terça-feira, 14 de maio de 2024

Chá verde: Para que, quanto e para quem?

 




O chá-verde é feito com as folhas da planta Camellia sinensis, que é rica em polifenóis de catequinas e cafeína. O chá verde é composto por 3 tipos de catequinas, sendo a “epigalocatequina-galato(EGCG)”, a mais bioativa, e também a cafeína que completa os tais compostos fenólicos do chá verde. As catequinas são fito-nutrientes da família dos polifenóis, que tem ação antioxidante.

Há um interesse crescente pelo potencial papel do extrato de chá-verde no estresse oxidativo, e no metabolismo da gordura, bem como, sua influência sobre a saúde e o desempenho no exercício.

Vários estudos relatam que o extrato de chá verde aumenta a oxidação de gordura em repouso e durante o exercício, ao mesmo tempo em que atenua os níveis de marcadores de estresse oxidativo após o exercício.

Isso por conta dos mecanismos de ação das catequinas e cafeína, que  sugerem o aumento da oxidação da gordura durante o exercício aeróbico, e com isso, pode ter um efeito poupador de glicogênio e consequentemente resultar em uma melhor capacidade de resistência.

Além disso,  os compostos presentes no chá verde possuem propriedades antioxidantes e podem atenuar o estresse oxidativo, ajudando os atletas a se recuperarem do exercício.

Isso posto, trazemos o resultado de estudos, onde foram testados a suplementação do extrato do chá verde em vários atletas e praticantes de atividades físicas, em diferentes modalidades esportivas, com diferentes composições corporais, bem como, em diferentes doses, e em diferentes períodos de ingestão, ou seja, doses agudas (únicas, mais pontuais), e doses crônicas ( mais prolongadas por até 4 semanas).

Quanto ao desempenho esportivo: Foram analisados ciclistas, atletas amadores, velocistas, praticantes de crossfit, e homens treinados. As doses suplementadas também variaram em quantidades e tempo de ingestão.

Os resultados mostraram que a ingestão aguda do chá verde não foi efetiva para a melhoria do desempenho em atletas e praticantes de atividade física. Entretanto, o consumo do extrato encapsulado com dose específica de catequinas por dia, a partir de 15 dias, apresentou efeitos positivos na função neuromuscular em resposta a uma condição de fadiga cumulativa.

Quanto à composição corporal: o chá verde pode atuar na melhora do desempenho, por meio da adequação do % de gordura? Os estudos mostraram que em indivíduos ativos suplementados com extrato de chá verde descafeinado por 4 semanas, apresentaram redução significativa de gordura corporal. Uma quantidade específica do suplemento associado ao exercício aeróbico como Jump fit, induziu a redução da circunferência abdominal em mulheres. Contudo, vale ressaltar que o extrato de chá verde tem efeito na redução de gordura corporal em praticantes de atividade física, e carece de mais estudos para melhor avaliarem os efeitos em atletas.

Destacamos que a expressão descafeinado, é apenas para isolar o efeito das catequinas sem a interferência da cafeína, haja vista, a dúvida sobre quem seria o responsável pelos benefícios: as catequinas ou a cafeína.

Quanto ao efeito anti-inflamatório/antioxidante: As catequinas presentes no chá verde exibem atividades antioxidantes, e possuem várias propriedades biológicas importantes como antifúngicas e anti-inflamatórias. É possível que o chá verde auxilie na recuperação dos atletas.

Entretanto, os estudos mostraram que a ingestão aguda dos polifenóis do chá verde NÃO atenua o estresse oxidativo induzido pelo exercício e dano muscular, mas a infusão do chá verde pode aumentar significativamente a capacidade anti-bacteriana salivar independente da atividade física.

 Sendo assim, não se pode negar as propriedades benéficas do chá verde ao organismo humano, porém usá-lo objetivando performance esportiva, ainda é muito precoce e pouco conclusiva. Procure sempre um nutricionista ou médico capacitado para a devidas orientações em porque, para quem, quanto e quando consumir o chá verde. Caso contrário, o desperdício de recursos, tempo, bem como, a frustração estará presente em seu processo em busca do seu objetivo.

Estagiária: Christiane Gallucci


Referencias:

Daniel Rojano-Ortega, Regular, but not acute, green tea supplementation increases total antioxidant status and reduces exercise-induced oxidative stress: a systematic review, Nutrition Research, Volume 94, 2021, Pages 34-43, ISSN 0271-5317, https://doi.org/10.1016/j.nutres.2021.08.004. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0271531721000543)

MACÊDO, A. P. A. Efeitos do chá verde no rendimento esportivo. RBNE - Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 15, n. 91, p. 173-180, 17 jul. 2021.

 https://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/1839


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