terça-feira, 18 de junho de 2013

Exercício Físico e Sistema Imunológico


Já está bem definido que o exercício físico (EF), enquanto modelo mensurável de indução de stress, provoca alterações funcionais no sistema imunológico (SI).

Diferentes tipos e cargas de EF podem provocar alterações distintas no SI. Neste sentido, é importante conhecer como o exercício agudo (carga súbita de EF), moderado (entre 50 a 65% do VO2máx) ou intenso (acima de 65% do VO2máx) podem influenciar alguns parâmetros da imunidade tanto celular como humoral.

A relação entre EF e SI tornaram-se mais sólidas a partir de observações realizadas por pesquisadores acerca do aumento da incidência de infecções do trato respiratório superior (IRTS) em atletas após treinamentos intensos ou prolongados, e/ou competições exaustivas. 

Os efeitos do EF sobre os componentes do SI são empiricamente conhecidos, apesar de só recentemente estarem a ser estudados os mecanismos subjacentes a estas influências.

De forma geral, o EF agudo provoca um aumento na concentração de leucócitos na circulação. A leucocitose observada durante e após o exercício decorre principalmente do aumento da concentração de neutrófilos. Este aumento parece resultar da migração de células do tecido endotelial para o sangue ou como parte da resposta inflamatória às lesões no tecido muscular.

Durante um EF agudo ocorre também um aumento da concentração dos linfócitos T, seguido de uma diminuição no período de recuperação.

Um linfócito ativado deve proliferar antes que sua prole se diferencie em células efectoras para a produção de linfócitos específicos em número suficiente ara combater uma infecção. A duração e a intensidade do EF parecem ser determinantes na resposta proliferativa de linfócitos. Em humanos, a resposta proliferativa de linfócitos T em resposta a um EF a 50% e 75% do VO2máx (durante 1 hora) parece diminuir no período de recuperação. Contudo, durante e após um EF máximo de curta duração (6 minutos) não ocorreu alteração da resposta proliferativa de linfócitos.

Muitos aspectos da relação existente entre exercício físico e imunidade ainda não estão totalmente esclarecidos. Fatores como: o período de avaliação da alteração e da resposta imunológica, o nível de aptidão física e nutricional do indivíduo, o estado psicológico, o overtraining, as condições climáticas e os precedentes alérgicos e inflamatórios no trato respiratório, merecem ser considerados. A natureza transitória das alterações observadas pode, simplesmente, refletir uma automodulação das células imunes em busca da homeostase.



Postado por: Thais C. S. Silva

Referência:
LEANDRO, C. et al. Exercício físico e sistema imunológico: mecanismos e integrações. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2002, vol. 2, nº 5 [80–90]

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