Juventude e boa aparência são
predicados estéticos que denotam valor à pessoa – não é simplesmente um
fenômeno da modernidade, pois a Grécia Antiga, o Egito Antigo e mesmo a Europa
da Idade Média tinham seu constructo de beleza e estética. O que a modernidade
trouxe de “novo” foi o fato de transformar a beleza e a juventude em produto e,
como tal, poderia ser adquirido/comprado.
Exatamente é esse constructo da beleza
como mercadoria que acarreta o rápido crescimento de procedimentos e técnicas
de rejuvenescimento da pele, não importando o quanto elas “custem”, tanto em
termos financeiros como em saúde. Portanto, pensar e entender cientificamente
os mecanismos de envelhecimento da pele é importante para a disponibilização de
procedimentos seguros, efetivos e também acessíveis em termos de custo. A
nutrição equilibrada e os compostos bioativos são elementos chaves para a
manutenção da saúde e da beleza da pele.
O envelhecimento envolve fatores
ambientais (irradiação solar, fumo, dieta pobre em vitaminas e minerais) e
fatores internos (depleção de enzimas antioxidantes, aumento da produção de
radicais livres, redução da capacidade de reparação de tecidos, redução da
vascularização, depleção hormonal etc). Podemos apontar que o avançar da idade
interfere, na pele, nos processos de permeabilidade, cicatrização,
angiogênese, função imunológica, produção de suor, síntese de vitamina D,
alterações no mecanismo de estabilidade e reparo do DNA, na síntese de lipídeos
e no metabolismo celular como um todo.
É a partir dos 20 anos de idade que
ocorre depleção das fibras de elastina da pele e após os 30 anos, as fibras de
colágeno também perdem a capacidade de reposição adequada, fatores que são
intensificados com o passar dos anos e correspondem a perda da firmeza e elasticidade
e ganho de rugas finas.
Em termos nutricionais, a pele possui
papel importante na síntese da forma ativa da vitamina D, que é um nutriente
atuante em diversos órgãos e tecidos. A vitamina D tem como funções a regulação
e a diferenciação de tecidos, a liberação de agentes inflamatórios -citocinas.
Além disso, a vitamina D atua na proteção da pele ao interferir no processo de
morte celular – apoptose – e na indução da expressão de genes de peptídeos
antimicrobianos, os quais previnem infecções oportunistas na pele. Os estudos
mostram que a concentração de precursores de vitamina D na pele é, pelo menos,
2 vezes maior entre a população jovem em comparação com a população idosa.
Quais os procedimentos nutricionais que
podem ser adotados para previnir o envelhecimento da pele e as doenças de pele
associadas? Há uma série de nutrientes e alimentos que podem ser consumidos
regularmente como forma de manutenção da saúde da pele e estão discutidos
abaixo:
·
Dieta equilibrada em calorias e nutrientes influencia a resposta de
genes relacionados ao processo de biossíntese, o que promove o reparo do DNA, a
correta sinalização hormonal na pele e a regulação da apoptose;
·
O consumo de alimentos fontes de vitamina D (óleo de fígado, arenque,
sardinha, salmão, ovos, leite integral) também são importantes
para a promoção da biossíntese e regulação da apoptose na pele;
·
O consumo de vitaminas antioxidantes (vitaminas C e E) inibe a produção
de radicais livres, os quais estão envolvidos no processo de envelhecimento,
além de certas doenças. A vitamina E (óleos, sementes, grãos) age na
estabilização da membrana celular, reduz o eritema, melhora a secreção de sebo
e a hidratação da pele. A vitamina C atua na síntese de colágeno e no aumento
da biodisponibilidade de selênio – mineral que constitui o grupo de enzimas
antioxidantes mais potentes do organismo: as glutationas;
·
A reposição de colágeno na pele por meio de suplementação de colágeno
hidrolisado tem se mostrado efetiva a partir dos 30 anos, segundo os estudos;
·
O consumo de carotenóides, principalmente o betacaroteno (cenoura,
abóbora, mamão, damasco) e o licopeno (tomate, melancia, pitanga, goiaba, romã)
é importante devido às suas ações fotoprotetora e antioxidante – inibe a
produção de radicais livres;
·
O consumo regular de chá verde tem ação fotoprotetora, pois inibe os
efeitos dos raios solares UVB, previne danos ao DNA e também possui atividade
antioxidante. Os compostos presentes no chá verde responsáveis por essas propriedades
são os polifenóis;
·
Outros compostos bioativos com propriedade antioxidante e fotoprotetora
são a curcumina (cúrcuma, açafrão, curry), o resveratrol (suco de uva integral,
suco de cranberry, suco de amora, uvas) e a genisteína (soja, farinha de soja),
entre outros.
Desse modo, podemos concluir que
a saúde e a beleza da pele estão relacionadas à prevenção da exposição solar,
ao uso de filtros solares e à adoção de dieta equilibrada e rica em
compostos antioxidantes e fotoprotetores.
Postado por Keite Lago e Cláudia Simionato
Referências
Balasubramanian S and Eckert RL. Curcum suppress AP1 transcription factor-dependent differentiation and
actives apoptosis in humans epidermal keratinocytes. J Biol Chem. 2007; 282:
6707-6715.
Katiyar S et al. Green tea and skin cancer: photoimmunology, angiogenesis and DNA repair. J Nutr Biochem. 2007; 18: 287-296.
Mantena SK et al. Orally administrated green tea polyphenols prevent ultraviolet radiation-induced skin cancer in mice through activation of cytotoxic T cells and inhibition of angiogenesis in tumors. J Nutr. 2005; 135: 2871-2877.
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