quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


Controvérsia Cientifica – Creatina
           
Eric S. Rawson        
Priscilla M. Clarkson
   
Apesar de aproximadamente 300 estudos terem sido realizados para testar os efeitos da creatina no desempenho de exercícios, uma resposta definitiva para a questão “A creatina funciona” ainda é incerta para os cientistas.
Dados sugerem que a carga de creatina pode melhorar o desempenho em exercícios de alta intensidade que durem menos que 30s. Estudos reportam que os benefícios da creatina nos exercícios de treino de resistência são mais consistentes para demonstrar os efeitos positivos.
Parece ser possível que a creatina permita que alguns atletas treinem com cargas mais altas de trabalho. Ainda assim, a motivação poderia ser um fator de confusão nesses estudos porque é difícil se realizar estudos cegos quando não há aumento óbvio no peso corporal e no “edema” de músculos.
A creatina fosfato é um combustível crítico para a prática de sprints e outras atividades de curta duração que exigem grande produção de potência. A suplementação com creatina na dieta pode aumentar os níveis de creatina e creatina fosfato nos músculos, mas a resposta à suplementação apresenta muitas variações individuais.
É interessante observar que nenhum estudo relatou efeitos negativos da suplementação de creatina no desempenho (a menos que isso fosse secundário a um aumento do peso corporal).
O uso da creatina é comum. Pesquisas indicam que 17-74% dos atletas de diversas faixas etárias e que praticam diversas modalidades esportivas usam suplementos de creatina.
Mostrou-se que a suplementação de creatina melhora o desempenho de exercícios de alta intensidade e de curta duração (<30s), mas há poucas evidências que mostrem que essa tenha o mesmo efeito em exercícios que durem mais que 90 s.
A suplementação de creatina durante o treino de resistência pode permitir que os atletas completem mais repetições por série de um determinado exercício e permite que eles se “recuperem” mais rapidamente entre as séries.
O fato de a creatina ingerida não aumentar a concentração de creatina muscular em alguns indivíduos indica um potencial para a melhora do desempenho em exercícios de alta intensidade e de curta duração. Entretanto, há uma ampla variabilidade interindividual nas mudanças de creatina muscular em resposta à suplementação.
Não está claro porque alguns indivíduos têm mais propensão que outros para aumentar os níveis de creatina muscular em resposta à suplementação de creatina. Como não há exceções à regra de que um nível inicial alto de creatina muscular causa uma resposta deficiente à suplementação de creatina, diferenças nos níveis iniciais de creatina certamente não conseguem explicar totalmente a variabilidade na resposta à ingestão dessa substância.
Alguns indivíduos podem apresentar um gene variante que permite que armazenem mais creatina nos músculos. Se assim for, então amostras pequenas, característica de muitos trabalhos sobre os efeitos de creatina no desempenho de exercícios, poderiam ou super- ou infra- representar os indivíduos predispostos a aumentar os níveis de creatina muscular em resposta à suplementação destas.
O desempenho de alguns indivíduos, mas não de todos, pode melhorar com a suplementação de creatina; mas não há efeitos “mágicos” para todos. Se apenas alguns indivíduos se beneficiam, então essas pessoas têm uma vantagem injusta no desempenho esportivo. As questões éticas associadas à suplementação com creatina permanecem inconclusivas.

Sports Science Exchange Junho/Junho/Agosto 2004

Carina Ferreira de Melo
Marília Cremonezi

Nenhum comentário:

Postar um comentário