sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Aspectos Nutricionais na Corrida de Aventura



Os esportes radicais vêm se desenvolvendo e conquistando novos adeptos em todo o mundo, especialmente a corrida de aventura. A origem da corrida de aventura remonta ao início da década de 80 na Nova Zelândia, com a criação da “Coast to Coast”, prova que reunia corrida em montanha, canoagem e montain bike em uma mesma competição. No Brasil, em 1997 o empresário Alexandre Freitas participou de uma prova na Nova Zelândia e no ano seguinte organizou a Expedição Mata Atlântica (EMA) primeiro evento no país que reuniu 30 equipes e durou cinco dias. Atualmente no Brasil, a prova mais forte para os amantes do esporte é o Ecomotion que passou a ser o sonho de um atleta de aventura participar desta competição. Os atletas são agrupados em equipes de ambos os sexos, normalmente de quatro integrantes sendo um membro obrigatoriamente do sexo oposto e cada membro com uma função (navegador, capitão, estrategista, preparador físico) com o intuito de percorrer uma dada distância em diferentes modalidades esportivas (trekking, montain bike, canoagem, natação, rafting, corrida e técnicas verticais) no menor tempo possível, passando obrigatoriamente pelos postos de controle (PC), local onde são anotados os horários de chegada e saída das equipes, exigindo o máximo de suas resistências física e mental além de raciocínio rápido, privação de sono, capacidade de trabalhar e permanecer em grupo, sendo realizada em sua maioria em condições adversas sob temperaturas extremas, terrenos desconhecidos, desgaste físico, racionamento de água e alimento. Nesta competição os atletas se orientam por bússola, altímetro e mapas topográficos que dependendo do percurso da prova pode durar horas ou dias em regiões pouco exploradas, sendo vedado o uso de GPS (global position system).
É um esporte de resistência, endurance, força mental e física. Portanto, a equipe vencedora é aquela de melhor dinâmica e com maior capacidade de atuar sob estresse emocional e fisiológico. O corredor de aventura deve ser disciplinado, ter cuidado consigo próprio, saber o que levar na mochila , deve estar preparado para as mudanças que podem ocorrer e ciente dos riscos que corre: sofrer insolação, sofrer hiportemia, ser picado por insetos e ser lesionado. Na atuação clínica, os motivos para a prática da modalidade relatados pelos atletas são: novos desafios, contato com a natureza, preferência por esportes radicais, busca por aventura e identificação com o esporte. Há relatos na literatura sobre a dependência do exercício sem estar necessariamente associada a um distúrbio de humor corroborando a provável hipótese do aspecto ambiental ser o fator primordial para a prática do esporte sempre expostos a novidades, com muita motivação e competição em equipe.
Cada atleta tem uma necessidade energética específica e cada tipo de prova requer estratégias de alimentação e suplementação diferenciadas e previamente programadas. A nutrição do atleta é determinante para o sucesso da equipe. O desgaste físico e a privação de sono não podem ser aumentados por uma estratégia nutricional inadequada. Os objetivos do acompanhamento nutricional individual constam: suprir a demanda energética (evitando um forte quadro catabólico); favorecer o desempenho; reduzir as manifestações de fadiga; adequar o equilíbrio hidro-eletrolítico; facilitar e acelerar a recuperação pós-competição (evitar infecções respiratórias e diminuir o risco de lesões musculares) através do consumo de antioxidantes. O gasto calórico estimado depende do ritmo da prova, das modalidades envolvidas, da duração da prova, temperatura ambiente, do tempo de repouso e da alimentação podendo variar de 4000Kcal/dia até 10000Kcal/dia. Estudos mostram que o consumo alimentar de macro e micronutrientes fica abaixo da real necessidade energética e de antioxidantes o que contribui para o desgaste físico e mental do atleta. Ainda não existem diretrizes específicas para atletas de aventura sendo fundamental para o Nutricionista trabalhar com as recomendações gerais vigentes para atletas de endurance segundo a American Dietetic Association (ADA), Dietitians of Canada e American College of Sports Medicine (2009) adaptadas às necessidades individuais dependendo da periodização do treinamento. Recentemente foi validado um questionário de freqüência alimentar para avaliar em curto prazo a ingestão de antioxidantes por atletas o que contribuirá não apenas com informações sobre a ingestão de vitaminas e minerais como também componentes fenólicos de suma importância para a completa fisiologia humana no esporte.
Postado por: Bruna Rafaella Faria

Referência: LIMA, F.A. Aspectos Nutricionais na Corrida de Aventura. Associação Brasileira de Nutrição Esportiva

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