quarta-feira, 1 de agosto de 2012

HIDRATAÇÃO NA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS





A água é o principal elemento de constituição do corpo humano em peso e volume. O volume hídrico corporal é dependente da composição corporal do individuo, do sexo, da idade, do estado de treinamento, do conteúdo muscular de glicogênio (principal reserva energética) ente outros fatores.

    Apesar de as pequenas alterações no equilíbrio hídrico corporal diário serem facilmente corrigidas para níveis normais, a imposição de exercícios e o estresse ambiental nas atividades diárias pode gravemente ameaçar a homeostase (processo responsável por manter estável o ambiente interno), o desempenho e a saúde.

    O calor produzido nas atividades esportivas eleva a temperatura corporal, o que aumenta a demanda dos mecanismos termorregulatórios para a transferência de calor do organismo para o ambiente, especialmente quando realizadas em ambientes quentes e úmidos.

    A perda hídrica pela sudorese durante o exercício pode levar o organismo à desidratação, com aumento da osmolaridade, da concentração de sódio no plasma e diminuição do volume plasmático. Quanto maior a desidratação, menor a capacidade de redistribuição do fluxo sanguíneo para a periferia, menor a sensibilidade hipotalâmica para a sudorese e menor a capacidade aeróbica para um dado débito cardíaco.

    A percepção subjetiva do esforço é aumentada em proporção ao déficit de líquidos. Mesmo uma reposição parcial de fluidos tem um efeito significativo na percepção subjetiva do esforço durante um exercício de alta intensidade.

    O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal, prejudica as respostas fisiológicas e o desempenho físico e produz riscos para a saúde. Estes efeitos podem ocorrer mesmo que a desidratação seja leve ou moderada, com até 2% de perda, agravando-se à medida que ela se acentua. Com 1 a 2% de desidratação inicia-se o aumento da temperatura corporal em até 0,4ºC para cada percentual subsequente de desidratação. Em torno de 3%, há uma redução importante do desempenho; com 4 a 6% pode ocorrer fadiga térmica; a partir de 6% existe risco de choque térmico, coma e morte. Assim, a desidratação afeta o desempenho aeróbio, diminui o volume de ejeção ventricular pela redução no volume sanguíneo e aumenta a frequência cardíaca.

    É importante que sejam reconhecidos os sinais e sintomas da desidratação. Quando leve a moderada, ela se manifesta com:
Ø     Fadiga
Ø     Perda de apetite
Ø     Sede
Ø     Pele vermelha
Ø     Intolerância ao calor
Ø     Tontura
Ø     Oligúria (redução do volume urinário)
Ø     Aumento da concentração urinária

Quando grave, ocorre:
Ø  dificuldade para engolir
Ø  Perda de equilíbrio
Ø  Pele se apresenta seca e murcha
Ø  Olhos afundados
Ø  Visão fosca,
Ø  Disúria (dificuldade para urinar)
Ø  Pele dormente
Ø  Delírio
Ø  Espasmos musculares
    A reposição apropriada de líquidos antes, durante e depois de exercícios intensos, especialmente em ambientes quentes, é amplamente aconselhada como o primeiro passo preventivo na redução do risco de danos ao organismo durante treinamentos e competições.

   Para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem hidratado, a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) recomenda que o indivíduo beba cerca de 250 a 500 ml de água duas horas antes do exercício. Durante o exercício recomenda-se iniciar a ingestão já nos primeiros 15 minutos e continuar bebendo a cada 15 a 20 minutos. Após o exercício, deve-se continuar ingerindo líquidos para compensar as perdas adicionais de água pela urina e sudorese. Ainda segundo a SBME é recomendada a ingestão de bebidas a uma temperatura em torno de 15 a 22 ºC.

Estudos mostram que a maioria dos praticantes relatam que faziam o consumo de algum líquido somente quando ocorria a sensação de sede. De acordo com Wilmore et al. (2001), o mecanismo de sede do organismo não mensura precisamente o seu estado de desidratação. Somente se sente sede bem após a desidratação haver começado.

O atleta não pode depender da sede para iniciar a reposição hídrica durante o exercício vigoroso e prolongado. A ingestão abundante antes do exercício pode levar a um estado de hiperidratação, protegendo contra o estresse térmico, por retardar a desidratação, aumentar a transpiração durante o exercício e minimizar a elevação da temperatura central, contribuindo para um melhor desempenho.

Postado por: Christiana Nastari

Referência:
FURTADO, C.M.; GARCIA, J.M.; GONÇALVES, J. P.; VIEBIG, R. F. Avaliação de hábitos e conhecimentos sobre hidratação de praticantes de musculação de uma academia na cidade de São Paulo. Rev. Digital, n.133, jun. 2009.

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