sábado, 7 de julho de 2012

Alongamento muscular na performance e na prevenção de lesões



Os exercícios de alongamento muscular estão entre os mais comumente utilizados na reabilitação e na prática esportiva. São técnicas utilizadas para aumentar a extensibilidade musculotendínea e do tecido conjuntivo muscular e periarticular, contribuindo para aumentar a flexibilidade. Existem basicamente três métodos de alongamento para desenvolver a flexibilidade: o alongamento passivo, o ativo e a facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP). Apesar de o método FNP ser o mais eficaz, o alongamento estático é o mais utilizado, pois é o método mais seguro, simples e com menor risco de lesão. No método estático, o membro é mantido em posição estacionária em seu maior comprimento possível por um período de 15 a 60 segundos. O procedimento deve ser realizado de forma lenta e gradual para evitar a resposta neurológica do reflexo do estiramento e estimular a atividade dos órgãos tendinosos de Golgi.

Os efeitos do alongamento muscular têm sido estudados de forma extensiva recentemente. Dentre os aspectos mais polêmicos, nestes estudos destacam-se a influência do aquecimento muscular prévio ao alongamento, influência deste na performance esportiva e na prevenção de lesões. Durante décadas, o alongamento antes do treinamento físico tem sido uma prática comum em todos os níveis do desporto. Contudo, tem-se demonstrado que o alongamento pré-exercício não reduz as taxas de lesões e, em alguns casos, pode  predispor a lesão, ou seja, é provável que haja pouco ou nenhum benefício na prevenção de lesões quando o atleta é submetido ao exercício de alongamento antes da sessão de treinamento.

Foi verificado que 30 segundos de alongamento muscular realizado uma vez por dia são suficientes para promover ganhos na extensibilidade muscular de adultos jovens, e não há diferenças em relação a tempos de manutenção superiores a 30 segundos. Para indivíduos com idade de 65 anos o alongamento deve ser mantido por 60 segundos.

Em relação à performance e ao alongamento agudo, realizado antes da prática esportiva e ou de exercícios, promove diminuição da performance muscular principalmente em salto vertical. Quando comparado os tipos de alongamentos musculares, foi verificado que o FNP e o estático são os que mais induzem déficits na performance do músculo quando comparado com o balístico. No entanto, em estudos que envolveram programas de alongamento e verificaram seus efeitos crônicos, constatou-se que o alongamento realizado antes da prática esportiva ou do exercício, trouxe ganhos para a flexibilidade e performance muscular no longo prazo.

A relação da eficiência do alongamento antes do exercício ou treino com o objetivo de prevenir lesões não tem sido sustentado por muitos autores, apesar de existir controvérsias à respeito do assunto. Alguns autores acreditam que a incidência de lesão está estritamente ligada a idade e ao nível do condicionamento e não a prática de alongamento estático antes da atividade física.

Em certos casos a prática do alongamento agudo apresenta efeito prejudicial a performance muscular e que a realização do alongamento antes do exercício não implica em menor número de lesões. Acredita-se que há outros mecanismos, provavelmente relacionados ao processo de aquecimento, que justificaria uma menor incidência de lesões e melhora na performance.

Recomenda-se realizar avaliação criteriosa para a prescrição do exercício de alongamento, contribuindo desta forma para melhores resultados tanto no treinamento quanto na reabilitação e prevenção de lesões. Assim, mais estudos de alta evidência deveriam ser desenvolvidos para investigar os efeitos do alongamento na prevenção das lesões musculares.

Fonte:

Almeida PHF, Barandalize D, Ribas DIR, Gallon D, Macedo ACB, Gomes ARS, ALONGAMENTO MUSCULAR: suas implicações na performance e na prevenção de lesões. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 22, n. 3, p. 335-343, jul./set. 2009.


Postado por Dr. Rogerio Nascimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário