Essa semana os jornais têm noticiado a contaminação de melões nos EUA por uma bactéria chamada Listeria monocytogenes, que já levaram 13 pessoas a morte. A doença não é nova, esta bactéria começou a ser investigada nos anos 80 e os melões não são os únicos alimentos que podem transmití-la.
A doença, conhecida como listeriose, tem os sintomas iniciais semelhantes aos da gripe, porém a febre é persistente, também é comum a ocorrência de náuseas, vômitos e diarreia. As manifestações mais graves evoluem para septicemia, meningite (ou meningoencefalite), encefalite, infecção cervical ou intra-uterina em gestantes, que podem levar ao aborto, também pode ocorrer inflamação da membrana do coração, lesões no fígado e outros órgãos, abscessos internos ou externos, e lesão cutânea papular ou pustular. A gravidade da doença se dá em função do rompimento celular que o micro-organismo causa, levando à septicemia, e infecção do sistema nervosos central, placenta e útero no caso das grávidas.
O micro-organismo pode ser encontrado em diversos habitats: microbiota de animais silvestres, ruminantes e seres humanos, também pode estar presente no solo, esgoto e fertilizantes. Assim, a forma mais comum de transmissão são os alimentos.
Qualquer alimento fresco, seja animal ou vegetal, pode apresentar uma quantidade de Listeria monocytogenes. Os alimentos mais comuns de se encontrar o micro-organismo são o leite cru (aquele que não passou pelo processo de pasteurização), queijos, carnes frescas ou congeladas (bovina, suína, frango e peixes, inclusive os defumados), frutos do mar, frutas e outros vegetais. As listerias são resistentes à temperatura, podendo crescer entre 1 a 45°C, sendo a faixa ótima de 30 a 37°C (a temperatura do organismo humano) e ela não morrem sob repetidos congelamentos e descongelamentos.
Como se prevenir da contaminação?
No Brasil, sabe-se que os investimentos em saneamento básico são precários, o que pode levar à maior contaminação de nosso solo e, consequentemente, dos alimentos. Assim, é importante alguns cuidados antes do consumo dos alimentos, que irão evitar a contaminação pela Listeria e por outros microorganismos presentes nos alimentos:
- Lavar bem as mãos;
- Cozinhar bem os alimentos, evitando ingerir carnes cruas e mal passadas;
- Conhecer a procedência dos alimentos, pois os fornecedores também devem ter cuidados na produção para que se evite a contaminação;
- Não consumir leite e derivados que não tenham passado pela pasteurização;
- Higienizar bem tábuas, facas e utensílios após a utilização no pré-preparo dos alimentos;
- Evitar o contato de alimentos crus ou não higienizados com aqueles que já estão prontos para o consumo.
Como ocorre a contaminação do melão
A variedade do melão que está contaminada nos EUA é conhecido como Cantaloupe, e também é encontrado aqui no Brasil. A superfície da casca desse melão possui um tecido rendilhado, que favorece a adesão dos microorganismos.
A contaminação da área interna do melão ocorre ao fatiar a fruta. Se a higienização com hipoclorito de sódio não foi feita, as bactérias presentes na casca do melão podem migrar para a polpa.
Assim, basta lavar bem a casca do melão antes de cortá-lo para desfrutá-lo sem preocupações.
Postado por: Marcelle Comenale
Fontes consultadas:
SILVA, F. M. Listeria monocytogenes: um perigo invisível nos alimentos. Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina Veterinária. FMU, São Paulo, 2009.
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Manual das doenças transmitidas por alimentos e água: Listeria monocytogenes/Listeriose. São Paulo, março 2003.
MANTILLA, S. P. S. et al. Importância da Listeria monocytogenes em alimentos de origem animal. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.14, n.1, p. 180-192. 2007.
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