O profissional de saúde que
faz a orientação nutricional de crianças e adolescentes precisa se informar
sobre rotulagem, divulgação e promoção de alimentos processados que, progressivamente,
passam a compor a dieta da população infanto-juvenil. A possibilidade de orientar
a população quanto ao consumo adequado de alimentos pode amenizar e corrigir
erros, diminuindo seus efeitos deletérios e, simultaneamente, promover o
redirecionamento da oferta de alimentos pelo setor produtivo à sociedade de
consumo e seus mecanismos de divulgação.
A formação dos hábitos
alimentares se processa gradualmente, principalmente durante a primeira
infância, de forma que quaisquer inadequações devem ser retificadas no tempo
apropriado sob orientação correta. Nesse processo, também estão envolvidos
valores culturais, sociais, afetivos ou emocionais e comportamentais.
A criança exerce um papel
ativo desde os primeiros anos de vida, quando já é capaz de influenciar os
cuidados e as relações familiares de que participa. É um processo que ocorre dentro
das relações influenciada por aqueles ao seu redor. A mídia televisiva tem participação
ativa e majoritária nas atividades prosaicas infanto-juvenis; assim, os meios de
comunicação acabam por desempenhar papel estruturador na construção e desconstrução
de hábitos e práticas alimentares. Logo, a propaganda agrada às emoções, não ao
intelecto, afetando mais profundamente crianças que adultos criando o falso conceito
de alimento como algo que dê poder é perigoso por permitir que as indústrias
alimentícias explorem a vulnerabilidade das crianças.
No ambiente familiar é
fundamental que os pais participem ativamente das escolhas alimentares de seus
filhos desde a primeira infância. Participar deste processo, no entanto, é muito
mais do que o preparo da comida mas sim preconizar que as refeições sejam
feitas à mesa, tornando aquele momento prazeroso à criança e ao adolescente
Logo, ações sobre o ambiente
familiar requerem intervenções sobre um amplo contexto e implicam não só
mudanças de hábitos de toda a família, englobando desde refeições à mesa até
prática de atividades físicas em conjunto, sejam elas desportivas, sejam
passeios alternativos aos finais de semana. Assim, evita-se que crianças e adolescentes
fiquem reclusos e sedentários em casa, assistindo à televisão ou usando o
computador
Quanto ao ambiente escolar,
a meta da educação nutricional deve ser a instrução das crianças e adolescentes
sobre os princípios gerais de nutrição e alimentação, orientando comportamentos
específicos para que estes se tornem aptos a fazerem escolhas conscientes ao
longo de suas vidas.
Por mais educativa que a
programação possa ser, a interação com os desenhos e personagens animados é
autolimitada. Em geral, as imagens são veiculadas rapidamente e a criança não
tem tempo suficiente para compreender parte do que é transmitido, nem para
desenvolver um senso crítico ou raciocínio lógico a respeito de tais
informações.
Assim sendo, como a
televisão abrevia parte da criatividade das crianças, os pais devem investir
nas brincadeiras, como alternativa extremamente benéfica ao desenvolvimento
cognitivo de seus filhos. Afinal, além da função educativa, o ato de brincar
pode ser ótimo exercício para o corpo. Percebidas como atividades físicas, as
brincadeiras em ambiente aberto atuam como uma importante medida preventiva e
mesmo terapêutica contra a obesidade infanto juvenil.
Em suma, parece evidente que
a introdução da TV no cotidiano das crianças brasileiras tem progressivamente afetando
parte de experiências imprescindíveis para seu desenvolvimento, para o
fortalecimento dos laços familiares e mesmo para a criação de vínculos sociais.
Logo, é imprescindível que quaisquer ações estimulem uma dieta alimentar equilibrada,
associada a brincadeiras e atividades físicas, e fomentem alternativas
atraentes e prazerosas que ocupem o tempo de lazer em substituição à televisão
e ao computador
Postado por Gabriela Downey e Silvia Carvalho
Referências Bibliográficas:
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embalagens; rótulos. In: Palma D, editor. Guia de nutrição: nutrição clínica da
criança e do adolescente. Barueri (SP): Manole; 2008. No Prelo
-Almeida S de S, Nascimento
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-PONTES, Tatiana
Elias et al. Orientação nutricional de crianças e adolescentes e os novos
padrões de consumo: propagandas, embalagens e rótulos. Rev Paul Pediatr
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