O jejum é um
estado no qual o indivíduo não ingere alimentos durante um tempo, sendo o jejum
prolongado caracterizado pela falta de ingestão de alimentos durante um período
superior a 72 horas. Um organismo humano saudável possui uma reserva de energia
composta por gorduras, proteínas e açúcares. As gorduras constituem cerca de
85% das fontes de energia do corpo, as proteínas em torno de 14% e os
carboidratos (açúcares) somente 1%.
O jejum é
prejudicial à saúde porque o organismo é dependente de quantidades constantes
de glicose para sobreviver, não sendo a quantia de carboidrato armazenada o
suficiente para manter constante o nível de glicose no corpo.
A fim de
gerar energia o organismo precisa degradar os carboidratos e transformá-los em
glicose, bem como quebrar as proteínas em subunidades chamadas aminoácidos e
reduzir as gorduras a ácidos graxos. Glicose, aminoácidos e ácidos graxos são
substratos usados pelas células do corpo como combustível para realizar tarefas
necessárias à sobrevivência do organismo.
Grandes
quantidades de glicose são armazenadas sob a forma de glicogênio,
principalmente no fígado, assim como aminoácidos formam as proteínas e são
estocados em maiores proporções nos músculos e os ácidos graxos compõem os
triacilgliceróis e constituem as reservas do tecido adiposo.
Durante as
primeiras horas de jejum, a quantidade de glicose, aminoácidos e ácidos graxos
que circulam no sangue diminui progressivamente, sendo essa baixa concentração
responsável pela redução da quantidade de insulina secretada, ao passo que
provoca um aumento da liberação de glucagon.
A insulina e
o glucagon são hormônios produzidos e liberados pelo pâncreas e são
responsáveis pela regulação do metabolismo (processos físicos e químicos que
acontecem no corpo) da glicose, dos ácidos graxos e das proteínas. Os dois
hormônios têm funções opostas: enquanto a insulina desempenha papel importante
no armazenamento de energia, promovendo a retirada dos substratos usados como
combustível do sangue e estocando-os, o glucagon determina uma elevação da
quantidade de fontes de energia no sangue para serem usadas pelas células do
corpo.
Atividade física em jejum: Sabe-se que a principal fonte de energia para
o nosso organismo é o carboidrato (CHO). Ao realizar atividade física em jejum,
esse estoque de carboidrato, ou seja, o glicogênio muscular estará em baixa e
seu corpo será obrigado a utilizar a gordura como fonte primária de energia. O
exercício moderado a leve recrutará mais a gordura como fonte de energia do que
a atividade rapidamente feita. Como o glicogênio está em baixa, realizando a atividade
de uma forma que você fique ofegante de imediato, estará ultrapassando o limiar
aeróbio e com isso ocorrerá o catabolismo, ou seja, perda massa magra.
Alterações fisiológicas no jejum: Entre as diversas alterações sofridas pelo
organismo durante o jejum estão: redução acentuada da gordura corpórea, aumento
dos ácidos graxos e da glicose circulantes no sangue, perda de massa muscular,
diminuição do número de células de defesa imunológica, hálito, bem como redução
da quantidade de vitaminas.
Manifestações clínicas: Como consequência das mudanças fisiológicas que
ocorrem durante o jejum acontecem algumas manifestações clínicas tais como:
perda progressiva de peso, sensação de fraqueza, anemia, inchaço, maior
suscetibilidade a infecções, comprometimento da fase alimentar, intolerância a
alimentos, alteração do humor com acentuada irritabilidade e mau hálito, entre
outros.
Referências : Champe PC, Harvey RA. Bioquímica Ilustrada. 2. ed. Porto Alegre: Artes
médicas sul (ARTMED), 1996.
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Belchor; POGGETTI, Renato Sérgio. Avaliação de um esquema de realimentação utilizado
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503-512. ISSN 1415-5273. doi: 10.1590/S1415-52732008000500003.
Postado por: Christiana Nastari
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