terça-feira, 7 de maio de 2013

Transtornos alimentares e Prática de atividade física




Transtornos alimentares (TA) são distúrbios psiquiátricos de etiologia multifatorial caracterizados por consumo, padrões e atitudes alimentares extremamente perturbadas e excessiva preocupação com o peso e a forma corporal. O diagnóstico de um TA tem critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, no Código Internacional de Doenças3, e pela Associação de Psiquiatria Americana, no Manual de Estatísticas de Doenças Mentais (DSM-IV), e deve ser feito preferencialmente por um psiquiatra. A baixa prevalência e incidência dos TA torna os estudos de prevalência ou incidência de difícil realização. A utilização de entrevistas estruturadas feitas por psiquiatra para diagnóstico é inviável em grandes estudos, assim instrumentos de avaliação – como questionários – foram desenvolvidos tendo a vantagem da objetividade, baixo custo e possibilidade de exploração estatística. Estudos epidemiológicos com TA são complexos e difíceis de serem realizados, portanto pesquisas sobre comportamento de risco podem dar um indício do problema em determinado local e população.

Os impactos positivos da prática regular de exercícios físicos para a saúde são evidenciados na literatura por meio de estudos epidemiológicos. Benefícios fisiológicos como manutenção do peso corporal, prevenção de doenças cardiovasculares e osteoarticulares, controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol, além de benefícios psicológicos e sociais como melhora da autoestima e do convívio social, prevenção de depressão e estresse são exemplos desse impacto. No entanto, indivíduos com transtornos alimentares (TA) frequentemente não se beneficiam, na medida em que podem utilizá-los como estratégia para perder peso de forma inadequada e por vezes de forma compulsiva. Diferentes autores descrevem a relação entre o comportamento compulsivo e a prática de exercícios físicos nesses pacientes, embora características e definições não sejam consensuais.

Sugere-se que aproximadamente 80% dos pacientes com diagnóstico de anorexia nervosa (AN) e 55% dos pacientes com bulimia nervosa (BN) praticam exercício físico de forma compulsiva em algum momento de sua história clínica. Estudos mostram que os TAs também podem ser encontrados em atletas de alto nível; ginastas, jóqueis e corredores olímpicos colocam-se ao lado de bailarinas profissionais entre as populações de maior prevalência

Para verificar se o exercício físico compulsivo seria parte de um transtorno alimentar ou uma prática excessiva isolada, Adkins e Keel dividiram uma amostra de 265 universitários (sendo 162 mulheres e 103 homens, incluindo desde atletas até indivíduos que não praticavam exercícios regularmente) em dois grupos e realizaram um estudo no qual concluiu que a qualidade do exercício predizia positivamente a presença de sintomas de BN, enquanto a quantidade de exercício não. Esse achado sugere a ideia de que o exercício "não saudável" pode constituir um sintoma de BN quando ele é compulsivo e não excessivo baseado nos critérios quantitativos.

Ainda não há consenso sobre o termo que melhor caracterize o indivíduo com TA que pratica exercícios físicos de forma inadequada. A revisão de literatura possibilita considerar que "excesso" de exercícios não deve ser analisado apenas em quantidade, mas igualmente qualitativamente.


Postado por: Thais C. S. Silva

Referência:


Alvarenga, MS et AL, Comportamento de risco para transtorno alimentar em universitárias brasileiras. Rev. psiquiatr. clín. vol.38 no.1 São Paulo  2011

Teixeira, PC et al. A prática de exercícios físicos em pacientes com transtornos alimentares. Rev. psiquiatr. clín. vol.36 no.4 São Paulo  2009





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