Já
está bem definido que o exercício físico (EF), enquanto modelo mensurável de
indução de stress, provoca alterações funcionais no sistema imunológico (SI).
Diferentes
tipos e cargas de EF podem provocar alterações distintas no SI. Neste sentido,
é importante conhecer como o exercício agudo (carga súbita de EF), moderado
(entre 50 a 65% do VO2máx) ou intenso (acima de 65% do VO2máx) podem
influenciar alguns parâmetros da imunidade tanto celular como humoral.
A
relação entre EF e SI tornaram-se mais sólidas a partir de observações
realizadas por pesquisadores acerca do aumento da incidência de infecções do
trato respiratório superior (IRTS) em atletas após treinamentos intensos ou
prolongados, e/ou competições exaustivas.
Os efeitos do EF sobre os componentes
do SI são empiricamente conhecidos, apesar de só recentemente estarem a ser
estudados os mecanismos subjacentes a estas influências.
De
forma geral, o EF agudo provoca um aumento na concentração de leucócitos na
circulação. A leucocitose observada durante e após o exercício decorre
principalmente do aumento da concentração de neutrófilos. Este aumento parece
resultar da migração de células do tecido endotelial para o sangue ou como
parte da resposta inflamatória às lesões no tecido muscular.
Durante
um EF agudo ocorre também um aumento da concentração dos linfócitos T, seguido
de uma diminuição no período de recuperação.
Um
linfócito ativado deve proliferar antes que sua prole se diferencie em células
efectoras para a produção de linfócitos específicos em número suficiente ara
combater uma infecção. A duração e a intensidade do EF parecem ser
determinantes na resposta proliferativa de linfócitos. Em humanos, a resposta
proliferativa de linfócitos T em resposta a um EF a 50% e 75% do VO2máx
(durante 1 hora) parece diminuir no período de recuperação. Contudo, durante e
após um EF máximo de curta duração (6 minutos) não ocorreu alteração da
resposta proliferativa de linfócitos.
Muitos
aspectos da relação existente entre exercício físico e imunidade ainda não
estão totalmente esclarecidos. Fatores como: o período de avaliação da
alteração e da resposta imunológica, o nível de aptidão física e nutricional do
indivíduo, o estado psicológico, o overtraining, as condições climáticas e os
precedentes alérgicos e inflamatórios no trato respiratório, merecem ser
considerados. A natureza transitória das alterações observadas pode,
simplesmente, refletir uma automodulação das células imunes em busca da
homeostase.
Postado
por: Thais C. S. Silva
Referência:
LEANDRO, C. et al. Exercício
físico e sistema imunológico: mecanismos e integrações. Revista Portuguesa de
Ciências do Desporto, 2002, vol. 2, nº 5 [80–90]
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