O amargo e em pequenas doses!
O chocolate é um daqueles alimentos que tem
alternado, através da história, sua posição em relação aos efeitos produzidos
sobre a saúde. Em algumas épocas, tido como benéfico; em outras, como
prejudicial à saúde.
Na sua origem, no golfo do México, o cacau, bebida
de sabor amargo, era ingerido pelos astecas que o chamavam de bebida dos
deuses.
Modernamente, o alto teor de gordura e açúcar do
chocolate comum o relegou à categoria de guloseima que aumenta colesterol e
engorda.
A possibilidade de um efeito benéfico do cacau
sobre a saúde foi levantada no ano de 2001, a partir de estudos epidemiológicos
desenvolvidos em uma população de ameríndios Kuna, que vivem em um arquipélago
na costa do Panamá. Esta população apresenta baixa mortalidade por doença
cardiovascular com uma prevalência extremamente baixa de aterosclerose,
hipertensão, diabetes e dislipidemia (alteração dos lipídios no sangue). A
hipótese foi de que estes efeitos eram consequência da alta ingestão de cacau
pela população.
De lá para cá, dezenas de estudos científicos têm
sido publicados testando os possíveis efeitos benéficos do chocolate, ou de
seus componentes, sobre diversas variáveis do organismo. Alguns destes estudos
são conclusivos, outros nem tanto.
Vamos entender por que o chocolate pode fazer bem à
saúde.
O cacau é rico em fitoquímicos fenólicos
(polifenóis), especialmente de substâncias conhecidas como flavonoides, que são
potentes antioxidantes. Antioxidantes protegem o organismo contra os radicais
livres (moléculas muito reativas que são produzidas pela oxidação biológica e
danificam vários tecidos).
O principal efeito registrado nos estudos é sobre o
sistema cardiovascular. A ingestão de chocolate reduziu pressão arterial,
melhorou função endotelial (conjunto de efeitos que melhoram o fluxo sanguíneo
das artérias), reduziu colesterol total e o LDL (“colesterol ruim”) e reduziu
aterosclerose. Todos estes desfechos contribuem para uma redução do risco de
doença cardíaca e de acidente vascular cerebral (derrame, AVC). O principal
mecanismo de ação envolvido na redução da pressão arterial é o aumento,
produzido pelos flavonoides contidos no cacau do chocolate, de um composto
chamado óxido nítrico, que atua promovendo o relaxamento dos vasos sanguíneos,
o que contribui para a redução da pressão.
Além do efeito sobre a pressão arterial, o
chocolate aumentou, significativamente, a sensibilidade à insulina, o que reduz
o risco de diabete tipo II. A sensibilidade à insulina também é mediada pelo
óxido nítrico.
Resultados sugerem, também, que o chocolate reduz a
inflamação, e tem efeito anti-troboembólico similar ao efeito da aspirina
(reduz a agregação de plaquetas, impedindo a obstrução dos vasos).
Temos, então, um conjunto de evidências bastante
consistentes de que componentes contidos no chocolate fazem bem à saúde.
E agora, podemos ou devemos ingerir chocolate para
prevenir o aparecimento de doenças?
Esta é outra questão. Os efeitos benéficos do
chocolate provêm do cacau em sua mistura. O chocolate mais popular que temos no
mundo todo é o chocolate ao leite, uma mistura que tem em média somente 11% de
derivados do cacau na sua composição. O restante é leite integral, açúcar e
diferentes tipos de gordura. Esta baixa proporção faz com que este tipo de
chocolate apresente baixo teor de flavonoides. Além disso, o potencial efeito
benéfico desses antioxidantes é grandemente reduzido pela adição de leite, que
inibe tanto a absorção como o efeito antioxidante do principal grupo flavonoide
contido no cacau (epicatequinas). Somado a isso, o leite contém gorduras
saturadas que aumentam colesterol.
Outro fator negativo: chocolate ao leite é um
alimento altamente calórico, pois sua mistura é composta de grande proporção de
carboidratos e gorduras. Os efeitos benéficos dos antioxidantes são anulados
pelos efeitos do excesso de açúcar e do aumento de peso. Considerando que 66%
do consumo de chocolate se dão no intervalo entre as refeições, o aumento de
peso passa a ser um fator que, por si só, contra-indica sua ingestão regular.
Por sua vez, o chocolate amargo possui na sua
mistura até 70% dos derivados do cacau (altas concentrações de flavonoides,
apresentando o dobro da capacidade antioxidante do chocolate ao leite), não
contém leite e possui uma menor quantidade de açúcar. As principais gorduras presentes
no chocolate amargo são na mesma proporção: a) o ácido oléico, que é uma
gordura monoinsaturada e, também, encontrada no óleo de oliva, é saudável, pois
aumenta o HDL (colesterol bom); b) o ácido esteárico que é uma gordura saturada
que não afeta o colesterol total; c) o ácido palmítico, gordura saturada que
aumenta o colesterol sendo, portanto prejudicial à saúde, porém totalmente
compensado pelos efeitos positivos do ácido oléico.
A ingestão de chocolate pode trazer benefícios à
saúde nas seguintes condições:
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Portanto, preste atenção na etiqueta do seu chocolate
amargo predileto, ingira com moderação (de preferência algum tempo após um saudável
jantar). Dessa maneira, além do prazer e da nutrição você estará prevenindo doenças e
aumentando sua qualidade de vida.
Postado por:
Christiana Nastari
Referências: www.abcdasaude.com.br
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