A cafeína é uma das substâncias mais consumidas no mundo, conhecida por seus efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso central. De origem natural, está presente em bebidas como café, chá, refrigerantes e energéticos, além de compor suplementos alimentares voltados para o desempenho esportivo.
Breve Histórico da Cafeína
O consumo de café, principal fonte de cafeína, remonta aos séculos XV e XVI na Arábia, espalhando-se pela Europa no final do século XVI. Sua popularização no Brasil foi tamanha que, atualmente, metade do café produzido mundialmente vem do estado de São Paulo (MELLO et al., 2007). A descoberta da cafeína é cercada por lendas, como a do monge etíope que percebeu a energia extra que suas cabras apresentavam após comerem grãos de café (ALMEIDA et al., 2009; SILVA; GUIMARÃES, 2013).
Mecanismos Celulares da Cafeína
No nível celular, a cafeína atua como um antagonista competitivo dos receptores de adenosina, resultando em efeitos como aumento da liberação de neurotransmissores e maior disponibilidade de cálcio intracelular. Isso contribui para uma maior lipólise, melhora na contração muscular e redução da percepção de fadiga durante exercícios prolongados (STANFORD, 1989; PASMAN et al., 1995).
Além disso, a cafeína estimula a liberação de catecolaminas, o que eleva a taxa metabólica e aumenta a oxidação de gorduras. Esses efeitos são especialmente benéficos em modalidades esportivas de longa duração, favorecendo a preservação do glicogênio muscular e retardando a fadiga (BRAGA; ALVES, 2000).
Efeitos Ergogênicos e Desempenho Esportivo
Estudos indicam que a ingestão de doses moderadas de cafeína (3 a 6 mg/kg) pode melhorar significativamente o desempenho em exercícios de resistência e força. Pesquisas clássicas demonstraram aumento de até 19,5% no tempo de tolerância ao esforço após o consumo de cafeína antes do exercício (COSTILL et al., 1978; IVY et al., 1979).
Em exercícios de curta duração e alta intensidade, os efeitos ainda são controversos, mas algumas evidências apontam para uma melhora na força muscular e resistência à fadiga (KALMAR; CAFARELLI, 1999; ROY, 1994).
Riscos e Considerações
Apesar dos benefícios, o consumo excessivo de cafeína pode desencadear efeitos colaterais, como insônia, taquicardia, ansiedade e sintomas de abstinência, como irritabilidade e dores de cabeça. Além disso, a sensibilidade individual à cafeína varia conforme a frequência de consumo e fatores genéticos (LIMA et al., 2010).
Importante destacar que o Comitê Olímpico Internacional já classificou a cafeína como substância proibida, com limites específicos para a concentração urinária em atletas, embora atualmente tenha sido retirada da lista de substâncias banidas (ROY, 1994).
Por isso...
A cafeína pode ser uma aliada na nutrição esportiva, potencializando o desempenho físico e retardando a fadiga, especialmente em atividades de longa duração. Entretanto, seu uso deve ser orientado por um profissional qualificado, respeitando as individualidades e necessidades de cada atleta.
Referências:
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