segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CROMO NO ESPORTE



 O cromo é um mineral-traço essencial presente em diminutas proporções em alguns alimentos como carnes, cereais integrais, oleaginosas e leguminosas. Atualmente, esse mineral tem sido utilizado como suplemento alimentar no meio esportivo com a proposta de promover maior ganho de massa muscular e maior perda de gordura corporal. A ingestão diária e segura de cromo em adultos está estimada entre 50 e 200µg/dia e, apesar de ser considerado um elemento essencial, não existe uma ingestão dietética recomendada (RDA) específica para o cromo.

Durante o exercício o cromo é mobilizado de seus estoques orgânicos para aumentar a captação de glicose pela célula muscular,mas sua secreção é muito mais acentuada em presença de insulina. O aumento da concentração de glicose sanguínea induzida pela dieta estimula a secreção de insulina que, por sua vez, provoca maior liberação de cromo. O cromo em excesso no sangue não pode ser reabsorvido pelos rins, sendo, conseqüentemente, excretado na urina.

Existem, ainda, algumas evidências sobre a função do cromo no metabolismo lipídico, as quais parecem estar relacionadas com o aumento das concentrações de lipoproteínas de alta densidade (HDL) e a redução do colesterol total e de lipoproteínas de baixa densidade (LDL, VLDL), por meio do aumento da atividade da enzima lipase de lipoproteínas em indivíduos com dislipidemias. A diminuição da concentração plasmática de colesterol induzida pelo cromo está relacionada ao fato desse mineral promover a inibição da enzima hepática hidroximetilglutaril-CoA redutase, causando, desse modo, efeito hipolipemiante.

O Cr 3+ não é a forma mais tóxica encontrada, porém esta forma é tóxica ao organismo quando ingerida em dosagens extremamente elevadas. Contudo, os graves problemas relacionados à intoxicação com cromo se referem ao Cr, que, normalmente, é inalado em ambientes industriais e pode causar ulceração do septo na quando a demanda deste último for maior.

A partir de 21 estudos clínicos randomizados – descritos em uma recente metanálise, nos quais indivíduos saudáveis e pacientes com diabetes tipo 2 receberam entre 10,8 e 1.000µg de cromo por dia durante 28 dias a 16 meses, não foi observada qualquer evidência de efeito tóxico decorrente da suplementação de cromo. Todavia, outros estudos têm relatado efeitos prejudiciais da suplementação com cromo, tais como distúrbios do sono,alterações de humor, dores de cabeça, aumento da excreção de minerais-traços e alteração do metabolismo do ferro.

Em um estudo foi observado que a suplementação com cromo (3,3-3,5µmol como cloreto de cromo ou picolinato de cromo)durante oito semanas resultou em diminuição não significativa na saturação da transferrina, a qual foi maior para o grupo suplementado com picolinato de cromo em comparação com o grupo suplementado com cloreto de cromo. Esse fato pode ter ocorrido devido ao cromo competir com o ferro pela ligação à transferrina, o que pode predispor o indivíduo à deficiência de ferro.

Tanto o exercício físico quanto a ingestão de açúcares podem aumentar a excreção urinária de cromo; contudo, se esses fatos induzem a uma deficiência de cromo ou se atletas são capazes de aumentar a eficiência ou a retenção do cromo no organismo isso é ainda desconhecido. Cabe ressaltar que não existem evidências científicas para concluir que a suplementação com cromo altere significativamente a composição corporal. A suplementação com cromo, possivelmente, atua como um fator adicional ao exercício físico na melhora dos quadros de resistência à insulina, mas ainda poucos estudos específicos se encontram na literatura que avaliam a ação conjunta do exercício físico e da suplementação de cromo sobre a sensibilidade à insulina. Há, sem dúvida, necessidade de outros estudos envolvendo esses três fatores para uma compreensão real dessa interação no organismo humano.
Potado por Cláudia Simionato e Keite Lago

Referências Bibliograficas

Mertz W. Chromium occurrence and function in biological systems. Physiol Rev 1969;49:163-239.
 Clarkson PM. Effects of exercise on chromium levels: Is supplementation required? Sports Med 1997;23:341-9.
 Zima T, Mestek O, Tesar V, Tesarova P, Nemecek K, Zak A, et al. Chromium levels in patients with internal diseases. Biochem Mol Biol Int 1998;46:365-74.

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