terça-feira, 13 de maio de 2014

Relação de ômega 6 para ômega 3.


O ômega 3 tem importante função na formação, desenvolvimento e funcionamento do cérebro e da retina, sendo predominante na maioria das membranas celulares desses órgãos. Na retina, encontra-se ligado aos fosfolipídios   que estão associados à rodopsina, uma proteína que interage no processo de absorção da luz. Seu mecanismo de ação possivelmente está relacionado com aumento na eficiência do processo de transdução da luz e com regeneração da rodopsina. A diminuição dos níveis desse ácido graxo nos tecidos da retina tem sido associada, em recém nascidos com anormalidades no desenvolvimento do sistema visual, e em adultos com a diminuição da acuidade visual.
Por ser altamente insaturado, o ADH atua influenciando as propriedades físicas das membranas cerebrais, as características dos seus receptores, as interações celulares e a atividade enzimática. Com o envelhecimento do indivíduo, há um aumento do estresse oxidativo, que atua reduzindo os níveis do ADH e do AA no cérebro. Esse processo resulta em um aumento na proporção de colesterol no cérebro e ocorre em maior intensidade nas doenças de Alzheimer, Parkinson e na esclerose lateral amiotrófica. 
Observa-se que as dietas deficientes em ácidos graxos w-3 provocam o declínio da concentração de ADH nos tecidos do cérebro e da retina, elevando a quantidade de ADP. Esses resultados evidenciam que um alto grau de insaturação é requerido no cérebro, pois, na ausência do ADH e de seus precursores, ocorre a síntese do AGPI-CL mais semelhante ao ADP.
O AA está fortemente relacionado com o desenvolvimento do cérebro e da retina durante o período gestacional e os primeiros anos de vida. Embora seja encontrado no cérebro em quantidades menores que o ADH, os fosfolipídios associados aos neurônios são altamente enriquecidos com esse ácido graxo, o que tem sugerido o seu envolvimento na transmissão sináptica. Pela ação das fosfolipases, estimuladas por neurotransmissores e neuromoduladores, o AA é obtido na forma de ácido graxo livre.Nessa forma, o AA permanece por um curto espaço de tempo, podendo alterar a atividade dos canais iônicos e das proteínas quinases. 
Tanto os prostanóides como os leucotrienos agem de forma autócrina e parácrina, influenciando inúmeras funções  celulares que controlam mecanismos fisiológicos e patológicos no organismo. Entre os prostanóides, a maior afinidade dos AA pelo ciclo oxigenase resulta em uma maior probabilidade de obtenção das prostaglandinas e tromboxanos, as prostaglandinas que participam de inúmeros processos inflamatórios no organismo. Por isso o w 3 possui propriedades anti- inflamatórias. Em função dessas diferenças fisiológicas tem se proposto que a produção excessiva de prostanóides está relacionada com a desordem imunológica, doenças cardiovasculares e inflamatórias , sendo recomendado aumentar a ingestão de ácido graxo w-3 para elevar a produção de prostanóides.

A razão entre ácido graxo w3 e w6 

Os ácidos graxos da família w6 e w3 competem pelas enzimas envolvidas nas reações de dessaturação e alongamento da cadeia. Embora essas enzimas tenham maior afinidade pelos ácidos da família w3 a conversão do ácido alfa- linolênico em AGPI-CL é fortemente influenciada pelos níveis de ácido linoléico na dieta. Assim a razão entre a ingestão diária de alimentos fontes de ácidos graxos w6 e w3 assumi grande importância na nutrição humana, resultando em várias recomendações.
Estima-se que antigamente antes da industrialização a razão de w6/w3 estava em torno de 1:1 2:1, devido ao consumo abundante de vegetais e de peixes contendo ácidos graxos w3. Com a industrialização ocorre um aumento progressivo dessa razão, devido a produção de óleos refinados com alto teor de AL e a diminuição da ingestão das frutas e verduras resultando em dietas com quantidades inadequadas de w3. 
A necessidade de diminuir a razão de w6/w3 nas dietas modernas também tem sido sugerida, pois destaca a diminuição de 70% na taxa de mortalidade em pacientes com doença cardiovascular, quando a razão AL/AAL foi de 4:1 a redução das inflamações das artrites.
Embora o organismo humano seja capaz de produzir ácidos graxos de cadeia muito longa (AGPI-CML), a partir dos ácidos linoléico (AL) e alfa-linolênico (AAL) a sua síntese é afetada por diversos fatores, que podem tornar a ingestão desses ácidos graxos essencial para a manutenção de uma condição saudável. A razão n-6/n-3 da dieta tem grande influência sobre a produção de AGPI-CML da família n-3, sendo que razões elevadas resultam na diminuição da produção do ácido eicosapentaenóico (AEP), condição que
contribui para o desenvolvimento de doenças alérgicas, inflamatórias e cardiovasculares. Assim, é preciso efetuar estudos que permitam estimar a razão n-6/n-3 na dieta da população brasileira. O crescente estudo sobre os processos metabólicos, que resultam na produção de inúmeros derivados dos AGPI-CML, ampliará a compreensão das funções desses ácidos graxos no organismo, intensificando o conceito da sua
essencialidade. Nos próximos anos, certamente, estará disponível para o consumidor um número cada vez maior de alimentos contendo AGPI-CML.
Para os alimentos de origem vegetal, isso poderá ser alcançado por meio de alterações genéticas em espécies oleaginosas, que resultarão na biossíntese desses ácidos graxos. Além disso, é preciso diminuir a ingestão diária de AL para possibilitar o aumento da produção de AGPI-CML w-3 no organismo, pois o excesso de AGPI-CML w-6 aumenta a formação de prostanóides da série, condição, que é desfavorável ao organismo. 

Postado por: Carolina Barsotti
Referencia Bibliográfica: http://www.scielo.br/pdf/rn/v19n6/10.pdf
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário