sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Formação dos hábitos alimentares das crianças

O profissional de saúde que faz a orientação nutricional de crianças e adolescentes precisa se informar sobre rotulagem, divulgação e promoção de alimentos processados que, progressivamente, passam a compor a dieta da população infanto-juvenil. A possibilidade de orientar a população quanto ao consumo adequado de alimentos pode amenizar e corrigir erros, diminuindo seus efeitos deletérios e, simultaneamente, promover o redirecionamento da oferta de alimentos pelo setor produtivo à sociedade de consumo e seus mecanismos de divulgação.
A formação dos hábitos alimentares se processa gradualmente, principalmente durante a primeira infância, de forma que quaisquer inadequações devem ser retificadas no tempo apropriado sob orientação correta. Nesse processo, também estão envolvidos valores culturais, sociais, afetivos ou emocionais e comportamentais.
A criança exerce um papel ativo desde os primeiros anos de vida, quando já é capaz de influenciar os cuidados e as relações familiares de que participa. É um processo que ocorre dentro das relações influenciada por aqueles ao seu redor. A mídia televisiva tem participação ativa e majoritária nas atividades prosaicas infanto-juvenis; assim, os meios de comunicação acabam por desempenhar papel estruturador na construção e desconstrução de hábitos e práticas alimentares. Logo, a propaganda agrada às emoções, não ao intelecto, afetando mais profundamente crianças que adultos criando o falso conceito de alimento como algo que dê poder é perigoso por permitir que as indústrias alimentícias explorem a vulnerabilidade das crianças.
No ambiente familiar é fundamental que os pais participem ativamente das escolhas alimentares de seus filhos desde a primeira infância. Participar deste processo, no entanto, é muito mais do que o preparo da comida mas sim preconizar que as refeições sejam feitas à mesa, tornando aquele momento prazeroso à criança e ao adolescente
Logo, ações sobre o ambiente familiar requerem intervenções sobre um amplo contexto e implicam não só mudanças de hábitos de toda a família, englobando desde refeições à mesa até prática de atividades físicas em conjunto, sejam elas desportivas, sejam passeios alternativos aos finais de semana. Assim, evita-se que crianças e adolescentes fiquem reclusos e sedentários em casa, assistindo à televisão ou usando o computador
Quanto ao ambiente escolar, a meta da educação nutricional deve ser a instrução das crianças e adolescentes sobre os princípios gerais de nutrição e alimentação, orientando comportamentos específicos para que estes se tornem aptos a fazerem escolhas conscientes ao longo de suas vidas.
Por mais educativa que a programação possa ser, a interação com os desenhos e personagens animados é autolimitada. Em geral, as imagens são veiculadas rapidamente e a criança não tem tempo suficiente para compreender parte do que é transmitido, nem para desenvolver um senso crítico ou raciocínio lógico a respeito de tais informações.

Assim sendo, como a televisão abrevia parte da criatividade das crianças, os pais devem investir nas brincadeiras, como alternativa extremamente benéfica ao desenvolvimento cognitivo de seus filhos. Afinal, além da função educativa, o ato de brincar pode ser ótimo exercício para o corpo. Percebidas como atividades físicas, as brincadeiras em ambiente aberto atuam como uma importante medida preventiva e mesmo terapêutica contra a obesidade infanto juvenil.
Em suma, parece evidente que a introdução da TV no cotidiano das crianças brasileiras tem progressivamente afetando parte de experiências imprescindíveis para seu desenvolvimento, para o fortalecimento dos laços familiares e mesmo para a criação de vínculos sociais. Logo, é imprescindível que quaisquer ações estimulem uma dieta alimentar equilibrada, associada a brincadeiras e atividades físicas, e fomentem alternativas atraentes e prazerosas que ocupem o tempo de lazer em substituição à televisão e ao computador





Postado por Gabriela Downey e Silvia Carvalho
Referências Bibliográficas:

-Pontes TE, Feitosa TC, Marum AB, Brasil AL, Taddei JA. Propagandas de alimentos; embalagens; rótulos. In: Palma D, editor. Guia de nutrição: nutrição clínica da criança e do adolescente. Barueri (SP): Manole; 2008. No Prelo
-Almeida S de S, Nascimento PC, Quaioti TC. Amount and quality of food advertisement on Brazilian television. Rev Saude Publica 2002;36:353-5
-PONTES, Tatiana Elias et al. Orientação nutricional de crianças e adolescentes e os novos padrões de consumo: propagandas, embalagens e rótulos. Rev Paul Pediatr 2009;27(1):99-105
            

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