A água é o principal elemento de
constituição do corpo humano em peso e volume. O volume hídrico corporal é
dependente da composição corporal do individuo, do sexo, da idade, do estado de
treinamento, do conteúdo muscular de glicogênio (principal
reserva energética) ente outros fatores.
Apesar de as
pequenas alterações no equilíbrio hídrico corporal diário serem facilmente
corrigidas para níveis normais, a imposição de exercícios e o estresse
ambiental nas atividades diárias pode gravemente ameaçar a homeostase (processo responsável por manter estável o ambiente
interno), o desempenho e a saúde.
O calor produzido
nas atividades esportivas eleva a temperatura corporal, o que aumenta a demanda
dos mecanismos termorregulatórios para a transferência de calor do organismo
para o ambiente, especialmente quando realizadas em ambientes quentes e úmidos.
A perda hídrica
pela sudorese durante o exercício pode levar o organismo à desidratação, com
aumento da osmolaridade, da
concentração de sódio no plasma e diminuição do volume plasmático. Quanto maior
a desidratação, menor a capacidade de redistribuição do fluxo sanguíneo para a
periferia, menor a sensibilidade hipotalâmica para a sudorese e menor a
capacidade aeróbica para um dado débito cardíaco.
A percepção
subjetiva do esforço é aumentada em proporção ao déficit de líquidos. Mesmo uma
reposição parcial de fluidos tem um efeito significativo na percepção subjetiva
do esforço durante um exercício de alta intensidade.
O estresse do exercício é acentuado
pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal, prejudica as respostas
fisiológicas e o desempenho físico e produz riscos para a saúde. Estes efeitos
podem ocorrer mesmo que a desidratação seja leve ou moderada, com até 2% de
perda, agravando-se à medida que ela se acentua. Com 1 a 2% de desidratação
inicia-se o aumento da temperatura corporal em até 0,4ºC para cada percentual subsequente
de desidratação. Em torno de 3%, há uma redução importante do desempenho; com 4
a 6% pode ocorrer fadiga térmica; a partir de 6% existe risco de choque
térmico, coma e morte. Assim, a desidratação afeta o desempenho aeróbio,
diminui o volume de ejeção ventricular pela redução no volume sanguíneo e
aumenta a frequência cardíaca.
É importante que
sejam reconhecidos os sinais e sintomas da desidratação. Quando leve a
moderada, ela se manifesta com:
Ø
Fadiga
Ø
Perda
de apetite
Ø
Sede
Ø
Pele
vermelha
Ø
Intolerância
ao calor
Ø
Tontura
Ø
Oligúria
(redução do volume urinário)
Ø
Aumento
da concentração urinária
Quando grave, ocorre:
Ø dificuldade para engolir
Ø Perda de equilíbrio
Ø Pele se apresenta seca e murcha
Ø Olhos afundados
Ø Visão fosca,
Ø Disúria (dificuldade
para urinar)
Ø Pele dormente
Ø Delírio
Ø Espasmos musculares
A reposição
apropriada de líquidos antes, durante e depois de exercícios intensos,
especialmente em ambientes quentes, é amplamente aconselhada como o primeiro
passo preventivo na redução do risco de danos ao organismo durante treinamentos
e competições.
Para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem
hidratado, a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) recomenda que o
indivíduo beba cerca de 250 a 500 ml de água duas horas antes do exercício.
Durante o exercício recomenda-se iniciar a ingestão já nos primeiros 15 minutos
e continuar bebendo a cada 15 a 20 minutos. Após o exercício, deve-se continuar
ingerindo líquidos para compensar as perdas adicionais de água pela urina e
sudorese. Ainda segundo a SBME é recomendada a ingestão de bebidas a uma
temperatura em torno de 15 a 22 ºC.
Estudos mostram que a
maioria dos praticantes relatam que faziam o consumo de algum líquido somente quando
ocorria a sensação de sede. De acordo com Wilmore et al. (2001), o mecanismo de sede do
organismo não mensura precisamente o seu estado de desidratação. Somente se
sente sede bem após a desidratação haver começado.
O atleta não pode depender da sede
para iniciar a reposição hídrica durante o exercício vigoroso e prolongado. A
ingestão abundante antes do exercício pode levar a um estado de hiperidratação,
protegendo contra o estresse térmico, por retardar a desidratação, aumentar a
transpiração durante o exercício e minimizar a elevação da temperatura central,
contribuindo para um melhor desempenho.
Postado por: Christiana Nastari
Referência:
FURTADO, C.M.;
GARCIA, J.M.; GONÇALVES, J. P.; VIEBIG, R. F. Avaliação de hábitos e
conhecimentos sobre hidratação de praticantes de musculação de uma academia na
cidade de São Paulo. Rev. Digital, n.133, jun. 2009.
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