O que você sabe sobre a gordura trans!? Vamos entender melhor?
1. O que é gordura trans?
É um tipo de gordura produzida industrialmente a partir de um processo
químico, a hidrogenação. Usada desde o início do século passado, ela passou a
ser consumida com mais freqüência, e sem culpa, a partir dos anos 50. Por ser
proveniente de óleos vegetais, acreditava-se que a gordura trans era uma
opção mais saudável à gordura animal - que comprovadamente aumenta o LDL
(colesterol ruim) no sangue. A partir da década de 80, estudos científicos
provaram que a trans é um dos grandes venenos da alimentação moderna.
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Os óleos de origem vegetal são colocados em uma câmara de hidrogênio.
Eles são submetidos a alta pressão e temperatura e, assim, transformados em
uma pasta preta de odor ruim. Depois, esta pasta é alvejada até ficar sem cor
e é desodorizada para perder o cheiro. A gordura, agora semi-sólida, fica com
a textura ideal para o processamento e preparo industrial de alimentos.
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Gordura trans são ácidos graxos insaturados. A designação
"trans" vem de "transversos" e o nome é referente à ordem
da cadeia de átomos do ácido graxo. Em um óleo encontrado na natureza, por
exemplo, os átomos estão distribuídos em posição paralela. No entanto, quando
é submetido ao tratamento industrial de hidrogenação, a estrutura química do
óleo é modificada, fazendo com que os ácidos graxos fiquem com os átomos em
disposição "diagonal" - ou em alinhamento transversal (trans).
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A maior concentração dela está nas bolachas, pipocas de microondas,
chocolates, sorvetes, salgadinhos, pastéis, folhados, tortas, bolos, tudo o
que utiliza as margarinas nas receitas. Os combos servidos nos restaurantes
de fast-food estão no topo da lista de alimentos com gordura trans. Até
alguns produtos diet e light não escapam da vilã. A carne e o leite de
animais ruminantes, como bovinos e caprinos, possuem gorduras trans em
quantidades mínimas, quase inexpressivas. Neste caso, ela se forma a partir do
processo de hidrogenação natural no rúmen dos animais. Como a quantidade é
insignificante, especialistas nunca se referem a estes itens quando criticam
e restringem a gordura trans.
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Os especialistas explicam que a gordura trans não é sintetizada no
organismo humano, por isso permanece depositada no corpo. Como não é
essencial para a saúde, não há um valor recomendado de ingestão. O ideal é
não consumi-la nunca, mas os médicos, cientes da impossibilidade da restrição
no mundo atual, recomendam o consumo mínimo. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor
calórico da dieta. O que numa alimentação de 2.000 calorias equivale a dois
gramas diários de gordura trans - quantidade equivalente a três biscoitos
recheados de morango. Até as aparentemente inofensivas bolachas tipo cream
cracker ou água e sal contêm gordura trans. Seis unidades, por exemplo,
equivalem a 1,2 g e meio pacote a 4,1 g. As crianças, grandes fãs das
guloseimas trans, devem ter o consumo vigiado e controlado. Uma vez que a
obesidade infantil é hoje considerada um problema de saúde pública. Já se
sabe também que a mulher grávida que come gordura trans pode prejudicar o
desenvolvimento neurológico do feto e também tem mais tendências a ter um
filho obeso.
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A lista de problemas é enorme. O fato mais conhecido é que a gordura
trans aumenta o LDL (colesterol ruim) e diminui o HDL (colesterol bom) no
sangue. Ela também é responsável pela produção da gordura visceral, que se
acumula na região da cintura. Isso leva à síndrome metabólica, uma conjunto
de doenças graves: diabetes, pressão alta, alto nível de colesterol ruim e de
triglicérides no sangue. Essa combinação causa acúmulo de placas de gordura
na parede dos vasos sangüíneos, fator que pode resultar em ataque cardíaco e
AVC (acidente vascular cerebral). Pesquisas sugerem que as mulheres que
consomem altos índices de gordura trans têm duas vezes mais chances de sofrer
de câncer de mama. Já outros estudos indicam que a gordura trans faz com que
as membranas percam sua flexibilidade, dificultando a transmissão de impulsos
nervosos, que podem estar ligados com o aumento da incidência de depressão.
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Embora pareça não ter nenhum ponto positivo, a gordura trans é a
grande responsável por fazer com que os alimentos fiquem saborosos. Ela
também valoriza a aparência dos alimentos, deixando-os mais dourados e
crocantes - no caso de salgadinhos de pacote e alguns tipos de bolachas. Além
disso, a gordura trans aumenta o prazo de validade, permitindo que os
produtos permaneçam muito mais tempo nas prateleiras sem estragar.
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Algumas indústrias alimentícias já dispõem de óleo de palma em
substituição à trans. A utilização desse óleo tornou-se viável já que ele
conseguia manter as características de conservação, sabor e crocância sem
precisar passar pelo processo de hidrogenação. Apesar de ser menos nocivo que
a gordura trans, o óleo de palma não é a opção mais saudável. Alternativas
como óleos de oliva e canola fariam melhor ao organismo humano, porém, como
são líquidos, os fabricantes argumentam que o custo para transformá-los em
gordura sólida não compensaria.
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Em 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
determinou que o item "gordura trans" passasse a ser impresso na
tabela nutricional do rótulo dos alimentos. Com isso, as empresas foram
obrigadas a especificar, além do teor de lipídeos e de gorduras saturadas, a
quantidade total de ácidos graxos trans presentes nos produtos. Os dados
nutricionais, que já não são fáceis de serem interpretados por um consumidor
leigo, às vezes são maquiados e até falsos. Os fabricantes chegam a informar,
por exemplo, que a metade de uma bolacha tem a quantia total de 0,2 g de
gordura trans. O problema é que as pessoas não costumam comer apenas meio
biscoito e a informação acaba passando despercebida. No caso de restaurantes
e lanchonetes, não há obrigatoriedade de informar sobre a quantidade de
gordura trans. Alguns deixaram de usá-la voluntariamente em suas receitas.
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Nas prateleiras dos supermercados é possível encontrar produtos
denominados "trans free", como sorvetes, bolachas e margarinas. Não
há, necessariamente, um destaque desse fato na embalagem. Para ter certeza, é
preciso checar a tabela nutricional. Segundo a Anvisa, o alimento que tiver
quantidade menor ou igual a 0,2 grama de gordura trans pode se promover como
"zero trans". Para se ter uma idéia, de acordo com a Associação
Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), apenas 30% dos biscoitos
vendidos no Brasil são livres de gordura trans.
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Há um esforço global para que a gordura trans suma do cardápio. Alguns
países optam por adotar apenas medidas educativas para informar as pessoas. A
Dinamarca resolveu proibir e considerar a gordura trans uma substância ilegal
no seu país - exemplo seguido pela Suíça. O Ministério da Saúde australiano
anunciou que colocará prazo para que as indústrias a substituam, assim como
foi feito no Canadá - onde o governo deu três anos. Nos Estados Unidos, as
cidades de Nova York, Filadélfia e Seattle já proíbem o uso deste tipo de
gordura. Recentemente, o estado da Califórnia se tornou o primeiro do país a
aprovar uma lei proibindo os restaurantes e comerciantes de alimentos de usar
gordura trans.
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As indústrias não aceitam qualquer prazo para eliminar a gordura trans
dos alimentos consumidos no país. A Associação Brasileira das Indústrias da
Alimentação (Abia) alega que há falta opções para substituir esse tipo de
gordura. Ela justifica que está se empenhando em novas pesquisas. O
presidente da Abia, Edmund Klotz, chegou a ironizar o prazo sugerido pelo
ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Em entrevista ao jornal Folha
de S. Paulo ele disse que se fosse fixada uma data para acabar com a
gordura trans, seria necessário voltar à época da "velha banha de
porco".
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Postado
por: Christiana Nastari
Referência: http://veja.abril.com.br
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