Iodo
Ocorrência
O
iodo encontra-se na proporção de 0,0007% no total de cinzas, e na quantidade de
0,02 gramas por 70 quilos de peso corporal. Cerca de 60% do iodo concentra-se
na tireóide, e o restante acha-se distribuído através de vários tecidos,
especialmente sangue, ovários e músculos.
Descoberta antiga
Um
dos primeiros oligoelementos a serem relacionados como imprescindíveis à
nutrição humana foi o iodo. Há referências muito antigas à ocorrência de bócio.
Mas a relação causal entre esta doença e a deficiência de iodo foi estabelecida
somente no século XIX. Empiricamente, certos produtos do mar ricos em iodo,
como a esponja marinha, eram já utilizados eficazmente contra o bócio simples.
Em 1895, Baumann constatou a existência de iodo na glândula tireóide. Desde essa
descoberta, o iodo vem sendo empregado mais correntemente no tratamento e na
profilaxia do bócio.
Funções metabólicas básicas
- A
principal função do iodo no organismo, e também a única bem configurada, é
participar da composição dos hormônios sintetizados na glândula tireóide. Esses
hormônios executam os seguintes papéis básicos:
1 -
Regulação da produção de energia e do metabolismo celular;
2 -
Regulação do crescimento e da síntese de proteína;
3 -
Atuam também na função reprodutora, no crescimento da pele e dos pêlos, na
função neuromuscular, na regulação do colesterol sérico, na absorção de
glicídios e na conversão do caroteno em vitamina A.
Sinais e sintomas de
carência
Quando o iodo fornecido pela dieta é
insuficiente, a glândula tireóide começa a degradar as reservas de
tireoglobulina para produzir tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3). Quando o
teor de hormônios tireoideanos diminui no sangue, a hipófise libera o TSH
(hormônio estimulante da tireóide), que, sendo secretado em maior quantidade e
com maior frequência, ocasiona hiperplasia e hipertrofia da tireóide, numa
tentativa de compensar a produção deficitária de hormônio. Surge, como consequência,
o bócio.
O
bócio simples, endêmico ou coloidal caracteriza-se pelo aumento de tamanho da
glândula tireóide, sendo mais frequente em mulheres e em regiões distantes da
costa, em que o teor de iodo no solo e nos alimentos é menor.
Necessidades nutricionais
- As RDA sugerem que a ingestão diária de 30 mg/dia
para homens adultos e 100 mg/dia para mulheres adultas é adequada.
- Quantidades extras de 125 mg/dia e 150
mg/dia são recomendadas na gravidez e na lactação, respectivamente.
-
Crianças devem ingerir teores bem mais elevados que os adultos, dada a
participação dos hormônios tireoideanos no desenvolvimento físico.
Fontes alimentares
O iodo é um mineral presente em concentrações
relativamente altas no ambiente marinho. Alimentos provenientes do mar contêm
apreciáveis teores de iodo. No Japão, onde o consumo de algas marinhas e outros
produtos marinhos são comuns, a incidência de bócio é a mais baixa do mundo.
O teor de iodo nos vegetais varia em função
da concentração do solo. Alimentos produzidos em regiões próximas ao litoral
tendem a fornecer teores mais altos de iodo. Povos que vivem em regiões
montanhosas, distantes da costa, e que limitam sua ingestão alimentar a
produtos locais, apresentam maior probabilidade de desenvolver bócio.
Em
países como os Estados Unidos e a Suíça, o iodo vem sendo acrescentado ao sal
consumido em regiões bócio-endêmicas há várias décadas, como medida preventiva,
na forma de iodeto de potássio. Atualmente, a iodetação do sal é obrigatória em
vários países. O teor de iodo é de aproximadamente algumas dezenas de
microgramas por grama no sal iodado.
Hiperingestão
O
excesso de iodo pode apresentar efeitos semelhantes aos da carência. Não há,
entretanto, evidências de que a hiperingestão de iodo constitua um problema
nutricional digno de nota.
Substâncias bociogênicas
Certos alimentos contêm substâncias ativas
capazes de interferir na utilização de iodo e de provocar bócio simples. São
exemplos desses alimentos o repolho e outras plantas do gênero Brassica, a
couve-flor, a couve, o amendoim, o nabo e as rutabagas. Todavia, o consumo
normal destes alimentos não provocará qualquer efeito adverso; apenas o consumo
exclusivo ou excessivo poderá revelar ações antitireoideanas. O cozimento,
ademais, inativa os bociogênicos.
As
sulfonamidas e as drogas do grupo tio-uréia apresentam atividade bociogênica.
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