segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Imagem corporal de idosas da Universidade Aberta da Terceira Idade

O aumento da expectativa de vida é um fenômeno mundial. No Brasil presenciamos o crescimento desenfreado da população idosa que, segundo dados do IBGE, representará 3,6% da população total do país em 40 anos. Esse fenômeno acontece em resposta à melhoria das condições de vida e as evoluções nos sistemas de saúde e cria demandas por serviços que possam atender às peculiaridades de uma população crescente e que vive cada vez mais.



Cabe destacar que a mulher acaba vivenciando mais o envelhecimento. O climatério, caracterizado pela diminuição gradativa na produção do hormônio estrogênio, delimita de forma drástica o início do envelhecimento feminino. Essa alteração fisiológica está relacionada à maior perda de massa óssea e massa muscular, bem como alterações nas funções do sistema nervoso que podem levar a distúrbios de humor, ansiedade e depressão. Nesse sentido, além de sofrer de forma mais intensa os declínios decorrentes do envelhecimento fisiológico, ela os vivencia por mais tempo, considerando o climatério entre 40 e 50 anos e a maior longevidade observada em relação aos homens. Há alterações físicas e psicológicas envolvidas que afetam diretamente o bem-estar e a aceitação dessa nova condição da mulher envelhecendo.


É a partir do corpo que nos comunicamos e interagimos com o ambiente e com as outras pessoas e a auto-imagem corporal pode estar relacionada a essas interações.


O neurologista francês Pierre Bonnier definiu “esquema da imagem corporal” como “as informações que cada um tem a respeito de sua própria aparência física, podendo agregar valores tanto positivos quanto negativos”. Nesse sentido, a aparência física por si não implica na aceitação ou não do corpo, mas sim os valores que o indivíduo e a sociedade atribuem a essa aparência.


Nesse sentido a mídia tem desempenhado papel fundamental em estabelecer padrões de caracterização corporal aceitáveis, ou seja, ditar o que é socialmente aceitável e belo e o que não deve ser valorizado. Surge então a supervalorização do corpo socialmente adequado gerando grande aumento na produção do mercado estético por modificações e construções de corpos perfeitos, bem como pelo mercado da moda. A busca desenfreada por padrões que não respeitam as características individuais trazem novas doenças relacionadas a distúrbios alimentares, normalmente relacionados a distúrbios de percepção da própria imagem corporal. Assim como o corpo forte e saudável é indispensável no potencial de produção do indivíduo dentro de um sistema capitalista, assim também a beleza significa valorização do indivíduo pela sociedade.


Alguns estudos demonstraram que a imagem corporal dos velhos não sofre distorções simplesmente pelo envelhecimento – não há distinção entre a imagem corporal de uma pessoa jovem e de uma pessoa velha – porque a imagem corporal ajusta-se gradualmente ao corpo físico durante o processo. Porem, ela pode sofrer alterações quando o corpo físico apresenta-se com limitações de seus movimentos, devido a comprometimentos patológicos ou distúrbios que, o que afeta a percepção de utilidade e, conseqüentemente, a auto-imagem. Ou seja, a imagem não sofre mudanças devido a alterações biológicas, mas sim devido ás circunstâncias pelas quais o sujeito vivencia suas experiências. A pessoa envelhece na medida em que abandona seus sonhos e planos, quando as limitações que aparecem com a idade impedem o reconhecimento do indivíduo como ser em sua totalidade. Nesse sentido envelhecer bem se caracteriza pelo equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo, ou seja, sua capacidade de lidar com as perdas ocorridas e procurar alternativas.


Em um estudo onde o objetivo foi avaliar a imagem corporal de idosas observou-se que as idosas avaliadas apresentam, em geral, uma percepção de imagem corporal favorável. É importante destacar que todas as entrevistadas participam das atividades em uma universidade. Essas atividades permitem que os indivíduos se sintam novamente parte da sociedade e a atividade física, além de trabalhar a saúde física dos que a praticam, atua diretamente na sensação de bem-estar e na integração social. Portanto, as implicações positivas da participação do idoso nessas atividades ficam claras na melhor aceitação da velhice e das modificações e limitações que ela traz.


Bruna Sousa Albino
Fonte:http://www.efdeportes.com/efd150/imagem-corporal-de-idosas.htm

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