O ato de pular
refeições tem sido comum nos dias de hoje, justificado, principalmente, pela
falta de tempo e rotina estressante que muitos levam. Em consequência, este
perfil pode contribuir com inadequações na qualidade nutricional, sendo um dos
motivos para o consumo excessivo de calorias, concentradas em refeições
pontuais – dado que pode estar associado ao aumento no risco de doenças
metabólicas como obesidade e diabetes.
A partir desta suposição,
um recente estudo conduzido com 17 participantes correlacionou o hábito de
pular o café da manhã com aumento nas concentrações de insulina após o almoço
que, em longo prazo, poderia gerar inflamação de baixo grau, prejudicando a
homeostase glicídica, possivelmente pela inflexibilidade metabólica exercida nestes
casos. Em contrapartida, os autores verificaram aumento no gasto calórico e
beta oxidação, fatores que são sugeridos em resposta ao jejum prolongado. Sobre
estes últimos efeitos, devemos considerar os impactos deste estresse induzido e
da adaptação que ocorre cronicamente, que faz com que vias catabólicas sejam
menos estimuladas.
Outro estudo, conduzido com
dados de recordatórios de 24 horas de 4487 crianças australianas, apontou menor
prevalência de sobrepeso quando há consumo de café da manhã. Ainda, os autores
reforçam que este hábito pode levar a deficiência de micronutrientes
importantes – como cálcio e ácido fólico - para o desenvolvimento infantil4. Embora seja um estudo observacional, é
fundamental nos atentarmos a estas possíveis deficiências, com o objetivo de
adequar o consumo alimentar de acordo com as necessidades individuais dos
pacientes.
Entretanto, este tema ainda
é muito controverso na literatura científica. Uma análise realizada com 240
participantes diagnosticados com síndrome metabólica identificou, a partir de
recordatórios de 24 horas, que o hábito de pular o café da manhã não apresentou
associação direta com o ganho de peso e outros parâmetros metabólicos, não
suportando esta hipótese5. É
importante ressaltar que este estudo apenas mostrou uma correlação com dados
obtidos em um questionário aplicado em dois momentos em 1 ano, podendo gerar
vieses durante a interpretação dos dados.
Portanto, este tema ainda
precisa ser estudado em longo prazo para maiores conclusões sobre seus efeitos
metabólicos, sendo mais importante respeitar os hábitos já estabelecidos e a
individualidade bioquímica, estabelecendo estratégias nutricionais para reduzir
o risco de doenças e a inflexibilidade metabólica.
Por: Thayná
Galvão
FONTES:
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