segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Nutrição para os praticantes de exercício em grandes altitudes
No caso do atleta, a finalidade do treinamento na altitude é de preparação específica para uma competição, ou para submeter o organismo a um estresse fisiológico adicional em um determinado ponto do macrociclo de treinamento.
A pressão barométrica se modifica em função da altitude, e as características físicas e efeitos fisiológicos que acompanham as mudanças da pressão podem ter grande influência sobre o desempenho físico. Apesar da pressão diminuir com o aumento da altitude, as porcentagens dos gases que compõem o ar permanecem as mesmas. Assim, com uma diminuição da pressão barométrica, a pressão parcial de oxigênio inspirada (PIO2) irá diminuir proporcionalmente.
A exposição à hipóxia traz riscos associados ao organismo. Sonolência, fadiga mental e muscular, prostração, cefaléia e, ocasionalmente, náusea são alguns dos efeitos agudos importantes da hipóxia. Há, também, o risco associado de Doença Aguda das Montanhas (DAM) e, com menor freqüência, de edemas pulmonar e cerebral. Os sintomas da DAM incluem dor de cabeça, náusea, anorexia e fadiga, ocorrendo principalmente em pessoas que ascendem rapidamente a grandes altitudes.
Acredita-se que a hipóxia seja responsável pelo início de uma cascata de eventos sinalizadores que, ao final, levam à adaptação à altitude. A aclimatação ocorre pelos seguintes meios: (I) grande aumento da ventilação pulmonar - 65% acima do normal - pela estimulação hipóxica dos quimioreceptores, (II) aumento do hematócrito, de valores normais de 40 a 45g/dl até 60g/dl e da concentração de hemoglobina, de valores normais de 15g/dl até 20g/dl, (III) vascularização aumentada dos tecidos e (IV) capacidade aumentada das células de utilização de oxigênio.
Efeitos da altitude sobre o organismo e o desempenho físico
O desempenho no exercício, em condições de pressão atmosférica reduzida, é afetado pela influência de três fatores: a resistência do ar, a pressão parcial de oxigênio, e o processo de aclimatação, que afeta o transporte de oxigênio, o metabolismo e o balanço ácido-básico. O impacto sobre o desempenho varia conforme a modalidade do exercício e a distância e duração da prova. Há também uma grande variação individual entre atletas no que diz respeito à forma como são afetados por uma mudança aguda na PIO2 e como se adaptam a uma nova pressão atmosférica com a exposição crônica.
O processo de aclimatação na altitude leva de duas a três semanas, resultando em adaptações sistêmicas que podem ser medidas como respostas fisiológicas. Estas adaptações - como o aumento na ventilação, na concentração de hemoglobina, na densidade capilar, no número de mitocôndrias e na concentração de mioglobina tecidual - melhoram o transporte de oxigênio. Ao final do período de aclimatação, essas adaptações fisiológicas ocorridas estão relacionadas com a melhora do desempenho de resistência aeróbica na altitude.
Alterações na utilização de substrato e na composição corporal
Quando os atletas ascendem a grandes altitudes, pode ocorrer uma perda de peso corporal de até 3% em 8 dias - em uma elevação de 4.300 metros ou de até 15% após um período de 3 meses em uma altitude de 5.300 a 8 mil metros. Uma das causas deste fenômeno é a redução do apetite e consumo alimentar, decorrente dos efeitos da altitude sobre o organismo. Esta combinação pode exercer um efeito negativo sobre o desempenho, mesmo em altitudes moderadas, e trazer conseqüências secundárias, como consumo insuficiente de energia, depleção das reservas de glicogênio muscular, balanço de nitrogênio negativo e perda de massa corporal.
Estudos demonstram o aumento da taxa metabólica basal na altitude e o consumo energético geralmente inferior, não atingindo a necessidade energética do indivíduo, que pode aumentar de 400 a 600kcal/dia. Uma exposição aguda a uma altitude de 4.300 metros, por exemplo, eleva a taxa metabólica basal em torno de 30% e, mesmo após uma aclimatação de três semanas, ela permanece 17% mais alta que a taxa metabólica basal ao nível do mar.
Um aumento do estresse oxidativo também é observado durante o exercício na altitude, mesmo sem um esforço físico máximo. São vários os fatores ambientais, além da hipóxia, que levam a tal condição, como variações da temperatura, intensidade aumentada da radiação ultravioleta e taxa metabólica aumentada.
Energia e macronutrientes
Com a redução do apetite e consumo alimentar, juntamente com o aumento da taxa metabólica basal, torna-se mais difícil atingir a necessidade energética na altitude, que pode variar entre 3.800 e 6.mil kcal/dia, dependendo do tipo de trabalho físico, sexo e idade do atleta
Uma dieta de 200 a 300 gramas de carboidrato por dia, pode ser vantajosa ao atleta, pois o carboidrato é uma fonte de energia mais eficiente (maior produção de energia por litro de captação de oxigênio comparado à gordura: 5,05kcal/l O2 contra 4,69kcal/l O2), independentemente da tensão de oxigênio no ar inspirado. Foi demonstrado, também, que o consumo de carboidratos melhora a oxigenação sangüínea na altitude, através do aumento da tensão de oxigênio e da saturação de oxihemoglobina no sangue arterial.
Um estudo que avaliou o consumo dos diferentes macronutrientes em altitudes crescentes, entretanto, demonstrou uma tendência de aumento no consumo tanto de alimentos ricos em carboidrato como de alimentos ricos em gordura. O mais recomendável, então, seria não excluir alimentos saborosos ricos em gordura, já que são fontes ricas em energia, que podem ajudar no fornecimento da necessidade energética aumentada na altitude. Queijo, peixes enlatados em óleo, chocolate, entre outros, preenchem os critérios de alimentos ricos em gordura, que são facilmente preparados para o consumo.
Outro recurso para atingir a necessidade energética é com a suplementação de carboidratos através dos líquidos da dieta. É fundamental manter o consumo de carboidratos durante o exercício, o que pode ser feito ingerindo uma bebida com 6% a 8% de carboidrato/ml e, na fase de recuperação pós-exercício, por meio do consumo de suplementos como bebidas energéticas (20% de carboidrato/ml), géis de carboidrato e barras energéticas.
Nenhum estudo demonstra que a recomendação de proteína no exercício (1,2 a 1,8g/kg de peso) se altere na altitude. O balanço de nitrogênio negativo na fase aguda de exposição à altitude ocorre se houver um balanço energético negativo, e não devido a algum efeito da hipóxia sobre a digestibilidade e absorção da proteína.
O padrão de alimentação na altitude também é alterado, devido à diminuição do apetite. Em um estudo de Westerterp-Platenga et al. foi demonstrado que o tamanho das refeições é reduzido, devido a um maior aumento na saciedade e diminuição da fome. Há, conseqüentemente, um aumento na freqüência de refeições de 4.±.1 para 7.±.1 vezes ao dia. Torna-se importante, então, a disponibilidade de alimentos fáceis de serem consumidos, ricos em energia e nutrientes.
Com a redução do apetite e consumo alimentar, juntamente com o aumento da taxa metabólica basal, torna-se mais difícil atingir a necessidade energética na altitude, que pode variar entre 3.800 e 6.mil kcal/dia, dependendo do tipo de trabalho físico, sexo e idade do atleta.
Uma dieta de 200 a 300 gramas de carboidrato por dia, pode ser vantajosa ao atleta, pois o carboidrato é uma fonte de energia mais eficiente (maior produção de energia por litro de captação de oxigênio comparado à gordura: 5,05kcal/l O2 contra 4,69kcal/l O2), independentemente da tensão de oxigênio no ar inspirado. Foi demonstrado, também, que o consumo de carboidratos melhora a oxigenação sangüínea na altitude, através do aumento da tensão de oxigênio e da saturação de oxihemoglobina no sangue arterial.
Um estudo que avaliou o consumo dos diferentes macronutrientes em altitudes crescentes, entretanto, demonstrou uma tendência de aumento no consumo tanto de alimentos ricos em carboidrato como de alimentos ricos em gordura. O mais recomendável, então, seria não excluir alimentos saborosos ricos em gordura, já que são fontes ricas em energia, que podem ajudar no fornecimento da necessidade energética aumentada na altitude. Queijo, peixes enlatados em óleo, chocolate, entre outros, preenchem os critérios de alimentos ricos em gordura, que são facilmente preparados para o consumo.
Outro recurso para atingir a necessidade energética é com a suplementação de carboidratos através dos líquidos da dieta. É fundamental manter o consumo de carboidratos durante o exercício, o que pode ser feito ingerindo uma bebida com 6% a 8% de carboidrato/ml e, na fase de recuperação pós-exercício, por meio do consumo de suplementos como bebidas energéticas (20% de carboidrato/ml), géis de carboidrato e barras energéticas.
Nenhum estudo demonstra que a recomendação de proteína no exercício (1,2 a 1,8g/kg de peso) se altere na altitude. O balanço de nitrogênio negativo na fase aguda de exposição à altitude ocorre se houver um balanço energético negativo, e não devido a algum efeito da hipóxia sobre a digestibilidade e absorção da proteína.
O padrão de alimentação na altitude também é alterado, devido à diminuição do apetite. Em um estudo de Westerterp-Platenga et al. foi demonstrado que o tamanho das refeições é reduzido, devido a um maior aumento na saciedade e diminuição da fome. Há, conseqüentemente, um aumento na freqüência de refeições de 4.±.1 para 7.±.1 vezes ao dia. Torna-se importante, então, a disponibilidade de alimentos fáceis de serem consumidos, ricos em energia e nutrientes.
Hidratação
O risco de desidratação pode, teoricamente, ser maior na altitude, devido à baixa umidade do ar, à diurese aumentada nas primeiras horas de exposição e ao aumento da ventilação pulmonar.
Recomenda-se o consumo em torno de 3 a 5 litros por dia, já que a diurese é regulada em função da ingestão hídrica e a retenção de fluidos na altitude é uma das causas da DAM. Uma forma prática de observar a hidratação é monitorar a urina. O organismo deve produzir urina de cor amarelo-pálida; se a urina apresentar-se concentrada e escura, é um indicativo de desidratação.
A adição de carboidratos nos líquidos promove a ingestão, pois aumenta a palatabilidade. Este é um aspecto importante já que a diminuição do apetite também vem acompanhada da diminuição da sensação de sede, e a hipóxia provoca mudanças nas respostas hedônicas, particularmente, um aumento da palatabilidade pelo gosto doce.
Micronutrientes
A suplementação de vitaminas com função antioxidante poderia ser desejável em grandes altitudes devido ao estresse oxidativo aumentado. Durante uma permanência prolongada na altitude, a suplementação de tais vitaminas poderia prevenir uma diminuição do desempenho físico, associada com o dano provocado pelos radicais livres aos sistemas de defesa celular. Apenas um estudo, porém, sugere uma recomendação de suplementação, sendo mais prudente aguardar que outros trabalhos sejam realizados a fim de melhor fundamentar a suplementação destes nutrientes.
Postado por Cláudia e Keite.
REFERÊNCIAS
1. Askew EW. Work at high altitude and oxidative stress: antioxidant nutrients. Toxicology. 2002; 180(2):107-19. [ Links ]
2. AconcaguaExpeditions.com [Internet]. Mount Aconcagua information, services and climbing and trekking expeditions - Mendoza - Argentina; c2004. Estatísticas. Disponível em: http://www.aconcaguaexpeditions.com/ingles/2/estadisticas.htm#a [ Links ]
3. Townsend NE, Gore CJ, Hahn AG, McKenna MJ, Aughey
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