sábado, 26 de maio de 2012

Condromalácia patelar ou síndrome patelo-femoral




 A condromalácia patelar ou síndrome patelo-femural é uma lesão degenerativa da cartilagem articular da patela , é uma deficiência comum que afeta um em cada quatro indivíduos da população em geral.

As causas da condromalácia envolvem alterações de alinhamento da patela, que excursiona fora do local adequado, ocasionando atrito entre sua superfície articular e a superfície articular do fêmur, desse modo provocando “desgaste”. Tais alterações de alinhamento muitas vezes estão relacionadas à desequilíbrios da musculatura do quadríceps como atrofias, hipotrofias e encurtamentos musculares; variações anatômicas tanto do fêmur como da patela (rotação interna femural, tróclea rasa, patela alta,...). Também estão correlacionados microtraumatismos de repetição, bastante comuns em esportes de impacto (futebol, vôlei, basquete, ...). Deve ainda ser citada a chamada causa idiopática, quando não são identificadas alterações anatômicas que justifiquem o desenvolvimento da doença.

A dor é um fator significante desde que ela ira alterar as funções e inibir as atividades musculares.

Os principais sintomas podem são :

·       DOR na região anterior do joelho (atrás da patela) ao subir e descer escadas ou mesmo ladeiras, aos exercícios físicos, ao levantar de uma cadeira, ao agachar-se e até mesmo ao manter o joelho flexionado por períodos prolongados;
·       CREPITAÇÃO E ESTALIDOS atrás da patela ao flexionar e extender o joelho, por vezes audíveis;
·       EDEMA E DERRAME ARTICULAR que são ocasionados pelo acúmulo excessivo de líquido sinovial formado no processo inflamatório.


É utilizada uma classificação que divide em 4 (quatro) diferentes graus (Outerbridge):

Ø  GRAU I : amolecimento da cartilagem
Ø  GRAU II : fragmentação e/ou fissura da cartilagem em uma área menor ou igual à aproximadamente 1,5 cm (1/2 inch)
Ø  GRAU III: fragmentação e fissura da cartilagem em uma área maior ou igual à aproximadamente 1,5 cm (1/2 inch)
Ø  GRAU IV: erosão ou perda da cartilagem com exposição do osso subcondral


Anatomia e Biomecânica:


A articulação do joelho é a maior articulação do corpo e é classificada como uma articulação sinovial em dobradiça, gínglimo. Os movimentos possíveis do joelho são flexão e extensão. A Parti de 0˙̊ de extensão existe aproximadamente 120˙̊ a 135̊ de flexão.

A articulação entre o fêmur e a patela é chamada “femoro-patelar”. A face posterior da patela é lisa e desliza sobre face patelar do fêmur. As principais funções da patela são aumentar a vantagem mecânica do músculo quadríceps e proteger a articulação do joelho. O aumento da vantagem mecânica é conseguir o aumento do braço de alavanca, que é a distancia perpendicular entre a linha de ação do músculo e o centro da articulação. Colocando a patela entre o tendão do músculo quadríceps. Por esta razão o braço do momento é aumentado, o que permite ao músculo ter maior força angular. Sem a patela, o braço de movimento seria menor e muito da força do músculo seria direcionada para trás, para a articulação “força de estabilização”.

A função do mecanismo da articulação patelo femoral é influenciada vigorosamente por estabilizadores tanto dinâmicos quanto estáticos. A estabilidade baseia-se nas contenções ligamentares, retinaculares e musculares.

Um estabilizador dinâmico, o quadríceps, é constituído por quatro músculos são: vasto lateral, vasto intermédio, vasto medial e reto femoral. O alinhamento dos músculos determina sua função na articulação do joelho. O vasto lateral, vasto intermédio, vasto medial lateral e o reto femoral, produzem um torque em extensão de joelho. O vasto medial oblíquo é incapaz de produzir qualquer extensão de joelho, mas exerce função extrema, importante no sentido de conferir a esta articulação uma contenção dinâmica contra as orças que poderiam deslocar a patela lateralmente. O grupo muscular da pata de ganso e o bíceps femoral também afetam dinamicamente a estabilidade patelar, pois controlam a R.I e R.E da tíbia, que pode influenciar de maneira significativa o deslocamento patelar.

Os estabilizadores estáticos da articulação patelo femoral incluem a parte lateral projetada mais anteriormente do sulco femoral; o retináculo extensor (com os ligamentos patelo-femoral e patelo tibial associados), o trato ílio tibial, o tendão quadríceps e patelar. O retináculo lateral e os tratos ílio tibiais proporcionam estabilidade contra as forças responsáveis pelo deslocamento medial, ao passo que o retináculo medial e parte lateral do sulco femoral proporcionam estabilidade contra as forças responsáveis pelo deslocamento lateral.


Tratamento:


O tratamento se dá com medicamentos anti-inflamatórios, atualmente é comum a utlização de medicamentos denominados condroprotetores, além da viscossuplementação intra-articular (que atuam na cartilagem articular), meios físicos e cinesioterapia e a evolução costuma ser favorável. 

Inicialmente, o tratamento é conservador, utilização da eletroterapia para analgesia e diminuição do processo inflamatório e com fortalecimento do músculo quadríceps, principalmente do vasto medial oblíquo e alongamento dos isquiotibiais. Perda de peso é recomendada para diminuir o estresse sobre a articulação patelo femural. Órteses podem ser benéficas, bem como o uso de medicações antiinflamatórias.

Em seguida iniciam-se exercícios de hipertrofia do quadríceps através de exercícios isotônicos assistidos

A reabilitação da disfunção patelo femoral, deverá concentrar-se no recrutamento do vasto medial oblíquo, na normalização da mobilidade patelar e no aumento da flexibilidade geral e do controle muscular de toda extremidade inferior. Mas não existem exercícios específicos que se tenha revelado capazes de isolar o vasto medial oblíquo a extensão do joelho com rotação tibial interna, a adução do quadril com contração de quadríceps e a rotação externa do quadril com contração do quadríceps foram propostas com a intenção de isolar o vasto medial obliquo, porém não existe nenhuma prova de sua eficácia.

Considerando que a dor patelo femoral é produzida tipicamente com atividades que são associadas com maior força de contato patelo femoral, parece que um programa de exercícios deveria ser projetado para aumentar o fortalecimento do quadríceps, isto é particularmente importante durante a fase aguda da dor quando os seus sintomas são exacerbados.

Durante exercícios de cadeia cinética aberta a quantidade da força exigida do quadríceps para estender o joelho aumenta com o movimento de extensão do joelho. Estudos feitos por Lieb e Perry demonstram que a força do quadríceps aumenta em 60% nos últimos 15º de extensão do joelho, além deste aumento de força também foi constatada que a área de contato patelo femoral era diminuída. Esta combinação do quadríceps aumentando a força e diminuindo a área de contato durante a extensão do joelho resulta em um maior estresse de contato patelo femoral comparados com maiores ângulos de flexão do joelho onde a força do quadríceps não é grande, mas a área de contato é maior. Já durante exercícios de cadeia cinética fechada a força do quadríceps é relativamente mínima quando o joelho esta estendido.

As atividades de fortalecimento em cadeia aberta para o quadríceps são mais seguras de 50° a 90° e de O a 10° ao passo que atividades em cadeia cinética fechada são mais seguras se forem feitas de 0° a 50° porque acima desse valor o contato fêmuro-patelar é muito excessivo.

Exercícios com resistência mecânica são usados para aumentar a força muscular, potência ou resistência física na reabilitação ou programa de condicionamento, para melhorar a função muscular, o músculo precisa ser progressivamente carregado aumentando a resistência ou o número de repetições que o exercício é realizado. 

Postado por Dr. Rogerio Nascimento.

2 comentários:

  1. Excelente matéria! Muito esclarecedora. Me ajudou bastante a esclarecer algumas dúvidas sobre esse problema pois tmb sofro com ele.

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  2. Oi! Boa pesquisa sobre o assunto. Eu também tenho problemas nos dois joelhos. Você já pesquisou a respeito da órtese articulada? Seria uma boa opção para não deixar aumentar a perda da cartilagem?

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