A execução de um
programa de exercícios deve, sempre que possível, ser indicada para indivíduos
que estejam em recuperação do abuso de álcool, uma vez que essa prática, além
de induzir uma melhora generalizada do funcionamento do organismo, induz também
uma melhora das funções corporais diretamente prejudicadas pelo uso crônico de
álcool, como o metabolismo hepático e as funções cognitivas.
Embora seja difícil
imaginar que o exercício regular possa ser utilizado no tratamento de doenças
hepáticas decorrentes do uso crônico do álcool, é possível que ele possa ter um
papel importante na recuperação do organismo. O exercício aumenta a atividade das
enzimas hepáticas envolvidas no metabolismo do álcool e o seu clearance
sanguíneo.
Ardies et al.
verificaram que tanto o exercício agudo como crônico aumentam a metabolização
do álcool.
Muitos estudos foram
realizados sobre drogas que pudessem antagonizar os efeitos da intoxicação
aguda, seja através do aumento da taxa de metabolismo do álcool e de seus
metabólitos (principalmente o acetaldeído) ou do antagonismo/bloqueio de suas ações
farmacológicas, especialmente no sistema nervoso central.
No entanto, ainda não
se conhecem substâncias com adequada eficiência na reversão deste quadro.
Ferreira relata que a
realização de um teste de esforço progressivo em cicloergômetro até o esforço
máximo (± 15 minutos), sob efeito de duas a cinco doses de álcool, prolongou o
tempo de recuperação da frequência cardíaca e produziu uma discreta redução da
alcoolemia, pouco significativa clinicamente.
Em síntese, o álcool
é capaz de alterar a fisiologia de todo o organismo, provocando assim um
distúrbio da homeostase. Quando associado à prática do exercício, por mais que
o álcool reduza a ansiedade, a percepção de esforço e aumente o prazer da
atividade em execução, se observará um aumento do desgaste corporal durante a
exercitação e também um prejuízo na capacidade de recuperação do organismo após
o término da atividade em execução.
Dessa forma, o
treinamento da aptidão física melhora a resistência geral do organismo e os
exercícios de força (musculação/ resistência) auxiliam na manutenção ou mesmo
ganho de massa muscular, que pode estar reduzida em dependentes de álcool. É importante
salientar uma adequada avaliação médica e funcional antes do início da execução
de um programa de exercícios, principalmente no caso de dependentes de álcool,
uma vez que estes estão mais sujeitos a problemas cardiovasculares do que os
não dependentes.
Postado por: Christiana Nastari
Referência:
MELLO, M. T.; BOSCOLO, R.
A.; ESTEVES, A. M.; TUFIK, S. O exercício físico e os aspectos psicobiológicos.
Rev. Bras Med Esporte, Vol. 11, Nº 3 – Mai/Jun, 2005.
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