Os
ácidos graxos do tipo ômega-3 apresentam diversas funções na fisiologia humana,
particularmente, como componentes das membranas celulares e precursores na
síntese de prostaglandinas, leucotrienos e eicosanoides. São considerados
ômegas-3: ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido docosaexaenoico (DHA) e ácido
alfalinolênico (ALA), sendo este o único a ser considerado um ácido graxo
essencial (AGE), pois não é sintetizado por humanos, uma vez que EPA e DHA
podem ser sintetizados a partir deste, apesar de essa conversão ser limitada.
O EPA possui efeito anti-inflamatório
por ser convertido em prostaglandinas e leucotrienos de séries menos
pró-inflamatórias (série 3) quando comparado ao ácido araquidônico (AA), um
ácido graxo ômega-6. Além disso, parece haver, também, a formação de resolvinas
a partir de ômega-3 EPA e DHA, mediadores com ação anti-inflamatória mais
potente que a dos seus precursores. Os ácidos graxos ômega-3 podem ser
utilizados na prevenção e no tratamento de uma série de condições, como doenças
cardiovasculares, dermatológicas, gastrointestinais, neurológicas,
psiquiátricas, reumatológicas, entre outras, como o câncer.
Desde a gestação, a suplementação de
ômega-3 parece ser benéfica, pois atua assegurando o bom desenvolvimento fetal.
Durante o terceiro trimestre, grandes quantidades de DHA se acumulam no tecido
fetal, sendo as áreas de maior concentração a retina e o cérebro, o que pode
estar relacionado com o funcionamento cerebral e visual. Ainda parece melhorar
a resposta imunológica das crianças reduzindo a incidência de reações alérgicas
ao crescer. Estudos demonstraram que níveis plasmáticos elevados de DHA na mãe,
e, particularmente, no leite materno, estão diretamente relacionados com o
melhor crescimento e desenvolvimento do cérebro e do sistema visual em
crianças. Fórmulas infantis que fornecem um mínimo de 0,35% de DHA, também,
favorecem o melhor desenvolvimento do cérebro, avaliado pelo Índice de
Desenvolvimento Mental, o que reforça que o suprimento dietético precoce de DHA
melhora significativamente o desempenho mental.
Um estudo avaliou crianças de 9 e 12
meses de idade suplementadas com óleo de peixe e o ômega-3 demonstrou ter
efeito sobre os escores de atenção em um teste de brincadeira livre. Por sua
vez, a suplementação resultou em diminuição da pressão arterial sistólica, o
que indica que o consumo de ômega-3, na segunda metade da infância, possa ter
efeitos benéficos tanto cognitivos como cardiovasculares. Crianças
saudáveis de 4 anos de idade, suplementadas com 400mg/dia de DHA, durante 4
meses, foram avaliadas em um estudo duplo-cego, randomizado e
placebo-controlado. A análise de regressão mostrou uma associação positiva
significante entre o nível sanguíneo de DHA e o teste de compreensão auditiva e
aquisição de vocabulário. Portanto, o ômega-3 exerce um papel essencial no
crescimento e desenvolvimento de crianças e, por isso, uma adequada ingestão
desse ácido graxo deve ser garantida durante a gestação, lactação e infância.
Por: Thayná Galvão
FONTES:
GONZALEZ, F. E.; BAEZ, R. V. In time: importance of
omega 3 in children’s nutrition Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 35, n. 1, p.
3-4, março de 2017.
PASCHOAL, V. Suplementação funcional
magistral: dos nutrientes aos compostos bioativos. São Paulo: Valeria Paschoal,
2008.
HARBILD, H. L. et al. O suplemento de
óleo de peixe de 9 a 12 meses de idade afeta a atenção da criança em um teste
de jogo livre e está relacionado à mudança na pressão arterial.
Prostaglandinas, Leucotrienos e Ácidos Graxos Essenciais (PLEFA), v. 89, n. 5,
p. 327-333, 2013.
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