O organismo é como uma máquina. Cada órgão,
articulação e músculo precisam estar em equilíbrio para que o conjunto funcione
perfeitamente. O fluido que move toda essa arquitetura complexa é o sangue.
Essencial para a vida, ele é composto de glóbulos brancos e vermelhos. Os
brancos são os leucócitos, o exército de defesa de nosso corpo. Os vermelhos -
que contêm a hemoglobina - são os responsáveis pelo transporte de oxigênio para
as células, além da retirada do dióxido de carbono. Esse é o processo de
produção e liberação de energia do organismo, que precisa do mineral ferro para
funcionar bem.
Pensando assim, dá até para acreditar que,
quanto mais ferro for consumido, mais energia você terá. Mas, neste caso, a
lógica é bem diferente. Um adulto saudável tem de 40 a 160 microgramas de ferro
no sangue, que é o nível recomendado. Índices acima disso são um sinal de
problema. Entretanto, há quem acumule o mineral em quantidade superior à
necessária. É o caso dos portadores de hemocromatose - alteração genética que
faz com que o organismo absorva o ferro em quantidades maiores ou não faça sua
eliminação adequada.
O excesso de ferro no sangue pode provocar
ferrugem nos órgãos, causando consequências distintas para cada parte do corpo.
No fígado, altos níveis do mineral podem causar cirrose; no pâncreas, diabetes;
no coração, insuficiência cardíaca; nas glândulas, mau funcionamento e
problemas na produção hormonal.
Além da hemocromatose hereditária, que é o
tipo mais comum, há outras variações. A mais grave delas, a hemocromatose
secundária, é encontrada em pacientes que desenvolvem anemias hemolíticas ou
naqueles que realizam muitas transfusões de sangue.
Os sintomas da hemocromatose são muito
diversos e podem estar presentes em outros problemas clínicos também. Dessa
forma, o diagnóstico é feito por exame de sangue, que mede os níveis de
ferritina e saturação de ferro.
Além do exame de sangue, há alternativas de
diagnóstico, uma das quais é o teste genético. Embora analise os genes do
paciente, o teste só detecta as mutações genéticas mais frequentes; portanto,
se o resultado for negativo, não significa que o paciente não tenha
hemocromatose hereditária.
Com base no resultado do exame de sangue,
todo paciente com ferritina ou saturação de ferro alta, mesmo com resultados negativos,
deve ser investigada. Outra forma é retirar sangue semanalmente por um período
de quatro a seis semanas. Com as amostras, é realizada uma avaliação dos níveis
de glóbulos vermelhos. Os portadores de hemocromatose não ficam com anemia. É
uma prova terapêutica.
O tratamento mais comum é a sangria
terapêutica, que é como a doação de sangue, com a diferença de que o sangue é
descartado após a coleta. São realizadas retiradas periódicas, em duas etapas:
a primeira, com períodos pequenos, de uma a duas vezes por semana. Na segunda,
aumenta-se o período entre as coletas de acordo com a melhora do paciente.
O tratamento é eficaz desde que não haja
danos definitivos, como uma cirrose. É possível conviver tranquilamente com o
problema, bastando fazer o controle com exames de sangue periódicos e a
ressonância magnética. Além disso, o consumo de ferro também merece atenção. É
importante saber que a carne é a principal fonte de ferro. Não oriento ninguém
a se tornar vegetariano, mas é bom não exagerar. Outro conselho médico é que se
consumam chás e leite, porque diminuem a absorção do ferro pelo organismo.
Para quem apresenta altos índices do mineral
no sangue, vale tirar do cardápio peixes e ostras crus. Isso porque há um
microrganismo, o vibrio, que pode ser transmitido por esses alimentos e que
causa intoxicação grave em quem tem hemocromatose.
Fonte:http://www.einstein.br/einstein-saude/nutricao/Paginas/hemocromatose-excesso-de-ferro-e-prejudicial.aspx
Por: Laís R.R. Oliveira
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