segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fisiculturismo x saúde

A crescente valorização do corpo nas sociedades de consumo pós-industriais – refletida nos meios de comunicação de massa, que expõem como modelo de corpo ideal e de masculinidade um corpo inflado de músculos – pode estar contribuindo para que um número crescente de jovens envolva-se com o uso de esteróides anabolizantes, na intenção de rapidamente desenvolver massa muscular.

A porcentagem de estudantes do curso secundário que utiliza substâncias anabólicas cresceu 50% nos últimos quatro anos, o que levou o governo norte-americano a lançar uma campanha nacional para alertar os jovens dos perigos associados à sua utilização. No Brasil, estudos que abordem o uso de anabolizantes são escassos, não existindo dados epidemiológicos que indiquem a extensão do consumo dessas substâncias.

Nota-se frequente uso de esteróides, anabolizantes e outras substâncias em diversas etnias e países por fisiculturistas, atletas e participantes em competições em provas de levantamento de peso e sustentação e de provas de campo, como arremesso de peso e disco. Um número considerável de atletas do sexo feminino, também estão abusando do uso de esteróides anabolizantes, principalmente aquelas que se dedicam à fisicultura e ao levantamento de peso.

Os meios de comunicação de massa têm noticiado com alguma freqüência o consumo dessas substâncias nas academias de musculação, e chamado a atenção para os casos de efeitos colaterais graves decorrentes de seu uso abusivo. Nos bairros populares, a prática do fisiculturismo se realiza freqüentemente em academias de musculação que funcionam em espaços improvisados e equipados de forma precária.

O culto ao corpo se traduz em um investimento narcísico, onde se enfatiza o prazer na admiração do próprio corpo em frente ao espelho. Esse exagero no culto ao corpo traz diversos fatores de risco para a saúde como dislipidemia, alteração nos fatores da coagulação e hipertrofia do miocárdio, verificando-se assim a relação de agravos a problemas cardíacos. Várias publicações científicas têm chamado a atenção para mudanças de humor, aumento da agressividade e dependência psíquica entre os usuários, durante o período de utilização dessas substâncias, outros estudos indicam a necessidade de se desenvolver ações culturalmente apropriadas, voltadas para a prevenção do abuso de anabolizantes pelos jovens fisiculturistas, ou seja, ações que levem em conta o contexto sociocultural em que ocorre o consumo de anabolizantes e os significados que lhe são associados pelos usuários.

Postado por: Daniela Alvarenga, Elineides Silva.

REFERÊNCIAS:
CHOI, P. Y. & POPE Jr., H. G., 1994. Violence toward women and illicit androgenic-anabolic steroid use. Annals of Clinical Psychiatry, 6:21-25.

COURTINE, J. J., 1995. Os Stakhanovistas do narcisismo: Body-building e puritanismo ostentatório na cultura americana. In: Políticas do Corpo (D. B. Sant’Anna, org.), pp. 39-48, São Paulo: Estação Liberdade.

DURANT, R. H.; RICKERT, V. I.; ASHWORTH, C. S.; NEWMAN, C. & SLAVENS, G., 1993. Use of multiples drugs among adolescents who use anabolic steroids. New England Journal of Medicine, 328: 922-926.

EVANS, N., 1997. Gym and tonic: Profile of 100 male steroid users. British Journal of Sports Medicine, 31:54-58.

FOLHA DE SÃO PAULO Strauss, R.H. Liggett, M.T., Lanese, R.R. Anabolic steroid use and perceived effects in tem weight-trained women athletes. J.Am. Méd. Asso. 253:2873, 1985

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