Os esportes radicais vêm se desenvolvendo e
conquistando novos adeptos em todo o mundo, especialmente a corrida de
aventura. A origem da corrida de aventura remonta ao início da década de 80 na
Nova Zelândia, com a criação da “Coast to Coast”, prova que reunia corrida em
montanha, canoagem e montain bike em uma mesma competição. No Brasil, em 1997 o
empresário Alexandre Freitas participou de uma prova na Nova Zelândia e no ano
seguinte organizou a Expedição Mata Atlântica (EMA) primeiro evento no país que
reuniu 30 equipes e durou cinco dias. Atualmente no Brasil, a prova mais forte
para os amantes do esporte é o Ecomotion que passou a ser o sonho de um atleta
de aventura participar desta competição. Os atletas são agrupados em equipes de
ambos os sexos, normalmente de quatro integrantes sendo um membro
obrigatoriamente do sexo oposto e cada membro com uma função (navegador,
capitão, estrategista, preparador físico) com o intuito de percorrer uma dada
distância em diferentes modalidades esportivas (trekking, montain bike,
canoagem, natação, rafting, corrida e técnicas verticais) no menor tempo
possível, passando obrigatoriamente pelos postos de controle (PC), local onde
são anotados os horários de chegada e saída das equipes, exigindo o máximo de
suas resistências física e mental além de raciocínio rápido, privação de sono,
capacidade de trabalhar e permanecer em grupo, sendo realizada em sua maioria
em condições adversas sob temperaturas extremas, terrenos desconhecidos,
desgaste físico, racionamento de água e alimento. Nesta competição os atletas
se orientam por bússola, altímetro e mapas topográficos que dependendo do
percurso da prova pode durar horas ou dias em regiões pouco exploradas, sendo
vedado o uso de GPS (global position system).
É um esporte de resistência, endurance,
força mental e física. Portanto, a equipe vencedora é aquela de melhor dinâmica
e com maior capacidade de atuar sob estresse emocional e fisiológico. O
corredor de aventura deve ser disciplinado, ter cuidado consigo próprio, saber
o que levar na mochila , deve estar preparado para as mudanças que podem
ocorrer e ciente dos riscos que corre: sofrer insolação, sofrer hiportemia, ser
picado por insetos e ser lesionado. Na atuação clínica, os motivos para a
prática da modalidade relatados pelos atletas são: novos desafios, contato com
a natureza, preferência por esportes radicais, busca por aventura e
identificação com o esporte. Há relatos na literatura sobre a dependência do
exercício sem estar necessariamente associada a um distúrbio de humor
corroborando a provável hipótese do aspecto ambiental ser o fator primordial
para a prática do esporte sempre expostos a novidades, com muita motivação e
competição em equipe.
Cada atleta tem uma necessidade energética
específica e cada tipo de prova requer estratégias de alimentação e
suplementação diferenciadas e previamente programadas. A nutrição do atleta é
determinante para o sucesso da equipe. O desgaste físico e a privação de sono
não podem ser aumentados por uma estratégia nutricional inadequada. Os
objetivos do acompanhamento nutricional individual constam: suprir a demanda
energética (evitando um forte quadro catabólico); favorecer o desempenho;
reduzir as manifestações de fadiga; adequar o equilíbrio hidro-eletrolítico;
facilitar e acelerar a recuperação pós-competição (evitar infecções
respiratórias e diminuir o risco de lesões musculares) através do consumo de
antioxidantes. O gasto calórico estimado depende do ritmo da prova, das
modalidades envolvidas, da duração da prova, temperatura ambiente, do tempo de
repouso e da alimentação podendo variar de 4000Kcal/dia até 10000Kcal/dia.
Estudos mostram que o consumo alimentar de macro e micronutrientes fica abaixo
da real necessidade energética e de antioxidantes o que contribui para o
desgaste físico e mental do atleta. Ainda não existem diretrizes específicas
para atletas de aventura sendo fundamental para o Nutricionista trabalhar com
as recomendações gerais vigentes para atletas de endurance segundo a American
Dietetic Association (ADA), Dietitians of Canada e American College of Sports
Medicine (2009) adaptadas às necessidades individuais dependendo da
periodização do treinamento. Recentemente foi validado um questionário de
freqüência alimentar para avaliar em curto prazo a ingestão de antioxidantes
por atletas o que contribuirá não apenas com informações sobre a ingestão de
vitaminas e minerais como também componentes fenólicos de suma importância para
a completa fisiologia humana no esporte.
Postado por: Bruna Rafaella Faria
Referência: LIMA, F.A. Aspectos Nutricionais na Corrida de
Aventura. Associação Brasileira de
Nutrição Esportiva
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