Niacina
Histórico
Também chamada ácido nicotínico,
nicotinamida, niacinamida, vitamina PP, amida do ácido piridino-betacarboxílico
e vitamina antipelagrosa, a niacina foi uma das primeiras vitaminas descobertas
pela moderna ciência da nutrição.
Em 1867, Huber obteve a niacina através da
oxidação da nicotina pelo ácido sulfúrico e o bicromato de potássio, mas a
confundiu com um aminoácido. Mais tarde, entretanto, verificou que se tratava
do ácido piridino-carboxílico.
Weidel
e Engler, respectivamente em 1873 e 1894, prosseguiram nessa linha de pesquisa,
confirmando os achados iniciais. A substância em questão recebeu o nome de
ácido nicotínico.
A pelagra
No campo da nutrição clínica, a pelagra
começava a ser associada de modo mais concreto à deficiência de niacina. Os trabalhos
de Spices e colaboradores foram particularmente notáveis neste sentido. Grupos
populacionais cuja dieta era pobre em alimentos protéicos, baseada, por
exemplo, quase exclusivamente no milho, apresentavam expressiva incidência de
pelagra.
Posteriormente,
percebeu-se que só a administra¬ção de niacina não era suficiente para tratar a
doença, sendo necessário ingerir juntamente a tiamina e a riboflavina. Em 1945,
Krehl e associados descobriram que o triptofano é precursor metabólico da
niacina quando, na Universidade de Wisconsin, notaram que aquele aminoácido
produzia efeitos idênticos aos desta vitamina.
Funções metabólicas básicas
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Juntamente com a tiamina e a riboflavina, a niacina compõe a tríade de
vitaminas ligadas ao metabolismo energético na forma de coenzimas.
-
Suas formas ativas, a niacinamida e o ácido nicotínico, constituem coenzimas
como a nicotinamida adenina dinucleotídio (NAD) e a nicotinamida adenina
dinucleotídio fosfato (NADP), ou coenzimas I e II, carreadoras de hidrogênio,
essenciais à liberação de energia de glicídios, lipídios e proteínas.
-
A síntese de lipídios e proteínas requer niacina.
- O metabolismo da porfirina
está associado a esta vitamina, bem como o metabolismo do enxofre.
Triptofano e niacina
O
aminoácido triptofano pode ser convertido, no organismo, em niacina. Cerca de
60 miligramas de triptofano equivalem a 1 miligrama de niacina, exceto sob
condições como a gravidez, o jejum e a baixa ingestão de niacina e/ou
triptofano. Os alimentos cujas proteínas são ricas em triptofano, como o leite
e o ovo, contribuem, portanto, para a adequação de niacina.
Sintomas de carência
-
A pelagra pode decorrer da carência de niacina, e caracteriza-se, basicamente,
por dermatite, diarréia e demência (doença dos três "d"), tremores,
cefaléia, insônia, depressão, alucinações e língua amarga. A erupção cutânea
assemelha-se à queimadura solar, ocorrendo em locais expostos à luz;
posteriormente, descama e formam-se escaras. A carência associada de vários
princípios nutritivos, além da niacina, pode também desencadear a pelagra.
-
Se a carência não é muito severa, podem ocorrer sintomas psiconeurológicos, como
nervosismo, insônia, dor de cabeça e irritabilidade, e sintomas digestivos,
como vômitos, náuseas, faltam de apetite e diarreia. A pele apresenta pontos de
pigmentação semelhantes à queimadura.
Os sintomas de carência de
niacina assemelham-se, em muitos aspectos, aos de carência de riboflavina, pois
estas duas vitaminas encontram-se estreitamente inter-relacionadas no
metabolismo celular.
Hipervitaminose
A
hipervitaminose niacínica não ocorre através da ingestão alimentar; mas, quando
esta vitamina é utilizada por via medicamentosa na forma de ácido nicotínico,
pode produzir vários efeitos colaterais, como rubor na face, sensação de calor,
urticária, prurido, furunculose, cãibra abdominal, diarreia, náusea, vômito,
anorexia, ambliopia, hiperuricemia, diminuição da tolerância à glicose e
prejuízo para o funcionamento hepá¬tico.
Necessidades nutricionais
-
O Food and Nutrition Board e a FAO estabeleceram uma recomendação básica para
todas as faixas etárias de 6,6 mg de niacina por 1.000 kcal/dia, o que equivale
à quantidade de 10 a 20 mg/dia de niacina para homens adultos, e de 12 a 14
mg/dia para mulheres adultas.
As
gestantes e as nutrizes devem acrescentar a esse valor 2 miligramas e 4
miligramas de niacina/dia, respectivamente.
Boas fontes alimentares
Os cereais integrais, a
levedura de cerveja, o amendoim, as leguminosas, as nozes, os ovos e o leite
são fontes de niacina indicadas pelo sistema lacto-ovo-vegetariano de
alimentação.
Observação
O
ácido nicotínico ou niacina não apresenta qualquer identidade fisiológica com a
nicotina do tabaco, apesar da similaridade terminológica.
Niacina e diabete juvenil
Pesquisas
recentes revelaram que altas dosagens de niacina podem melhorar o prognóstico
de pacientes com diabete juvenil, que exige o uso de insulina. Os cientistas se
surpreenderam ao constatar que a niacina ajuda a preservar uma parte das
células pancreáticas que produzem insulina. Estas células secretoras são
destruídas no diabete. Sem dúvida, uma ótima novidade para os portadores de
diabete tipo 1.
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