sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A importância do ômega-3 na saúde infantil

Os ácidos graxos do tipo ômega-3 apresentam diversas funções na fisiologia humana, particularmente, como componentes das membranas celulares e precursores na síntese de prostaglandinas, leucotrienos e eicosanoides. São considerados ômegas-3: ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido docosaexaenoico (DHA) e ácido alfalinolênico (ALA), sendo este o único a ser considerado um ácido graxo essencial (AGE), pois não é sintetizado por humanos, uma vez que EPA e DHA podem ser sintetizados a partir deste, apesar de essa conversão ser limitada.

O EPA possui efeito anti-inflamatório por ser convertido em prostaglandinas e leucotrienos de séries menos pró-inflamatórias (série 3) quando comparado ao ácido araquidônico (AA), um ácido graxo ômega-6. Além disso, parece haver, também, a formação de resolvinas a partir de ômega-3 EPA e DHA, mediadores com ação anti-inflamatória mais potente que a dos seus precursores. Os ácidos graxos ômega-3 podem ser utilizados na prevenção e no tratamento de uma série de condições, como doenças cardiovasculares, dermatológicas, gastrointestinais, neurológicas, psiquiátricas, reumatológicas, entre outras, como o câncer.

Desde a gestação, a suplementação de ômega-3 parece ser benéfica, pois atua assegurando o bom desenvolvimento fetal. Durante o terceiro trimestre, grandes quantidades de DHA se acumulam no tecido fetal, sendo as áreas de maior concentração a retina e o cérebro, o que pode estar relacionado com o funcionamento cerebral e visual. Ainda parece melhorar a resposta imunológica das crianças reduzindo a incidência de reações alérgicas ao crescer. Estudos demonstraram que níveis plasmáticos elevados de DHA na mãe, e, particularmente, no leite materno, estão diretamente relacionados com o melhor crescimento e desenvolvimento do cérebro e do sistema visual em crianças. Fórmulas infantis que fornecem um mínimo de 0,35% de DHA, também, favorecem o melhor desenvolvimento do cérebro, avaliado pelo Índice de Desenvolvimento Mental, o que reforça que o suprimento dietético precoce de DHA melhora significativamente o desempenho mental.

Um estudo avaliou crianças de 9 e 12 meses de idade suplementadas com óleo de peixe e o ômega-3 demonstrou ter efeito sobre os escores de atenção em um teste de brincadeira livre. Por sua vez, a suplementação resultou em diminuição da pressão arterial sistólica, o que indica que o consumo de ômega-3, na segunda metade da infância, possa ter efeitos benéficos tanto cognitivos como cardiovasculares.  Crianças saudáveis de 4 anos de idade, suplementadas com 400mg/dia de DHA, durante 4 meses, foram avaliadas em um estudo duplo-cego, randomizado e placebo-controlado. A análise de regressão mostrou uma associação positiva significante entre o nível sanguíneo de DHA e o teste de compreensão auditiva e aquisição de vocabulário. Portanto, o ômega-3 exerce um papel essencial no crescimento e desenvolvimento de crianças e, por isso, uma adequada ingestão desse ácido graxo deve ser garantida durante a gestação, lactação e infância.




Por: Thayná Galvão




FONTES: 
GONZALEZ, F. E.; BAEZ, R. V. In time: importance of omega 3 in children’s nutrition Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 35, n. 1, p. 3-4, março de 2017.

PASCHOAL, V. Suplementação funcional magistral: dos nutrientes aos compostos bioativos. São Paulo: Valeria Paschoal, 2008. 


HARBILD, H. L. et al. O suplemento de óleo de peixe de 9 a 12 meses de idade afeta a atenção da criança em um teste de jogo livre e está relacionado à mudança na pressão arterial. Prostaglandinas, Leucotrienos e Ácidos Graxos Essenciais (PLEFA), v. 89, n. 5, p. 327-333, 2013.

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