sábado, 18 de junho de 2011

A musculação e o diabete tipo 1


O exercício resistido consiste em atividades que usam força muscular para mover um peso ou uma força contrária, por no caso da musculação.
No início do exercício, a energia provém da glicose estocada na forma de glicogênio no músculo e no fígado. Quando o exercício se prolonga, os estoques de glicogênio se esgotam e a gordura pode passar a ser a principal fonte de energia.Durante o exercício, a quantidade de insulina deve ser suficiente para permitir a entrada de glicose dentro da célula muscular, mas deve ser reduzida para liberar os estoques de glicogênio do fígado.
A produção de glucagon e adrenalina devem aumentar, pois esses dois hormônios permitem a liberação dos estoques de glicogênio. Assim, o aumento do consumo muscular de glicose é compensado pelo aumento equivalente da produção de glicose pelo fígado, desde o início do exercício, e a glicemia permanece estável. Esta regulação é perturbada no indivíduo com diabetes.
Durante a atividade física, os estoques de glicogênio são bloqueados pela presença da insulina e os músculos consomem glicose, por isso é eminente o risco de hipoglicemia. Isso ocorre se a dose da insulina ou o consumo de carboidrato não for alterado. A ingestão adicional de carboidrato, se a glicemia estiver < 100 mg/dL, antes do exercício é fundamental.
Algumas situações tornam a realização do exercício físico requerente de maior atenção. De acordo com recomendações anteriores da Associação Americana de Diabetes (ADA), indivíduos com glicemia maior que 250 mg/dL com presença confirmada de cetose devem evitar a realização do exercício físico e como precaução, glicemia > 300 mg/dL mesmo sem confirmação de cetose o exercício deve ser realizado com bastante cautela ou de preferência evitado. Entretanto, desde que o paciente esteja clinicamente bem, com diurese normal e com cetonas plasmáticas negativas não é necessário adiar o exercício fundamentado apenas na hiperglicemia.
Insulina
Na maioria dos casos, o exercício dura de 30 minutos a 1 hora. Para adaptar bem a dose de insulina correspondente a este período, as de ação ultra-rápida.
Adaptação da dose de insulina
Apesar de o exercício ser considerado parte do tratamento em DM1, a ADA enfatiza a necessidade do desenvolvimento de estratégias a fim de permitir aos indivíduos com DM1 participarem com segurança em programas de atividade física, com redução do risco de hipoglicemia. O exercício aumenta o risco de hipoglicemia tanto durante quanto até 31 horas, no período de recuperação. Existem escassos dados na literatura com orientação para ajustes de insulina durante o exercício.
A adaptação da dose de insulina ao exercício deve levar em consideração a sua intensidade. Exercícios de alta intensidade podem aumentar a glicemia durante o exercício, não necessitando algumas vezes de redução da dose de insulina que cobre o período do exercício, ou seja, a insulina ultra-rápida ou rápida da refeição anterior ao exercício.
É importante conhecer o efeito de cada tipo de exercício na glicemia para a realização da adaptação da insulina necessária. Para saber qual a melhor adaptação é necessário realizar monitorização da glicemia antes, durante e após o exercício. A partir desses registros é possível perceber qual o melhor esquema para cada exercício. Caso haja variação na intensidade e/ou na duração, o esquema de insulina será outro e os registros devem ser feitos para o exercício com novas características. Cada exercício deve ser registrado em mais de uma oportunidade para que se observe a tendência de resposta glicêmica.
Dessa forma, deve-se estar bastante atento para a adaptação da dose de insulina na prática de exercício, pois os diversos fatores ligados ao exercício devem ser considerados, quais sejam, intensidade, duração, tipo e horário. Nenhum protocolo proposto fundamentado em apenas um parâmetro poderá se adaptar a todos os tipos de exercício.
Reposição do carboidrato para o exercício:
Para o exercício planejado, a redução na dose de insulina é o método mais adequado para a redução da hipoglicemia. No entanto, para o exercício não programado a ingestão adicional de carboidrato (CHO) é necessária. Segundo recomendações da ADA (2) para um exercício de moderada intensidade, a ingestão adicional de 2 a 3 mg/kg/min de CHO é suficiente. Ou seja, uma pessoa de 70 kg precisaria de 10 a 15 g de carboidrato por hora de exercício moderado. Para exercícios de atividade intensa maior quantidade de CHO pode ser necessária.
Se pó ocasião do exercício os níveis de glicose sanguínea estiverem < 100 mg/dl durante o exercício, 15 g de CHO devem ser dministrados, como um açúcar de absorção rápida. Em torno de 10 g de CHO. Para atividade vigorosa com duração maior de 30 minutos, um adicional de 15 g de CHO pode ser necessário.
O uso de uma fonte de absorção rápida de hidrato de carbono, como uma bebida isotônica, pode ser muito útil em prevenir a hipoglicemia durante e após o exercício. Uma vantagem da suplementação de CHO sob a forma de fluidos é a manutenção da hidratação.
Quando o atleta já está em treinamento, a maioria dos ajustes para impedir a hipoglicemia induzida pelo exercício será feita pelo suplemento dietético com hidrato de carbono. Isso envolverá uma quantidade especificada de hidrato de carbono em quantidade apropriada a prevenir a redução da glicemia.
A quantidade de hidrato de carbono requerida gira em torno de 15 a 60 g. As bebidas que contêm o hidrato de carbono 5% a 10% podem ser boas escolhas, pois ajudam nas perdas fluidas durante o exercício. A maioria das bebidas comerciais desportivas tem o hidrato de carbono a aproximadamente 6% a 7%. As quantidades são identificadas facilmente nos rótulos. As bebidas que contêm o hidrato de carbono de 10% podem causar desconforto gastrintestinal e devem ser diluídas.
Uma hidratação apropriada é essencial e pode ser feita com 500 ml de líquido, duas horas antes do exercício. Durante o exercício, o líquido deve ser reposto freqüentemente em uma quantidade suficiente para compensar perdas no suor.
A autominitorização antes e após o exercício é fundamental para identificar quando será necessária a mudança na dose de insulina ou a ingestão de alimentos, bem como para identificar a resposta glicêmica a diferentes condições de exercícios.
A resposta glicêmica ao exercício é afetada por diversos fatores, como a intensidade, a duração, o horário do exercício, as condições ambientais, o estresse e a absorção da insulina e de suplementos dietéticos. Para observar estas diferentes respostas é necessário uma monitorização glicêmica.
Quando há uso de bomba de insulina, ela permite maior liberdade e comodidade quanto ao conteúdo das refeições e à prática de exercícios físicos, visto que esta última é favorecida também em virtude dessa terapêutica utilizar-se apenas de um sítio de aplicação.
São escassos na literatura dados sobre o efeito de exercício resistido, sem exercício aeróbico, no controle metabólico em DM1. Tendo em vista que DM1 é mais prevalente em pessoas jovens que freqüentam academias, a resposta sobre o efeito do treinamento resistido no controle metabólico em DM1, assim o controle médico e nutricional é indispensável para que o indivíduo diabético tenha o desempenho desejado.
Postado por: Sueli Merz




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