A Doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente o trato gastrointestinal, causando inflamação que pode levar a complicações graves como estreitamentos, fístulas e sangramentos. Embora a causa exata da doença ainda não seja completamente compreendida, sabe-se que ela é desencadeada por uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Um dos fatores ambientais que pode ter um impacto significativo no controle da doença é a alimentação.
Como a
Alimentação Pode Influenciar a Doença de Crohn
Embora
a alimentação não seja a causa direta da Doença de Crohn, certos alimentos
podem piorar os sintomas durante os surtos ou mesmo contribuir para o
desenvolvimento de complicações. Por outro lado, uma alimentação equilibrada e
adequada pode ajudar a reduzir a inflamação, melhorar a absorção de nutrientes
e manter a função intestinal.
Durante
os surtos agudos da doença, o trato gastrointestinal está mais
inflamado, o que pode tornar o processo digestivo mais difícil e aumentar a
probabilidade de irritação. Por isso, é fundamental adaptar a dieta conforme as
necessidades do paciente, priorizando alimentos de fácil digestão e evitando
aqueles que possam agravar os sintomas.
Na
fase de remissão, a alimentação pode ajudar a manter o
equilíbrio nutricional e prevenir a recaída, fornecendo os nutrientes
necessários para a recuperação do intestino e o fortalecimento do sistema
imunológico.
Alimentos
a Evitar Durante os Surtos da Doença de Crohn
Durante
os surtos agudos, é recomendado evitar certos alimentos que podem irritar o
trato digestivo ou dificultar a digestão. Alguns desses alimentos incluem:
- Alimentos ricos em fibras insolúveis:
Legumes crus, grãos integrais e nozes podem ser difíceis de digerir e
causar desconforto abdominal.
- Laticínios:
Muitas pessoas com Doença de Crohn têm intolerância à lactose, o que pode
piorar sintomas como diarreia e dor abdominal. É aconselhável limitar ou
evitar produtos lácteos, especialmente durante os surtos.
- Alimentos gordurosos e fritos:
Esses alimentos podem aumentar a inflamação e causar diarreia. Eles também
podem ser difíceis de digerir, aumentando a sensação de mal-estar.
- Alimentos condimentados e picantes:
Comidas picantes podem irritar a mucosa intestinal e piorar a dor
abdominal e a diarreia.
- Cafeína e bebidas alcoólicas:
A cafeína pode estimular o intestino, agravando a diarreia, enquanto o
álcool pode aumentar a inflamação intestinal e interferir na absorção de
nutrientes.
Embora
existam alimentos que devem ser evitados, também há aqueles que podem ser
benéficos para o paciente com Doença de Crohn, especialmente durante a fase
aguda. Estes incluem:
- Alimentos de fácil digestão:
Como arroz branco, batatas cozidas sem casca e carnes magras (como frango
ou peixe cozido). Eles são bem tolerados e não irritam tanto o trato
gastrointestinal inflamado.
- Caldos e sopas claras:
São leves e hidratantes, oferecendo nutrientes sem sobrecarregar o sistema
digestivo.
- Vegetais bem cozidos e sem casca:
Como cenoura, abóbora e abobrinha, que são mais fáceis de digerir quando
cozidos. O processo de cozimento reduz a quantidade de fibras e facilita a
digestão.
- Fontes de proteína magra:
Ovos, peito de frango e peixe cozido são boas opções, pois oferecem
nutrientes essenciais sem adicionar muita gordura.
- Suplementos nutricionais:
Durante um surto, o corpo pode ter dificuldade em absorver nutrientes
adequados, especialmente vitaminas e minerais. Suplementos de ferro,
vitamina D, cálcio e vitamina B12 podem ser indicados, dependendo das
necessidades do paciente.
A
Dieta Durante a Remissão
Na
fase de remissão, quando os sintomas estão controlados, a alimentação pode ser
mais variada, mas ainda assim, algumas considerações devem ser feitas para
garantir que o paciente esteja recebendo todos os nutrientes necessários.
- Dieta equilibrada:
Uma dieta rica em vegetais, frutas, grãos integrais, proteínas magras e
gorduras saudáveis, como as presentes no azeite de oliva, abacate e nozes,
pode ajudar a manter a saúde intestinal e reduzir o risco de futuros
surtos.
- Ácidos graxos ômega-3:
Presente em peixes como salmão e sardinha, além de sementes de chia e
linhaça, o ômega-3 tem propriedades anti-inflamatórias que podem ajudar a
manter a inflamação sob controle.
- Probióticos:
Embora o uso de probióticos deva ser discutido com um médico, alguns
estudos sugerem que o consumo de alimentos ricos em probióticos, como
iogurte sem lactose e kefir, pode ser benéfico para equilibrar a flora
intestinal e melhorar a saúde digestiva.
- Hidratação adequada:
Durante a Doença de Crohn, especialmente em casos de diarreia crônica, a
perda de líquidos é comum. Beber bastante água e, em alguns casos,
soluções de reidratação oral, é essencial para evitar a desidratação.
Dieta
Personalizada e Monitoramento Nutricional
É
importante ressaltar que a alimentação para pacientes com Doença de Crohn deve
ser personalizada. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para
outra, e muitos pacientes desenvolvem sensibilidades alimentares específicas
que precisam ser monitoradas de perto.
O acompanhamento de um
nutricionista especializado em doenças inflamatórias intestinais é fundamental
para garantir que o paciente esteja recebendo uma dieta equilibrada, que atenda
às suas necessidades nutricionais enquanto minimiza os riscos de irritação ou
inflamação.
Fonte: Nutritional Treatment in Crohn’s Disease. MDPI https://www.mdpi.com/2072-6643/13/5/1628
Academy of Nutrition and Dietetics: https://www.eatright.org/health/health-conditions/digestive-and-gastrointestinal/crohns-disease-and-diet
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