segunda-feira, 13 de junho de 2011
Efeitos do índice glicêmico no balanço energético
A prevalência da obesidade vem crescendo nas últimas décadas. Associado a este fato, tem-se observado uma mudança no padrão dietético da população em geral, no que diz respeito a um maior consumo de carboidratos. Segundo alguns autores, o índice glicêmico (IG) dos alimentos afeta a composição e o peso corporal. A presente revisão de literatura teve como objetivo avaliar os efeitos do IG sobre apetite, saciedade e composição corporal. A partir das evidências científicas analisadas, foi possível constatar que a maioria dos estudos que atribuem efeitos positivos ao IG é cercada de limitações metodológicas. Estudos bem delineados não observaram benefícios do IG sobre os parâmetros citados acima. Diante disso, conclui-se que o IG apresenta pouca aplicabilidade na prática clínica, como uma ferramenta capaz de controlar a saciedade, reduzir o apetite e, conseqüentemente, a prevalência de obesidade.
Segundo alguns autores, as alterações na prática dietética, associadas à diminuição da atividade física, são os maiores responsáveis ambientais para o atual aumento da prevalência da obesidade. Há alguns anos, acreditava-se que a alta ingestão de gorduras era um dos fatores que mais contribuíam para tal. No entanto, hoje sabe-se que a redução da quantidade de gordura ingerida não resulta necessariamente na diminuição da prevalência da obesidade, já que tal medida está, na maioria das vezes, associada ao aumento do consumo de carboidratos. Segundo alguns autores, o aumento do consumo de carboidratos complexos contribui significativamente para o aumento da obesidade. Já para outros autores, o aumento da obesidade se associa ao aumento concomitante do consumo de alimentos de alto índice glicêmico (IG) na dieta.
O IG é um parâmetro utilizado para classificar os alimentos contendo carboidratos de acordo com a resposta glicêmica que os mesmos promovem, em relação à resposta observada após consumo de um alimento de referência (pão branco ou glicose). É definido como a área formada abaixo da curva de resposta glicêmica após o consumo de 50 g de carboidratos de um alimento-teste, dividida pela área abaixo da curva de resposta glicêmica após o consumo do alimento de referência contendo o mesmo teor de carboidratos. Estudos clínico sugerem que o IG apresenta um papel importante na regulação do peso corporal. Porém, tais estudos em geral apresentam falhas metodológicas, as quais não permitem que se chegue a uma conclusão definitiva a respeito do real papel do IG neste sentido.
Apesar dos resultados promissores desse último estudo, deve-se ter em mente que o IG dos alimentos pode ser influenciado por uma série de fatores. Os fatores que afetam a motilidade intestinal e a secreção de insulina apresentam um efeito direto sobre este parâmetro. A proporção entre os tipos de carboidratos (amilose ou amilopectina) ingeridos, o teor de fibras e de macronutrientes que compõem os alimentos da refeição, o grau de processamento do grânulo de amido, o método e o tempo de cocção são alguns dos fatores passíveis de exercer influências sobre o IG. Assim, a interação entre todos estes fatores pode afetar drasticamente os valores do IG previstos para os alimentos ingeridos em determinadas refeições.
Geralmente, os estudos que revelam menor percepção de fome e menor ingestão voluntária após a ingestão de alimento de baixo IG, em relação aos de alto IG. Alguns estudos têm demonstrado que a obtenção de menor ingestão calórica em uma refeição subseqüente pode resultar em compensação calórica quando a ingestão é avaliada pelo restante do dia. Além disso, nesses estudos outros fatores como a composição de macronutrientes, a quantidade de fibras e/ou a densidade energética dos alimentos testados também diferiu. Para se estudar o efeito do IG por si, todos esses fatores dietéticos devem ser mantidos constantes. Estudos em que tais fatores foram controlados, sendo conduzidos em condições experimentais reproduzindo ao máximo a situação de vida livre, em que os alimentos diferindo em IG foram ingeridos à vontade, não suportam os resultados benéficos da ingestão de alimentos de baixo IG sobre o apetite, a saciedade e a composição corporal.
Postado por: Sueli Merz
Fonte: Efeitos do índice glicêmico no balanço energético. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302007000300005&lang=pt
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