazem com que os resultados
dos estudos com a bebida sejam conflitantes devido à presença dessas substâncias
com efeitos contrários, ou seja, ao mesmo tempo que antioxidantes, também tem
potencial para a elevação do colesterol e para o aumento agudo da pressão
arterial sistêmica.
Portanto, apesar da dificuldade em se
estabelecer uma associação mais conclusiva entre consumo de café e doenças
cardiovasculares, provavelmente em função desses efeitos contraditórios, das
diferentes formas de preparo da bebida e da quantidade consumida diariamente, o
consumo moderado pode até mesmo ser recomendável, em virtude de um efeito inócuo
ou modesto sobre o risco cardiovascular, senão protetor, traduzindo-se em uma
prática benéfica para a saúde humana.
Postado
por Letícia Andrade e Vivian Giubine
Referências
LIMA,
F. A et al. Café e saúde humana: um enfoque nas substâncias presentes na bebida
relacionadas às doenças cardiovasculares. Rev.
Nutr., Campinas, v. 23,n. 6, p.1063-1073, nov/dez, 2010
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