segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Cogumelo do Sol ou Agaricus sylvaticus

A suplementação dietética com cogumelos de diversas espécies tanto com fins nutricionais quanto medicinais, é descrita como frequente nas antigas sociedades. No caso do cogumelo Agaricus sylvaticus, suas diversas propriedades benéficas ao organismo tem despertado interesse. Resumidamente, é descrito como agente antitumoral, antiviral, antitrombótico, hipolipidêmico e antioxidante; possuindo uma ampla gama de substâncias como ácido linoléico e oléico, proteínas, vitaminas e polissacarídeos.

O fungo Agaricus sylvaticus têm sido utilizado, nos últimos anos, como uma estratégia terapêutica adjuvante em pacientes com diversos tipos de câncer. Apesar do seu exato mecanismo de ação não ter sido completamente elucidado, vários pesquisadores o documentaram como inibidor de crescimento tumoral, além de produzir efeitos hematológicos e imunológicos benéficos, tais como aumento do número de hemácias e estimulação da função e número de macrófagos, neutrófilos, células NK, monócitos e linfócitos.

Tal cogumelo também é utilizado em outros tipos de desordens como infecções, alergias, asma e inflamações, devido ao seu papel estimulante da imunidade inata, que possui um espectro de ação mais amplo.

Evidências científicas apontam a presença de substâncias bioativas com propriedades metabólicas e nutricionais, sendo a principal delas um complexo glucano-proteico. Diante disso, a empresa Cogumelo do Sol tem preparado um extrato na forma de xarope e comercializado como suplementação nutricional.

Em um estudo clínico preliminar feito com 78 indivíduos, o pó granulado do Agaricus sylvaticus foi bem tolerado na maioria dos pacientes e a suplementação com doses de 1,8/3,6/5,4 gramas por dia durante 6 meses não causou nenhum tipo de anormalidade nos parâmetros laboratoriais.

Os potenciais efeitos negativos envolvidos estão associados a presença de agaritina, metais pesados, compostos radioativos e substâncias não identificadas.

A agaritina, antigamente descrita como agente carcinogênico, é alvo de dúvidas no meio acadêmico. Trabalhos recentes demonstram que o seu papel no cogumelo do sol é justamente o oposto, potencializando o efeito antitumoral deste fungo.

Quanto aos metais pesados, como arsênio, chumbo, cádmio e mercúrio e compostos radioativos, os cogumelos são organismos com capacidade de acumular e concentrar tais substâncias, o que poderia causar danos muito mais significativos em comparação aos possíveis efeitos terapêuticos. Por outro lado, não há relatos de danos causados por nenhuma destas substâncias descritas até o momento, tanto em estudos in vitro quanto com animais.

Em estudos clínicos, alguns efeitos adversos têm sido demonstrados, apesar de não serem frequentes. Os principais são dermatite de contato e disfunções hepáticas, devido à sobrecarga no metabolismo do fígado. A incidência de hepatite aguda gerada é limitada a alguns poucos pacientes. Dois outros efeitos foram recentemente descobertos: a alergia alimentar e o desconforto durante a digestão.

Há outra questão que também deve ser levada em consideração. Algumas substâncias do cogumelo do sol possuem a capacidade de diminuir a atividade de enzimas do complexo citocromo P450, responsáveis pela metabolização de diversos fármacos. Como consequência, a ação de um fármaco pode ser prolongada, o que pode levar ao aparecimento de outros efeitos colaterais.

Apesar dos numerosos relatos de segurança e eficácia dos produtos derivados do Agaricus sylvaticus a nível pré-clínico, pesquisas adicionais são necessárias, principalmente estudos clínicos randomizados, o que possibilitaria a determinação da dose e outras condições clínicas para o uso adjuvante deste cogumelo. Os efeitos adversos possíveis, como danos hepáticos, reforçam a ideia de que este produto necessita de melhor monitoramento pelas instituições competentes, pois é largamente utilizado e vendido livremente.



Fonte: http://bromatopesquisas-ufrj.blogspot.com.br/2011/12/verdades-e-mitos-sobre-o-cogumelo-do.html#more

Por: Laís R.R. Oliveira

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