A busca pela melhora do
desempenho atlético tem sido um desafio para os pesquisadores, pois o uso de
substancias e estratégias que possam postergar a fadiga e melhorar o desempenho
físico. Entre os ergogênicos, os mais pesquisados são os carboidratos, pois o
existem evidências científicas que o seu uso em exercícios físicos prolongados
com duração de duas horas ou mais favorece a melhoria do desempenho físico. Os principais mecanismos que têm sido advogados
para este fenômeno são a manutenção da homeostase glicêmica e a redução da
depleção das reservas de glicogênio muscular, principalmente, nas fibras do
tipo I.
Recentemente estudos apontaram através de ressonância magnética
funcional que a simples presença de líquidos com carboidrato na boca humana,
ativa regiões cerebrais relacionadas a sensações de motivação e controle motor.
O possível mecanismo de ação poderia ser descrito da seguinte forma: (1)
A simples presença de um alimento na boca gera informação sensorial gustatória
para o sistema nervoso central8; (2) A informação sensorial gerada nos
quimiorreceptores da cavidade oral, por sua vez, estimula neurônios gustatórios
de primeira ordem que se projetam para a região rostral do núcleo do trato
solitário (rNTS); (3) Neurônios de segunda ordem no rNTS projetam-se para o
núcleo ventral posterior medial do tálamo; (4) A partir daí, a informação é
transmitida para o córtex insular.
Considerando que o córtex insular projeta neurônios para diversas
regiões corticais, dentre as quais o córtex motor, acredita-se que o córtex
insular pode ser uma possível rota de ativação para o córtex motor ipsilateral.
Esta hipótese se baseia em achados de estudos com pacientes em recuperação de
acidente vascular encefálico, nos quais o córtex insular está mais ativado do
que em situações normais.
Com base nessas informações, acreditamos que um
dos mecanismos pelo qual o enxágue bucal com CHO possa melhorar o desempenho
físico seja o seguinte: ao enxaguar a boca com uma solução carboidratada, os
quimiorreceptores presentes na língua e cavidade oral excitam neurônios de
primeira ordem que levam a informação ao rNTS. Este, por sua vez, irá atuar
sobre o núcleo ventral posterior medial do tálamo que projeta neurônios para o
córtex insular aumentando a sua atividade. Uma vez ativado, o córtex insular
pode estimular a excitabilidade do córtex motor, tornando-o mais eficiente para
gerar estímulos motores o que faz com que a produção de potência seja aumentada
durante o exercício físico, para uma mesma percepção subjetiva de esforço.
Por fim, acredita-se que o enxágue bucal com CHO
possa ser uma estratégia bastante interessante para a melhoria do desempenho
físico de atletas de diferentes modalidades e para estudos que envolvam
esforços exaustivos e mecanismos de fadiga. Os resultados produzidos, embora
ainda preliminares, são bastante promissores, o que leva a acreditar que essa
possa ser uma estratégia bastante interessante, sobretudo, pela fácil
aplicabilidade, baixo custo e boa eficácia para a melhoria do desempenho físico
em esforços físicos intensos e prolongados.
Postado por: Jéssica C. Bueno de Moraes e Karina S. Souza
Referências: ABNE - Associação Brasileira de Nutrição Esportiva. Disponível em:http://www.abne.org.br/profissionais/ebc.php
Nenhum comentário:
Postar um comentário