Nos últimos anos nenhum outro aspecto de
carga muscular (tensão específica aplicada à unidade músculo-tendínea) tem sido
mais descrito, discutido ou investigado na literatura científica e prática
clínica do que o movimento excêntrico.
O termo excêntrico é definido como sendo “uma carga muscular que
envolve a aplicação de uma força externa com aumento de tensão durante o
alongamento físico da unidade músculo-tendínea” ou seja (Fortalecer quando o
musculo se alonga ou Fortalecer afastando origem da inserção).
A força gerada pelo músculo em contração
e a alteração resultante de seu comprimento são dependentes de três fatores: do
comprimento inicial; da velocidade com que ocorre a alteração do comprimento; e
das cargas externas atuando em oposição ao movimento.
Evidentemente, com o crescente número de
pesquisas e trabalhos científicos envolvendo o trabalho muscular excêntrico,
alterou-se definitivamente a concepção equivocada e simplista de que a
contração muscular excêntrica seria única e meramente o retorno, ou a segunda
fase dos movimentos isotônicos.
Quando se leva em consideração a fase excêntrica
do movimento, sobretudo aplicada aos programas de treinamento humano (na
reabilitação ou não), devem-se avaliar os benefícios, vantagens e
principalmente as precauções que são excepcionalmente distintas quando
relacionadas à fase concêntrica dos exercícios isotônicos.
O treinamento excêntrico certamente
aplica-se de forma bastante eficiente a várias populações, podendo ser útil
desde disfunções geriátricas articulares até programas de treinamento atlético
de elite.
Os Benefícios do treinamento muscular nos
programas de fisioterapia desportiva e do treinamento muscular multimodal
durante a reabilitação tem sido amplamente aceito, e a carga excêntrica fornece
um elemento especializado durante a reabilitação do atleta lesionado, haja
vista que o uso do treinamento excêntrico irá preparar o atleta de forma mais
eficiente durante momentos em que uma ação excêntrica for requerida para a
prática esportiva eficiente e segura ou mesmo para as demandas funcionais
impostas pelo cotidiano.
Portanto, torna-se notório que o
condicionamento muscular excêntrico reproduz as exigências biodinâmicas que
serão impostas aos atletas ao retornarem à prática desportiva.
Muitas atividades esportivas requerem
ação muscular excêntrica de alto nível (em termos de velocidade, repetição e
intensidade) tanto para desempenho máximo quanto para proteção das articulações
sinoviais e tecidos moles adjacentes.
Outra função extremamente relevante para
a Fisioterapia acerca do condicionamento muscular excêntrico reside no fato
deste poder atuar de forma preventiva em relação às lesões musculares induzidas
pelo over-training, ou síndrome do super treinamento em atletas
de alto nível. Embora uma simples sessão de exercício excêntrico possa induzir
a uma lesão muscular significativa, ela também confere ao músculo uma proteção
considerável contra lesões similares resultantes de sessões subsequentes de
exercícios de alta intensidade que constituem prática corrente nos programas de
treinamento desportivo de alto nível.
As contrações musculares excêntricas,
particularmente empregadas na reabilitação de várias lesões relacionadas ao
desporto, são fundamentais para desacelerar o movimento de um membro, sobretudo
durante as atividades dinâmicas de alta velocidade inevitavelmente requeridas
durante a prática esportiva.
Os déficits de força ou a incapacidade
dos músculos em tolerar as cargas excêntricas a eles impostas (ressaltando que
determinados gestos desportivos podem atingir uma velocidade angular de até
8000º/s – graus por segundo) podem predispor o atleta descondicionado
excentricamente a inúmeras lesões. Alguns estudos sugerem que lesões na
musculatura dos isquiotibiais, em atletas de corridas de curta distância,
estão, dentro de outros fatores, relacionados a pouca força excêntrica dessa
musculatura.
Tendo em vista essa problemática,
torna-se imperativo que mais pesquisas acerca do Treinamento Excêntrico sejam
produzidas e divulgadas nacionalmente tanto pelos fisioterapeutas quanto pelos
educadores físicos para que cada vez mais pessoas (atletas profissionais ou
não) possam se beneficiar amplamente do treinamento muscular multimodal,
criativo e eficiente e que fundamentalmente não negligencie a devida
importância que deve ser atribuída à fase excêntrica dos movimentos
isodinâmicos durante o processo de reabilitacão e de preparação física
funcional do atleta, levando a um retorno mais seguro e precoce à sua prática
desportiva.
Hino, AAF; Reis, RS; Rodriguez-Añez, CR;
Fermino, RC. Rev. bras. med. esporte;15(1):36-39, jan.-fev. 2009. tab.
Postado por: Dr. Rogerio Nascimento.
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