O QUE É mTOR?
É uma proteína quinase (também chamada cinase), com mais de 2500
aminoácidos.
Ganhou esse nome pois foi descoberta em
1964 em uma expedição canadense à ilha isolada de Rapa Nui, no Pacífico Sul
(também conhecida como Ilha de Páscoa). Entretanto, o mecanismo completo de sua
ação só foi desvendado após 1994.
Ela é a proteína alvo da rapamicina em
mamíferos, também conhecida como proteína associada à rapamicina. É uma enzima
com atividade extremamente importante para o organismo, pois coordena o
crescimento celular a partir das condições ambientais, desempenhando um papel
fundamental na fisiologia celular.
É
formada por dois complexos proteicos distintos, conhecidos como Complexo mTOR 1 e Complexo mTOR 2.
Quais as funções da mTOR e como ela atua?
É
uma espécie de central integradora de sinais intra e extracelulares como
fatores de crescimento, hormônios, nutrientes, energia e estresse. Está
associada com o crescimento e desenvolvimento das células, participando dos
processos anabólicos e catabólicos em geral.
A
mTORC1 é quem regula a síntese proteica. Esse complexo está envolvido com
o crescimento celular em resposta ao estímulo anabólico (o exercício),
aumentando a capacidade de síntese proteica da célula. Tudo isso ocorre por
meio da ativação de processos chaves que resultam em aumento da massa, tamanho
e proliferação celular. Sendo assim, favorece o processo de síntese proteica,
tornando-se essencial para a hipertrofia dos músculos do corpo humano.
O
mTORC2 controla a proliferação e a sobrevivência celular. Esse outro complexo,
o mTORC2, está envolvida com a regulação do metabolismo da glicose e lipídeos
no tecido adiposo, muscular e hepático.
A
alimentação tem forte relação com a maior sinalização de estímulos de mTOR e,
portanto, pode influenciar no ganho de massa.
Estímulos
de mTOR na fome e na saciedade
Quando nos
alimentamos, estamos disponibilizando energia para o corpo, e quando ficamos em
jejum, o corpo precisa se adaptar à essa falta. Todos esses processos requerem
alterações no metabolismo de todo o organismo para manter a homeostase, ou
seja, o equilíbrio das funções corporais.
Portanto, a mTOR é ativado após
a alimentação, para promover o crescimento e armazenamento de energia em
tecidos como o fígado e músculo, sendo inibido durante o jejum, com o objetivo
de preservar as reservas.
Fatores
negativos para os estímulos de mTOR
Noite
de sono, quando o corpo já está em economia) e o estresse, interferem Resumidamente,
períodos de jejum prolongado (maiores do que uma negativamente na produção
dessa proteína quinase.
5
estratégias nutricionais que auxiliam na ativação dos estímulos de mTOR
1. Adequar os horários das refeições interfere nos
estímulos de mTOR
Como visto, períodos de restrição prolongada reduzem a ativação de mTOR. Portanto, os horários das refeições devem ser adequados ao
cotidiano, preferencialmente distribuídos ao longo do dia.
A refeição mais
importante é o desjejum – famoso café da manhã –, o qual tira o corpo do estado
de jejum. As outras refeições também são essenciais e devem ser feitas ao longo
do dia, completando 5 ou 6 ao dia.
2.
Garantir a quantidade e qualidade de proteínas ingeridas
Quando fazemos uma
refeição, ocorre o aumento nos níveis séricos de aminoácidos devido à digestão
de proteínas dietéticas.
As proteínas ingeridas devem ser de boa qualidade, chamadas de
proteína de alto valor biológico, por fornecerem todos os aminoácidos
essenciais.
São exemplos as
carnes (vermelhas ou brancas), peixes, ovo, leite e derivados. Os feijões ou
outros alimentos da família das leguminosas também são fontes proteicas, apesar
de, na hora da digestão, apresentarem menor aproveitamento pelo corpo, ou seja,
são menos biodisponíveis.
Assim sendo,
consumir proteínas de boa qualidade e em quantidades adequadas, além de
fornecer aminoácidos em para a construção muscular, ativa a via mTOR.
3. Garantir a ingestão de arginina e leucina como
estímulos de mTOR
Todo aminoácido é
importante para a síntese proteica. Todavia, existem dois em especial que são
capazes de influenciar positivamente na ativação de mTOR: a leucina e
a arginina. Eles são sinalizadores para mTORC1.
Outro estudo descobriu que o aminoácido
glutamina, que é utilizado como fonte de nitrogênio e energia pelas células em
proliferação, também é capaz de ativar a quinase por outro mecanismo.
A glutamina é
classificada como aminoácido não essencial, ou seja, pode ser sintetizada pelo
próprio organismo a partir de outros aminoácidos. Já a leucina é entendida como
essencial, ou seja, é necessário obtê-la de fora, via alimentação.
A arginina é
considerada semiessencial, uma vez que é adquirido totalmente pela alimentação
na infância e sintetizado pelo próprio organismo na fase adulta. Portanto, no
adulto o corpo produz arginina em quantidades suficientes para atender as
necessidades dos indivíduos adultos, apesar de também a consumirmos através de
alimentos.
Proteínas de alto
valor biológico, citadas acima, são aquelas que mais fornecem todos esses
aminoácidos, em conjunto com os outros essenciais.
4.
Ingerir gorduras de boa qualidade para ativar mTOR
Os ácidos graxos
poli-insaturados de cadeia longa, conhecidos como Ômega-3, parecem também ser
ativadores de mTOR e da síntese proteica
dos músculos.
Eles regulam o
metabolismo proteico promovendo a sinalização de insulina muscular para a via
Akt-mTOR-S6K1 e a sensibilidade à insulina. Logo, pode-se dizer que eles
têm papel potencial na regulação do metabolismo proteico mediado pela insulina.
Além do mais, as
células em crescimento requerem lipídios suficientes para a formação e expansão
de novas membranas. Assim, dietas pobres em gorduras podem ser prejudiciais
para a formação de novas células e crescimento das existentes. Já dietas
com adequada ingestão lipídica (cerca de 30% do valor calórico total),
principalmente advindas de gorduras de boa qualidade como os insaturados,
auxiliam na formação das células.
O ômega-3 é
encontrado em peixes marinhos de águas muito frias e profundas, sendo os
principais a anchova, o salmão, a sardinha, o atum e o arenque. Também é
encontrado em nozes, semente de linhaça, chia, gergelim e no azeite.
De forma
coadjuvante, esse ácido graxo auxilia no bom equilíbrio das frações lipídicas
do sangue e apresenta ação anti-inflamatória, o que melhora o metabolismo como
um todo.
5.
Manter uma rotina alimentar saudável é essencial para permitir a ativação dos
estímulos de mTOR
Essa estratégia é
para reduzir a neura na hora de se alimentar. É claro que alguns alimentos são
grandes estímulos de mTOR e outras vias de
sinalização proteica. Entretanto, ter uma alimentação variada, equilibrada e
baseada em alimentos in natura e
de todos os grupos alimentares é o caminho mais adequado para garantir uma boa
ingestão proteica, lipídica, energética e de micronutrientes.
Esse conjunto de
nutrientes, distribuídos em refeições ao longo do dia, é que vai
verdadeiramente nutrir e induzir o corpo ao anabolismo, claro que aliado à
prática regular de exercícios físicos.
Conclusão
A mTOR é uma proteína quinase relacionada ao crescimento e
desenvolvimento celular, participando dos processos anabólicos e catabólicos em
geral, ou seja, tem forte relação com o ganho de massa magra.
Fatores ambientais
são capazes de estimular ou reduzir sua via de sinalização, entre eles a
alimentação. Não ficar longos períodos em jejum, consumir adequadamente
proteínas, garantir aminoácidos essenciais como a leucina e ingerir
adequadamente ácidos graxos insaturados como o ômega-3 são estratégias
específicas para garantir a ativação da mTOR.
Isso não significa
necessariamente que, todo aumento da expressão da proteína vá desencadear um
efeito muscular, mas mostra que é um indicador importante do anabolismo,
estimulando a hipertrofia.
Assim sendo, alie
uma alimentação saudável com uma série adequada e personalizada de exercícios
físicos e garanta os estímulos de mTOR. Não esqueça de
reduzir o estresse do cotidiano.
ESTAGIÁRIA Cristiane Da Silva Camargo Osório.
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