A quitosana é um polímero constituído de
unidades repetidas de Glicosamina, derivados da quitina (CHANDY, T et al.,
1993), que pode ser obtido pela desacetilação desta. Geralmente, é difícil de
se obter quitosana com elevado grau de desacetilação, pois, à medida que este
aumenta, a possibilidade de degradação do polímero também aumenta (LE DUNG et
al., 1994).
A quitina é o segundo polissacarídeo mais abundante na natureza
depois da celulose, sendo o principal componente do exoesqueleto de crustáceos
e insetos. A Figura 1 representa as estruturas químicas parciais da quitina e
quitosana.
Duas das propriedades farmacológicas da
Quitosana que vem sendo bastante explorada tanto pela comunidade científica
mundial é a sua capacidade de auxiliar na redução de peso corporal através da
captura de gordura ingerida e a sua capacidade de redução dos níveis de
colesterol LDL, sem que a mesma afete significamente os teores de colesterol
HDL e outros nutrientes essenciais.
Devido ao fato da quitosana ligar-se a ácidos
graxos, é possível preparar complexos utilizando determinados ácidos, como o
oléico, linoléico ou palmítico. O complexo poderá ligar lipídios adicionais no
intestino, provavelmente devido a sua alta característica hidrofóbica (DAMIAN,
C et al., 2005).
Ao ser ingerida, a quitosana transforma-se em
gel ao entrar em contato com as condições estomacais, antes das refeições.
Nesse gel formado, a Quitosana apresenta uma carga global positiva distribuída
por todo o polímero, em solução, tornando-a apta a atrair e ligar-se a
moléculas carregadas negativamente, como os ácidos graxos e sais biliares. Quando
as gorduras ingeridas na alimentação entram em contato com o gel, são logo
capturadas pelas moléculas do polímero e levadas para o intestino, onde, em
contato com um pH básico, a Quitosana é solidificada permanecendo como um
envoltório sobre a gordura, que evita a ação das lipases impedindo desse modo a
sua consequente absorção pelo organismo, sendo excretada juntamente com as
fezes. Cada grama de quitosana ingerida tem capacidade de capturar e eliminar
até 8 gramas de gordura ingerida (aproximadamente 80 calorias).
O uso de quitosana como hipocolesterolêmico
em humanos foi primeiramente documentado por Maezaki e colaboradores (1993),
onde adultos do sexo masculino foram alimentados com biscoitos à base de
quitosana durante 2 semanas. Aqueles que utilizaram a dose de 3 g/dia durante 1
semana e 1,6 g/dia durante 2 apresentaram redução de 6% do colesterol total.
Em outro estudo, realizado em 28 dias de
duração, com dose diária de quitosana em torno de 0,6 g/dia não houve nenhuma
redução significativa do nível do colesterol. Portanto, acredita-se que o
efeito da quitosana seja dose dependente (Pittler et al., 1999).
A quitosana reduziu de forma significativa o
colesterol total e no subgrupo de participantes com idade superior a 60 anos, a
quitosana reduziu o colesterol total e o LDL. Os autores notaram, entretanto
que embora a quitosana seja segura, com poucos efeitos adversos e sem efeitos
colaterais graves reportados – a
quitosana possui efeitos moderados na redução do colesterol (European Journal
of Clinical Nutrition,2003. Nº57, p. 721-725). Na tabela 2 segue um
resumo com os estudos em humanos.
REFERÊNCIAS
BOKURA, H.; KOBAYASHI,S. Chitosan decreases total cholesterol in women:
a randomized, doubleblind, placebo-controlled trial. European Journal of
Clinical Nutrition. N. 57, p. 721-725, 2003.
CHANDY, T.; SHARMA, C. P. Chitosan matrix for oral sustained delivery of
ampicilin. Biomaterial,
v.
12, n. 12, p. 65-70, 1993.
CHEREM, A., BRAMOSRKI, A. Excreção de gordura fecal de ratos (Rattus
norvegicus, Wistar),
submetidos a dietas hiperlipídicas e
hipercolesterolêmicas suplementadas com quitosana. Brazilian
Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 44, n. 4, out./dez., 2008.
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