Alcoolismo
Chaga social
30 a 40% dos acidentes de trânsito são
resultado da ingestão de álcool. Inúmeros crimes acontecem sob seu efeito. Em
muitos países, o alcoolismo é a terceira causa de morte, depois das doenças do
coração e do câncer. Estatísticas acusam que cerca de oito em cada cem seres
humanos são dependentes da bebida.
Isto quer dizer que há cerca de 500 milhões
de seres humanos escravizados ao álcool, e, o que é pior, várias centenas de
milhões de pessoas que não usam álcool, mas acabam sendo inevitavelmente
afetadas, em maior ou menor grau. E é isto que torna o alcoolismo o pior
problema médico-social do planeta: cada alcoólatra cria numerosas vítimas ao
seu redor.
França é um país em que se verifica alarmante
número de alcoólatras, vindo de lá dramáticas estatísticas: nos serviços de
atendimento psiquiátrico a crianças, 50% dos casos são filhos de pais
alcoólatras. 32% dos crimes de agressão com ferimentos, 35% dos crimes de
atentado ao pudor e estupro, e 34% dos casos de incendiários são devidos ao
alcoolismo!
Segundo
a Organização Mundial de Saúde, alcoolismo é doença de profundos envolvimentos
psíquicos, físicos e sociais, e pode ser definido como a ingestão abusiva ou
prolongada de bebidas alcoólicas a ponto de criar um vício.
Sintomas
O alcoolismo produz sintomas
diversos, como:
1.
Anorexia. O álcool libera 7Kcal por grama, quase o dobro dos açúcares e
proteínas. Produz, então, falsa sensação de saciedade. O alcoólatra perde o
apetite e desenvolve quadro de desnutrição.
2.
O alcoólatra crônico apresenta rosto congestionado e inchado, pele e olhos
avermelhados, hálito característico, inchações nos pés e membros inferiores.
Transpira copiosamente. A voz é rouca. As mãos tremem. Parece distante e
sonolento. Reclama de diferentes mal-estares, que parecem ceder ao uso da
bebida.
3.
Alterações extremas de comportamento. O doente transforma-se completamente, a
ponto de exibir estranhos traços para sua personalidade. Pessoas naturalmente
inibidas podem, em determinados momentos, esbanjar extroversão. Há os que se
tornam ciumentos, estúpidos, emotivos, desconfiados. Alguns deprimem-se
facilmente. Em casos extremos pode ocorrer suicídio. A capacidade intelectual
diminui dia a dia e o raciocínio se brutaliza.
O viciado atravessa frequentemente fases de
aparente remorso, com crises de choro e reiteradas promessas de que “vai deixar
a bebida”.
Acorda geralmente mal-humorado, deprimido,
trêmulo e só se sente melhor depois do primeiro copo, o que caracteriza a
dependência.
Dentre os sintomas psíquicos destacam-se:
alucinações, delírios, euforia, depressão, agitação, perda de memória, confusão
mental, instabilidade emocional e diferentes neuroses.
4.
A longo prazo o alcoolismo pode produzir ou favorecer o aparecimento de
psicoses (loucura), desnutrição grave (como carências polivitamínicas do grupo
B, destacando-se a pelagra), neurites, epilepsia por lesões cerebrais
precipitadas pelo álcool, atrofias e dores musculares, alterações dos reflexos,
doenças do fígado (como a hepatite alcoólica e a cirrose) e pâncreas,
tuberculose, pericardite, taquicardia, hipertrofia do coração e hipertensão,
gastrite, úlcera péptica, câncer gástrico e do tubo faríngeo-esofágico, gota,
edemas (inchações), hipotireoidismo, atrofia das gônadas e impotência, para
citar apenas alguns estragos.
É
interessante observar que um dependente de álcool nem sempre o ingere a ponto
de embriagar-se. Sente a necessidade de ingeri-lo em doses que mantenham
estável o nível de álcool circulante. Essas doses variam de um viciado para
outro, mas os danos à saúde não são por isso menores.
Desnutrição
induzida pelo álcool
Em
apenas 600ml de bebida forte, como aguardente ou cachaça, o bebedor habitual
ingere cerca de 1.600 calorias, o que corresponde a mais da metade ou até dois
terços de toda a sua necessidade calórica. Mas a ingestão de vitaminas,
minerais, proteínas e lipídios provenientes desta fonte é zero. Isto tem
significado dramático: enquanto é aparentemente satisfeita a necessidade
energética, o organismo vai sendo privado de nutrientes essenciais. O
alcoólatra morre aos poucos de má nutrição, imaginando achar-se “energizado”
ou “superabastecido”.
Fases “macaco”, “leão” e “porco”.
Depois de “boa dose” a sensação dominante é
de euforia, auto-superação e mesmo superdotação. A mente desvaira por curto
lapso num mundo irreal e fantasioso. Na primeira fase da embriaguez, denominada
“macaco”, há intensa agitação mental. Tudo é bom, tudo está bem, tudo é fácil.
O bebedor perde o domínio de si mesmo — fala descontroladamente e age também
sem freio, excedendo-se.
Como o macaco, fica extremamente “alegre”. Na
fase seguinte, a do “leão”, torna-se violento, exaltado, causando as maiores
confusões, brigando por motivos fúteis. Perde a coordenação motora, deixa cair
as coisas, tropeça e cai à toa. Se chega em casa nessa fase, inferniza a vida
da esposa e filhos. Na rua, pode ser atropelado. Ao volante, é quando provoca
acidentes graves.
A fase do “porco” é quando o viciado está
completamente “entregue” às mazelas do álcool. Passa mal, vomita, urina,
deita-se em qualquer lugar. Seu hálito cheira a vapor de destilaria.
Mas
há o bêbado que, em vez de sentir-se eufórico, contenta-se em fugir um pouco da
realidade. Submerge, entretanto, rapidamente na melancolia. Sente-se finalmente
abandonado em sua depressão e miséria. A realidade aflui em toda aspereza e
desencanto. Incapaz de enfrentá-la, apela novamente ao gole alienador,
apressando o processo que o levará ao suicídio ou a outra morte brutal.
Álcool,
alteração de comportamento e crime
O
álcool pode desencadear ações de consequências imprevisíveis. A princípio
produz apagamento do senso moral. A consciência se embota, tornando-se nublada
a distinção entre o que é certo e errado, decente e indecente. Ocorrem
respostas emocionais exageradas. A qualquer irritação ou restrição podem surgir
acessos de fúria que levam a atos de violência. Não é incomum acontecer
quebradeira ou agressão a quem tente intervir. Numerosos crimes são cometidos
em tais situações, deixando no criminoso, quando muito, vaga lembrança. Há quem
não se lembre de quase nada do que aconteceu quando sob efeito do álcool.
Fim
doloroso
O
fim que aguarda o alcoólatra incorrigível é sempre catastrófico. Sem computar
as terríveis mazelas sociais, familiares, morais e espirituais, os passos
finais do viciado crônico tomam tropegamente o rumo do definhamento. Quando não
acontece uma tragédia, o alívio da morte vem na forma de cirrose.
Destruição
do fígado
Cirrose é o estágio último e mais grave de
degeneração do fígado. As células hepáticas funcionais são pouco a pouco
substituídas por tecido conjuntivo fibroso inativo, sofrendo também infiltração
gordurosa de longa duração. Pode ocorrer o processo intermediário chamado
hepatite alcoólica, marcado pela morte de células e consequente inflamação
necrótica. É uma doença irreversível e comumente fatal.
O álcool afeta de modo direto e profundo o
metabolismo hepático. No decurso de reações a que a vítima é submetido, deixa
rastro de resíduos tóxicos, como o acetaldeído. O funcionamento do fígado,
vital, que deveria ser mantido intocável durante toda a vida, é perturbado ao
extremo. Inicialmente pode aparecer a esteatose hepática, fase em que há
vestígio de degeneração gordurosa.
Entre
os sintomas da cirrose destacam-se: edema (inchação), ascite (acúmulo de
líquido no abdome), varizes rotas, tendência ao sangramento e coma hepático.
Degeneração
global
Além do fígado, o álcool prejudica a função
do cérebro, músculos e coração. Frequentemente ocorrem transtornos no
metabolismo do ácido úrico, resultando em gota. Até o rim pode sofrer disfunção
secundária. Mas certamente a extensão de danos é maior que a enunciada até
então pela pesquisa médica. A degeneração é extensiva ao organismo todo,
abalando ademais o caráter, a personalidade e o destino.
Com frequência dolorosa o fim chega às vias
da imprudência e do crime, quando a loucura do álcool consuma seu holocausto. A
embriaguez transforma o motorista num assassino, o chefe de família num demônio
e o transeunte num louco. Significativa parte dos acidentes de trânsito e
crimes bárbaros não têm outra causa. Ao redor dos afeiçoados ao álcool surgem
vítimas inocentes, que nada têm a ver com a desgraça. Não há trabalho estatístico
que negue esta realidade vexatória.
O
álcool é uma arma mortífera com a qual o homem que se diz civilizado jamais
poderia brincar. “Beber socialmente” é o primeiro passo que muitos
inadvertidamente dão rumo à dependência grave.
Bebida
alcalinizante
É indicada
para ajudar a amenizar os efeitos do alcoolismo, juntamente com as demais
providências. Tomar todos os dias, em jejum, meia hora antes da primeira
refeição e entre as refeições.
Como
preparar: Deixar de molho, durante a noite, em meio litro de água, 1 colher,
das de sopa, de linhaça e 2 colheres, das de sopa, de farelo de trigo. De
manhã, bem cedo, escolher um ou mais legumes (pode-se variar). Dar preferência
a legumes sem agrotóxicos. Por exemplo, batata, beterraba, aipo, nabo, cenoura
(com a casca, muito bem lavados). Cozinhar, por uns vinte minutos, em 700ml de
água, com a casca (lavar e escovar bem esses vegetais crus). Podem-se usar uma
batata média, uma cenoura e um nabo, bem picados. Ou uma cenoura, um aipo e uma
beterraba. Variar conforme a disponibilidade. Separar apenas o líquido. Os
legumes cozidos podem ser guardados na geladeira, para uso de quem não estiver
em tratamento, no almoço. Misturar os dois líquidos, coados (o cozimento dos
vegetais com o líquido contendo a linhaça e o farelo de trigo, filtrado). Se
for tempo do frio aquecer levemente (de preferência em “banho-maria”) e tomar,
vagarosamente, 250ml dessa bebida, em jejum.
Reforço
espiritual
A força de vontade que Deus dá liberalmente a
todo homem precisa ser exercitada. Muitos deixam-na enferrujar pelo desuso.
Outros são moralmente fracos, sentindo-se incapazes de enfrentar a vida e
resistir à tentação. Em vez de pensarem para agir, agem para depois pensar. Não
medem conseqüências. Lamentam tardiamente os resultados de sua insensatez. A
bebida e as drogas, mesmo as drogas legais, não passam de frágeis muletas.
A solução para todos os problemas reside numa
consciência em paz com Deus, na certeza do dever cumprido e da divina
aprovação. Deus cumpre Suas promessas e ajuda o homem. O homem é que não se
coloca onde possa ser ajudado por Deus. Se fizermos nossa parte, Deus com
certeza fará a Sua. Ajudará os que se esforçam decididamente pela libertação. A
Ele pertence o poder de libertar. Ao diabo o de escravizar. Ao homem pertence
escolher a quem se entregará.
Quem
não conhece pelo menos uma vítima de morte súbita e brutal resultante do
pernicioso vício do alcoolismo? Quem já não ouviu de lares desfeitos e famílias
desgraçadas por causa dessa praga universal?
Tratamento
As associações de alcoólatras anônimos (AAA)
vêm realizando obra digna de nota, orientando e auxiliando os viciados no
caminho da reabilitação.
O tratamento convencional suspende
completamente o álcool e instala terapia de desintoxicação, que requer
internamento em clínica especializada. Utilizam-se medicamentos para o fígado,
vitaminas do complexo B, ansiolíticos, antidepressivos e outros meios. Embora
haja conduta rotineira, para cada caso é preciso estabelecer terapia
personalizada, conduzida por profissional experiente.
A
suspensão abrupta do álcool sem o devido acompanhamento médico produz forte
síndrome de abstinência e, em alguns casos, pode precipitar alterações graves
de comportamento, além dos sintomas orgânicos e irresistível compulsão à
bebida. Alguns pacientes desenvolvem o delirium tremens, que é o estado de
delírio acompanhado por medo constante, insônia, alteração de movimentos e
outros transtornos orgânicos e neurológicos.
Sugestões
naturais
Os
tratamentos naturais, associados aos recursos médicos atuais, são de grande
valia na recuperação do alcoólatra e abrangem:
Alimentação natural e balanceada. Os
naturopatas aconselham substituir pelo menos uma refeição, como o desjejum,
durante algumas semanas, por suco de fruta, para apressar a desintoxicação. Nos
intervalos devem-se usar chás com suco de limão. Duas a três vezes ao dia,
tomar uns 50ml de suco do talo da couve.
Esta simples providência (suco de couve) vem
ajudando muitos alcoólatras a se libertarem. Antes do almoço e do jantar
recomenda-se usar um pouco de água com levedura de cerveja em pó. As refeições
devem ser acompanhadas de amêndoas, umas 12 por vez, que ajudarão a repor as
proteínas e lipídios, sem sobrecarregar o organismo. Devem-se evitar alimentos
como açúcar, café, frituras, chá-preto, carnes e lanches ligeiros. No caso de
alguma complicação orgânica como cirrose, a alimentação deverá ser reajustada.
Banhos genitais e vitais. Pelo menos um banho
genital e um vital ao dia. Fricções com água fria ao acordar, seguidas de
fricção com toalha seca, para estimular a circulação. Ver página 105.
Aplicações abdominais de argila (uma ou duas
ao dia, por 3 horas cada). Ver à página 114.
Chás depurativos, calmantes e hepáticos
associados, como cavalinha, chapéu-de-couro, boldo-do-chile, losna, carqueja,
camomila, alfazema, espinheira-santa, mil-em-rama, sucupira, pau-pereira e
taiuiá. Sugere-se misturá-los com limão.
Modo de preparo e dose tradicional: Uma
colher, das de sopa, das ervas picadas para meio litro de água. Ferver por três
minutos. Coar. Duas a três xícaras por dia.
Após
algumas semanas de desintoxicação é boa praxe utilizar reforços imunitários,
como unha-de-gato, cogumelo agaricus e geléia real.
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