A suplementação dietética com cogumelos de
diversas espécies tanto com fins nutricionais quanto medicinais, é descrita
como frequente nas antigas sociedades. No caso do cogumelo Agaricus sylvaticus,
suas diversas propriedades benéficas ao organismo tem despertado interesse.
Resumidamente, é descrito como agente antitumoral, antiviral, antitrombótico,
hipolipidêmico e antioxidante; possuindo uma ampla gama de substâncias como
ácido linoléico e oléico, proteínas, vitaminas e polissacarídeos.
O fungo Agaricus sylvaticus têm sido
utilizado, nos últimos anos, como uma estratégia terapêutica adjuvante em
pacientes com diversos tipos de câncer. Apesar do seu exato mecanismo de ação
não ter sido completamente elucidado, vários pesquisadores o documentaram como
inibidor de crescimento tumoral, além de produzir efeitos hematológicos e
imunológicos benéficos, tais como aumento do número de hemácias e estimulação
da função e número de macrófagos, neutrófilos, células NK, monócitos e
linfócitos.
Tal cogumelo também é utilizado em outros
tipos de desordens como infecções, alergias, asma e inflamações, devido ao seu
papel estimulante da imunidade inata, que possui um espectro de ação mais
amplo.
Evidências científicas apontam a presença de
substâncias bioativas com propriedades metabólicas e nutricionais, sendo a
principal delas um complexo glucano-proteico. Diante disso, a empresa Cogumelo
do Sol tem preparado um extrato na forma de xarope e comercializado como
suplementação nutricional.
Em um estudo clínico preliminar feito com 78
indivíduos, o pó granulado do Agaricus sylvaticus foi bem tolerado na maioria
dos pacientes e a suplementação com doses de 1,8/3,6/5,4 gramas por dia durante
6 meses não causou nenhum tipo de anormalidade nos parâmetros laboratoriais.
Os potenciais efeitos negativos envolvidos
estão associados a presença de agaritina, metais pesados, compostos radioativos
e substâncias não identificadas.
A agaritina, antigamente descrita como agente
carcinogênico, é alvo de dúvidas no meio acadêmico. Trabalhos recentes
demonstram que o seu papel no cogumelo do sol é justamente o oposto,
potencializando o efeito antitumoral deste fungo.
Quanto aos metais pesados, como arsênio,
chumbo, cádmio e mercúrio e compostos radioativos, os cogumelos são organismos
com capacidade de acumular e concentrar tais substâncias, o que poderia causar
danos muito mais significativos em comparação aos possíveis efeitos
terapêuticos. Por outro lado, não há relatos de danos causados por nenhuma
destas substâncias descritas até o momento, tanto em estudos in vitro quanto
com animais.
Em estudos clínicos, alguns efeitos adversos
têm sido demonstrados, apesar de não serem frequentes. Os principais são
dermatite de contato e disfunções hepáticas, devido à sobrecarga no metabolismo
do fígado. A incidência de hepatite aguda gerada é limitada a alguns poucos pacientes.
Dois outros efeitos foram recentemente descobertos: a alergia alimentar e o
desconforto durante a digestão.
Há outra questão que também deve ser levada
em consideração. Algumas substâncias do cogumelo do sol possuem a capacidade de
diminuir a atividade de enzimas do complexo citocromo P450, responsáveis pela
metabolização de diversos fármacos. Como consequência, a ação de um fármaco
pode ser prolongada, o que pode levar ao aparecimento de outros efeitos
colaterais.
Apesar dos numerosos relatos de segurança e
eficácia dos produtos derivados do Agaricus sylvaticus a nível pré-clínico,
pesquisas adicionais são necessárias, principalmente estudos clínicos
randomizados, o que possibilitaria a determinação da dose e outras condições
clínicas para o uso adjuvante deste cogumelo. Os efeitos adversos possíveis,
como danos hepáticos, reforçam a ideia de que este produto necessita de melhor monitoramento
pelas instituições competentes, pois é largamente utilizado e vendido livremente.
Fonte: http://bromatopesquisas-ufrj.blogspot.com.br/2011/12/verdades-e-mitos-sobre-o-cogumelo-do.html#more
Por: Laís R.R. Oliveira
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